acompanhe o blog
nas redes sociais

Mostrando postagens com marcador Biografia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Biografia. Mostrar todas as postagens
20.10.22

O Exercício da Incerteza: Memórias [Drauzio Varella]

Drauzio Varella

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Que Drauzio Varella é um dos médicos mais conhecidos do país isso todo mundo sabe. Principalmente por sempre estar na mídia, falando há anos sobre doenças e tratamentos, enfim, aqui e ali Dráuzio Varella, esse médico carismático e de voz acolhedora, sempre está a mercê do país com intuito de fazer a população se informar, se questionar e tomar iniciativas seja qual for a campanha ao qual esteja fazendo.
14.7.22

Escalada de um Campeão - Bobby Fischer 1970 - 1972 [MF José Costa Fernandes Jr., Antonio Claudio Marcolino, Antônio Sylvio F. da Costa]


Cortesia do Autor

Este é um livro muito especial para mim pois um dos autores é um grande amigo, mais que isso, um irmão por escolha, padrinho de casamento, além é obvio da honra pela citação na dedicatória. Além disso passamos vários momentos nos divertindo, seja com partidas de treino ou em nossos enfrentamentos pelo campeonato petropolitano de xadrez. Em cada página virada, senti muito prazer pela forma inteligente que os autores descreveram uma parte marcante da trajetória de Bobby Fischer.
23.6.22

Doze Anos de Escravidão [Solomon Northup]

Solomon Northup

O chibata da ignorância rasgando as costas da alma

O que dizer de um livro que trata da crueldade a que o ser humano pode alcançar? Ainda me encontro estupidamente revoltado, tentando me concentrar nas palavras corretas para não fugir do que tenho que falar. Quero me expressar sem rancores.

Doze anos de escravidão (Penguin-Companhia, 280 páginas) é um daqueles livros que nos achata, nos apequena, nos envergonha, só por fazermos parte da raça humana, homo sapiens.
10.2.22

Stephen King - A Biografia: Coração Assombrado [Lisa Rogak]

Lisa Rogak

Escritor de mágoas?

Não gosto muito de biografia de pessoas vivas, me parecem sempre “chapa branca” (um cara que foi viciado em álcool e drogas deve ter cometido alguns desatinos e não os encontrei no livro), mas e daí? É um livro falando sobre King e todo fã quer saber um pouco mais sobre seu ídolo, se possível o que toma no café da manhã ou qual enxaguante bucal utiliza (que sei, é Listerine, rs).

No livro Stephen King: A biografia – Coração assombrado (Darkside, 320 páginas), Lisa Rogak procura explicar como o mestre se tornou reverenciado por fãs e críticos. Seus medos, seus desafios, seu sucesso. Em minha modesta opinião não foi merecedor do “Prêmio Edgard Allan Poe” de melhor biografia.
5.4.21

Amores Proibidos Na História do Brasil [Mauricio Oliveira]

Mauricio Oliveira

Quando o site mybest Brasil (@mybest_brasil) me convidou para uma parceria, na qual eu faria a indicação do meu Livro de Não-Ficção favorito, aquele livro que me impactou positivamente e por isso eu recomendaria, na mesma hora lembrei de Amores Proibidos Na História do Brasil de Mauricio Oliveira, uma leitura que fiz em 2015, mas que guardo na lembrança até hoje.

Convido a todos para visitarem a mybest Brasil para conhecer minha opinião deste grande livro e também as dos outros produtores de conteúdo que participaram junto comigo desta publicação.
Link: https://mybest-brazil.com.br/19472

Sobre a mybest Brasil: é um site de recomendações de produtos de diferentes categorias. Além de detalhados guias de compra, o site publica rankings dos melhores produtos para comprar online e resenhas de especialistas e influenciadores.
9.12.20

Um Apartamento em Urano [Paul B. Preciado]

