A perda que mastiga o coração
Tenho por mim que na Suécia deve haver inúmeros escritores excelentes. Mas confesso que eles só começaram a aparecer em meu radar após dois sucessos: a série "Millennium" de Stieg Larsson; o outro é o filme “Deixa ela entrar”, que assisti no original e também a refilmagem idêntica feita pelos americanos, sem tanto brilho. E é nesse ponto que queria chegar. Este filme é baseado em um romance de John Ajvide Lindqvist. Como gostei do filme, a necessidade de ler o romance pintou em doses cavalares logo a seguir.
Por uma concessão do querido amigo Danilo Babosa, que cedeu este livro de sua coleção, deixei de ler “Deixa ela entrar” e encarei A maldição de Domarö (Tordesilhas, 493 páginas), do mesmo Lindqvist. E que pancada levei. A escrita é poética, cheia de sentimentos, trabalhando os meandros, as entrelinhas das personagens e se imiscuindo cuidadosamente no fantástico, como se ele existisse de fato e de direito. Foi comparado a Stephen King pelo Washington Post, mas sua criatividade é puro Clive Barker.