Paul B. Preciado

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Logo de cara já tenho que informar ao nosso público, que esse livro não é para qualquer um, primeiro pela faixa etária e segundo para quem se sente incomodado ao falar de sexo ou falar de gênero. Para algumas pessoas pode gerar um certo desconforto. Mas recomendo a quem já tem uma afinidade com o assunto, pois o trabalho de Paul é simplesmente inovador e com uma escrita maravilhosa.
3.11.20

Nosso Lugar [Tabata Amaral]

Tabata Amaral

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Ter a oportunidade de ler esse livro, foi simplesmente uma realização. Acompanho a Tabata há alguns anos e sempre achei a história de vida dela libertadora. Independente de opiniões politicas, ter alguém que luta por uma educação de qualidade, é, e sempre será de extrema importância na sociedade.
18.9.20

Sobre a escrita: A arte em memórias [Stephen King]

Sobre a escrita: A arte em memórias

No rastro do mestre

Mais uma vez mergulho com vontade numa leitura do mestre Stephen King. Não tenho pudores em chamá-lo assim. Este não é seu primeiro livro não ficcional, já li também “Dança macabra”, um calhamaço que gostei mais, mas isto não me impediu de saborear este.

Sobre a escrita (Suma, 255 páginas) é um livro sobre “dicas” a escritores iniciantes ou não, a leitores curiosos, mas também é sobre memórias, que nos dá pista sobre como King chegou à “sua” escrita ou o porquê ele “precisa” escrever. Há referências próprias do inglês americano, mas em sua grande maioria o livro pode ser lido e aproveitado em sua totalidade.
4.5.20

Enquanto Eu Respirar [Ana Michelle Soares]

Ana Michelle Soares
Dica Presente Dia das Mães

Olá pessoal, até hoje eu não entendo o que me levou a escolher este livro para ler, confesso que o título e a sinopse me chamaram muito a atenção, mas ao começar a lê-lo e desde o início começar a chorar, me questionei, o que deu em mim querer ler um livro tão fora da minha zona de conforto literária?? Respondo que ainda não sei, mas foi a melhor escolha que fiz.

“Esta história não é sobre câncer, nem sobre um lista de desejos, muito menos sobre um perfil do Instagram. É sobre viver, sobre sobrevivência, sobre dançar com o tempo. É sobre amizade, sobre não ter medo de sentir, sobre querer o milagre da boa morte e sobre querer chegar ao final com a certeza de que foi uma experiência extraordinária.”

13.4.20

É Isto um Homem? [Primo Levi]

Cortesia da Editora Rocco
A desumanização

Todas as vezes em que me deparo com algo escrito, falado, filmado sobre o Holocausto minha reação é a mesma: indignação. É um sentimento que sufoca, misto de raiva e frustração, que mostra o quão impotentes ficamos diante da violência e da injustiça de natureza bélica. A ideologia nazista com seus campos de concentração é o que mais próximo podemos chegar da barbárie, é a ignorância em estado bruto e letal. É preciso lembrar e relembrar tudo o que ocorreu para não deixarmos cair no esquecimento, para não repetirmos o mesmo erro. O grande filósofo George Santayana já dizia: "Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo".

“A história dos campos de extermínio deveria ser compreendida por todos como sinistro sinal de perigo.”

Primo Levi foi um dos poucos sobreviventes de Auschwitz. Químico de formação acadêmica, para purgar seus fantasmas, escreveu É isto um homem? (Rocco, 256 páginas), clássico testemunho das atrocidades cometidas contra um povo. Durante a leitura me questionava: O que faz do homem um homem? E fui em busca de uma explicação lógica para tal questionamento. Doutrinas científicas, filosóficas, políticas, religiosas me trouxeram mais dúvidas que respostas. Não seria incorreto afirmar que o homem o é por ser racional, dominar a linguagem e ter consciência sobre si, além de seguir um código moral.
12.2.20

Minha História [Michelle Obama]

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Essa é uma biografia que despertou o interesse e curiosidade em muita gente, por diversos motivos, e comigo não foi diferente. Depois de ler e assistir inúmeras reportagens sobre a primeira dama Michelle Obama, quis descobrir a mulher por detrás do título, agora esposa do ex-presidente dos Estados Unidos. Além de ser esposa de um homem que por 8 anos foi presidente, ele também foi o primeiro presidente negro a frente daquele pais. Essa é um marco que aumentou minha curiosidade não sobre a primeira dama, mas sobre o caminho que a levou até lá.
25.11.19

Mãe, Me Ensina a Conversar [Dalva Tabachi]

Dalva Tabachi
Cortesia da Editora Rocco

Escrito em primeira pessoa, a Dalva Tabachi mãe de Ricardo e outros 3 meninos, descreve como lidou com o diagnóstico de seu primeiro filho e como foi para ela enfrentar as dificuldades geradas pelo Transtorno do Espectro Autista que seu filho está inserido. Ela começa com um “mea culpa” sua ausência nos primeiros anos da vida de seu filho por estar dividindo o seu tempo de maternidade com a vida profissional;

E assim, entendemos que o livro não é sobre o filho e sim sobre a luta de uma mãe, uma família para que seu filho conseguisse superar desafios e adversidades causados por sua condição de autista. A atitude dela de “se errei foi procurando fazer o melhor”, até entender que não era o melhor para ele e sim para mim o que ao invés de uma frustração gerava uma mudança de atitude, foi extremamente reconfortante. Afinal toda boa mãe que erra certamente é tentando acertar.
5.8.19

Longe De Casa [Malala Yousafzai]

Longe De Casa
Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Você se lembra daquela menina que ficou mundialmente famosa depois de escrever um livro sobre o horror da guerra? Aquela menina de quinze anos que, através de seu relato, inspirou milhares de pessoas no mundo inteiro a lutar contra a repressão e a ignorância?

Eu tenho certeza de que você pensou em Annelies Marie Frank, ou simplesmente Anne Frank, uma adolescente alemã de origem judaica que se tornou uma das figuras mais discutidas do século XX após a publicação de seu diário, escrito durante um período de perseguições e horrores conhecido como Holocausto.

Infelizmente, Anne Frank não é a única adolescente vítima da intolerância e da violência. Uma outra jovem, de origem paquistanesa, também se tornou mundialmente conhecida (e celebrada) por seu relato de resistência, e por sua luta incansável em favor do acesso igualitário à educação.

Seu nome é Malala Yousafzai. E nessa resenha, você vai conhecer um pouquinho sobre a incrível história dessa menina que vem inspirando o mundo.
5.11.18

Maria Bonita - Sexo, Violência e Mulheres No Cangaço [Adriana Negreiros]

Adriana Negreiros
Ed. Objetiva, 2018 - 296 páginas
- "Desde os anos 1990, a data de nascimento de Maria Bonita passou a ser celebrada no Dia Internacional da Mulher. Com o tempo, ela transformou-se em uma marca poderosa, emprestando seu nome a centenas de pousadas e restaurantes espalhados pelo Nordeste, salões de beleza, academias de ginástica, cerveja, pizza, assentamento rural, música, bandas de forró e coletivos feministas.Enquanto a companheira de Lampião viveu, no entanto, essa personagem nunca existiu. A cangaceira que teve a cabeça decepada em 28 de julho de 1938 era simplesmente Maria de Déa: uma jovem de 28 anos que morreu sem jamais saber que, um dia, seria conhecida como Maria Bonita.Nos anos em que viveu com Lampião e nos subsequentes à sua morte, despertou pouco interesse em pesquisadores ou jornalistas. E foi essa lacuna de informações sobre sua vida e a das outras jovens que viviam com o bando que contribuiu para que se criasse a fantasia de uma impetuosa guerreira, hábil amazona do sertão, uma Joana D’Arc da caatinga."
16.10.18

Querido Mundo: A História De Guerra De Uma Menina Síria E Sua Busca Pela Paz [Bana Alabed]

Querido Mundo
Ed. Best Seller, 2018 - 160 páginas
- "O relato surpreendente de uma menina síria em meio aos horrores da guerra.
Aos 3 anos de idade, Bana Alabed tinha uma infância feliz que foi interrompida abruptamente por uma guerra civil. Durante os quatro anos seguintes, Bana viveu em meio a bombardeios, destruição e medo. Sua provação angustiante culminou em um cerco brutal em que ela, seus pais e os dois irmãos mais novos ficaram presos em Aleppo, com pouco acesso a comida, água, medicamentos e outras necessidades básicas. Com o potencial revolucionário da Internet, Bana, em um gesto simples, mas inédito, usou o Twitter para pedir paz e mobilizar pessoas ao redor do mundo pelo mesmo intuito. Contendo palavras da própria Bana e cartas comoventes de sua mãe, Fatemah, Querido Mundo não é apenas um relato envolvente de uma família ameaçada pela guerra ― o livro oferece, também, uma perspectiva única sobre uma das maiores crises humanitárias da história, vista pelos olhos de uma criança."
19.12.17

O Homem Que Não Conseguia Parar [David Adam]

O Homem Que Não Conseguia Parar
Ed. Objetiva, 2015 - 252 páginas
- "David Adam foi vítima do transtorno obsessivo-compulsivo durante vinte anos e, como a maioria das pessoas que sofrem desse mal, levou muito tempo para assumir que precisava de tratamento. Com base em pesquisas e relatos surpreendentes, o autor questiona ideias preconcebidas sobre normalidade e doença mental para tentar compreender o TOC e suas manifestações. O que leva uma jovem etíope a comer a parede da própria casa? Ou dois irmãos a morrerem soterrados por objetos e lixo acumulados por anos? Em que momento uma ideia inofensiva se transforma numa torrente de pensamentos indesejados? Escrito com clareza, humor e lirismo, este livro é a história de um pesadelo pessoal e uma incursão pelos recantos mais obscuros da mente. O que leva uma jovem etíope a comer a parede da própria casa? Ou dois irmãos a morrerem soterrados por objetos e lixo acumulados por anos? Em que momento uma ideia inofensiva se transforma numa torrente de pensamentos indesejados? Escrito com clareza, humor e lirismo, este livro é a história de um pesadelo pessoal e uma incursão pelos recantos mais obscuros da mente."
18.10.17

Na Minha Pele [Lázaro Ramos]

Na Minha Pele
Ed. Objetiva, 2017 - 152 páginas
- "Movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação. Ainda que não seja uma biografia, em Na minha pele Lázaro compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas. Ao rejeitar qualquer tipo de segregação ou radicalismos, Lázaro nos fala da importância do diálogo. Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro."
26.4.17

Uma Longa Jornada Para Casa [Saroo Brierley]

Saroo Brierley
Ed. Record, 2017 - 229 páginas:
      Aos 5 anos, Saroo pede ao irmão mais velho que o deixe acompanhá-lo à cidade. Durante a viagem, o menino adormece. Ao despertar, confuso, se vê sozinho na estação de trem. Ele não sabe onde está o irmão, mas vê um trem parado. Imaginando que Guddu poderia estar lá dentro, Saroo embarca no vagão, e isso o faz atravessar a Índia. Sem saber ler nem escrever, e sem ideia do nome de sua cidade natal ou do próprio sobrenome, ele é obrigado a sobreviver sozinho nas ruas de Calcutá até ser levado para uma agência de adoção e ser escolhido por um casal australiano. Os anos se passam e Saroo não esquece suas origens. Até que, com o advento do Google Earth, ele tem a oportunidade de procurar pela agulha no palheiro que costumava chamar de casa. Um dia, depois de muito tempo de procura, Saroo encontra o que buscava, mas o que acreditava ser o fim da jornada é apenas um novo começo.

Onde comprar:

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que Saroo Brierley não é um escritor e se você encará-lo como tal é possível que você não goste desse livro. Saroo é uma pessoa que passou por coisas incríveis (quase inacreditáveis), sobreviveu e se dispôs a contar sua história através de um livro. Digo isso para que você não desista da leitura. Porque a história dele realmente vale à pena.

Saroo não é primoroso no uso das palavras, não tem domínio sobre o ritmo da narrativa e por diversas vezes se perde em detalhes que poderiam ser considerados irrelevantes. Um autor profissional provavelmente transformaria essa história em um conto de 80, talvez 90 páginas. Ou se aprofundaria em plots secundários emocionantes a fim de manter o leitor cativo. Mas Saroo não é um autor profissional.

Nem por isso o livro é uma leitura ruim ou dispensável. O que temos aqui é uma pessoa como eu e você contando uma história tão poderosa que beira a irrealidade.

Uma Longa Jornada Para Casa

Uma vez li em algum lugar que a vida tem uma licença poética da qual a literatura não pode usufruir. Por mais que uma história seja fantasiosa, ela precisa seguir certas normas da “vida real” para fazer sentido. Nada pode parecer muita coincidência e nenhum desafio deve surgir do nada, os vilões precisam ter motivação e as soluções nunca devem parecer intervenção divina. Mas essas regras só são válidas pra ficção. Por que a vida está pouco se lixando pra esse tipo de coisa.

Um exemplo claro disso é a história de Saroo. As coisas pelas quais ele passou antes dos sete anos, os perigos que correu, as vezes em que esteve a beira da morte e acima de tudo, o fato de ter sobrevivido, beiram o inacreditável.

A história dele é tão cheia de dificuldades quanto de pequenos milagres pontuais e uma série de coincidências que lhe garantiram a sobrevivência. E isso por si só é incrível, emocionante a ponto de arrancar lágrimas.

Provavelmente por isso, essa história foi adaptada pro cinema no ótimo e bastante fiel Lion: uma jornada para casa, que aliás, vale muito à pena também.

Uma Longa Jornada Para Casa

Me peguei chorando diversas vezes durante a leitura. Não só pelas coisas que Saroo passou quando criança, mas pelas pequenas ilhas de bondade que encontrou ao longo do caminho.

Enquanto lia tive a impressão de que só agora, depois de adulto, depois retornar à índia e depois de escrever um livro sobre o que passou, Saroo começa a entender a magnitude das coisas que aconteceram, tanto as boas quanto as ruins. E isso é incrível também.

As últimas páginas do livro são de “papel revista” e trazem impressas fotografias da jornada de Saroo, o que eu particularmente adorei. Ver o Saroo de verdade, conhecer suas duas famílias, os lugares pelos quais ele passou, os pontos que o ajudaram a localizar sua antiga cidade deixou tudo ainda mais real pra mim.

Uma Longa Jornada Para Casa

Saroo se perdeu do irmão quando criança e foi parar em uma das maiores e mais perigosas cidades do mundo, sem saber o próprio sobrenome ou de onde vinha. Sobreviveu sozinho nas ruas de Calcutá por um tempo, passou por inúmeros perigos, sentiu fome e medo. Foi resgatado, e encontrou uma nova família através da adoção. Cresceu e foi em busca de sua família indiana. E tudo isso acontece de forma tão assustadoramente inacreditável que se fosse uma ficção, eu certamente teria torcido o nariz.

Uma Longa Jornada Para Casa

Conselho da resenhista: Se você se interessou pelo livro e pretende lê-lo, lembre-se de ter em mãos lencinhos de papel. Muitos.

Beijinhos e até a próxima!
 Cortesia do Grupo Editorial Record
Andressa Freitas
Mineira, aspirante à escritora e estudante de cinema. Se pudesse moraria em uma biblioteca, como não posso, estou empenhada em transformar minha casa no mais próximo disso possível. Viciada em séries e filmes, adoro ler, comer e viajar. Nerd assumida, fotógrafa de profissão, amo aprender coisas novas e imaginar histórias alternativas pra absolutamente tudo.
*Sua compra através dos links deste post geram comissão ao blog!
16.9.16

Eu Estou Vivo, Vocês Estão Mortos – A Vida de Philip K. Dick [Emmanuel Carrère]

Emmanuel Carrère
Ed. Aleph, 2016 - 360 páginas:
      Um dos maiores escritores do século 21, Philip K. Dick nunca deixou de suspeitar do mundo à sua volta, sempre ocupado em investigar o limite – tênue, às vezes – entre a realidade e a ilusão. Homem de muitas facetas, sempre se fez uma pergunta fundamental, que o acompanharia em todos os momentos da vida, desde seus tempos de aspirante a escritor até mais tarde, como autor já publicado, passando pelo Dick paranoico, pelo viciado em anfetaminas e pelo cristão fanático: o que é real? 

Onde comprar:





Considerado pela crítica literária como um dos pais da ficção científica - junto à Isaac Asimov e Arthur C. Clarke, o escritor norte-americano Philip K. Dick é autor de diversos livros e contos que inspiraram famosas adaptações cinematográficas como “Blade Runner – O Caçador de Androides”, “Minority Report” e “O Vingador do Futuro”.


Emmanuel Carrère, escritor e roteirista francês, reconstruiu a vida de PKD na biografia intitulada “Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos – A Vida de Philip K. Dick”, biografia originalmente publicada em 1993 e que estabelece uma linha temporal sobre a vida e a obra do autor. Em 2016, a Editora Aleph trouxe esse livro para o Brasil, contando com um excelente trabalho de tradução realizado por Daniel Luhmann.

Filho de pais divorciados, Philip cresceu com a mãe na Califórnia, onde cresceu e estudou. Na juventude, PKD ingressou na Universidade da Califórnia para estudar Filosofia e Alemão, ao mesmo tempo em que trabalhou numa emissora de rádio e, também, manteve uma loja de discos.

Foi nessa época que Philip começou a se aventurar na escrita, publicando o seu primeiro conto na revista “Planet Stories”, uma publicação norte-americana de ficção científica destinada a jovens leitores e publicada pela Fiction House entre 1939 e 1955. Após alguns outros trabalhos autobiográficos que acabaram não fazendo muito sucesso, o jovem escritor decidiu dedicar-se inteiramente ao gênero de Ficção Científica.

PKD acreditava que a realidade não passava de uma alucinação coletiva. Através de seus textos e contos, ele buscava provar que as visões que tinha do futuro foram alcançadas graças a algum tipo de divindade criadora do universo, e afirmava que, para além da ficção, “tudo o que vemos não passa de uma projeção de um mundo paralelo, que não existe de verdade”.


Em 1955, Philip conseguiu com que seu primeiro romance, “Solar Lottery”, fosse publicado. Mas somente depois de outras publicações como “Eye In The Sky” (1956), “Dr Futurity” (1960) e “Vulcan's Hammer” (1960) que Philip K. Dick conseguiu se consolidar como escritor de sucesso, sobretudo com a publicação de “O Homem do Castelo Alto”, em 1962, romance recria a história mundial a partir da 2ª Guerra Mundial, mas tendo Alemanha e o Japão como vencedores. PKD chegou até mesmo a ser alvo de investigações por parte do FBI e dos serviços secretos da Força Aérea Americana, por conta de relações com o partido Comunista norte-americano.

Dono de uma mente engenhosa e dotado de uma capacidade auto desafiadora, PKD inspirava-se em conceitos do Budismo, da Cabala, dentre outras doutrinas combinadas com conceitos da parapsicologia, eventos extraterrestres e percepções extra-sensoriais. O autor chegou, inclusive, a criar mundos alternativos em suas obras (como, por exemplo, no romance “Valis”, publicado em 1978), onde, eventualmente, ele acreditava estar vivendo.

Abordando temas como realidade e humanismo, PKD se utilizava de personagens comuns na grande maioria de suas obras, ao contrário de outros autores de Ficção Científica de sua época, que criavam heróis galácticos, robôs ou até mesmo inteligências artificiais. Já perto de sua morte devido a um acidente vascular cerebral, as obras de PKD atingiram repercussão ainda maior ao ganharem as telas do cinema. Seu livro, “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, deu origem ao filme “Blade Runner – O Caçador de Androides”, a primeira de muitas outras obras do autor que ganharam adaptações hollywoodianas.


Mesmo narrando a vida do autor de forma um tanto quanto despretensiosa, especialmente em alguns trechos da biografia, Carrère propõe uma interessante explicação entre Dick e sua conturbada ligação com o espiritual, sua rotina de criar mundos paralelos, nos quais ele mesmo se perdia, e personagens deslocados da realidade. Entre outras palavras, esta brilhante biografia nos permite entender e refletir sobre a célebre afirmação feita por PKD, de que ele é quem estava vivo, enquanto todos nós, afundados na ignorância e cegos pela falsa realidade, estivemos o tempo todo mortos.

Uma interessante curiosidade que este livro traz à tona é que, quando Philip K. Dick morreu, suas cinzas foram depositadas no túmulo de sua irmã gêmea, Jane, que faleceu ainda criança. A lápide de Dick já continha seu nome e a data de seu nascimento, seguida de um traço e um espaço em branco, que foi devidamente preenchido com a data de sua morte.

A Editora Aleph, que garantiu os direitos de publicação e trouxe o livro para o Brasil, mais uma vez realizou um excelente trabalho, tanto no que diz respeito à tradução quanto ao projeto gráfico da obra. Trata-se de uma biografia imperdível do mestre das realidades alternativas, acompanhando grande parte dos trabalhos de PKD em paralelo com sua trajetória pessoal. Através da leitura, percebe-se como a vida do autor acabou influenciando a criação de seus personagens e, claro, a própria escrita.

Livro mais do que recomendado aos fãs de PKD. A única ressalva, talvez, seja o intenso bombardeio de spoilers que atinge o leitor durante quase todo o livro. Para quem nunca leu nada de Philip K. Dick, recomendo conhecer um pouco mais das obras desse escritor fantástico, antes de embarcar em sua biografia.

 Cortesia da Editora Aleph
Thiago Augusto
Canceriano. Apaixonado por literatura, cinema e música. Sonha em escrever livros, dublar animações da Disney e, algum dia, conhecer Hogwarts. É resenhista no blog Onde Vivem Os Livros.
*Sua compra através dos links deste post geram comissão ao blog!
27.7.16

Só Garotos [Patti Smith]

Patti Smith
Ed. Companhia das Letras, 2010 - 260 páginas:
      Crescida numa família modesta de Nova Jersey, Patti trabalhou em uma fábrica e entregou seu primeiro filho para adoção, antes de se mandar para Nova York, com vinte anos, um livro de Rimbaud na mala e nada no bolso. Era o final dos anos 1960, e Patti teve de se virar como pôde: morou nas ruas de Manhattan, dividiu comida com um mendigo, trabalhou e dormiu em livrarias e até roubou os colegas de trabalho, enquanto conhecia boa parte dos aspirantes a artistas que partilhavam a atmosfera contestadora do famoso “verão do amor”. Foi então que conheceu o rapaz de cachos bastos que seria sua primeira grande paixão: o futuro fotógrafo Robert Mapplethorpe, para quem Patti prometeu escrever este livro, antes que ele morresse de AIDS, em 1989.

Onde comprar:

Vivendo a mil, com a morte nos calcanhares

Um livro não ficcional tende a ser de leitura mais lenta, geralmente sem muitos ganchos. A leitura fica ainda mais lenta se o biografado não for alguém conhecido ou que você não seja fã. É o caso deste livro. Patti Smith me era uma completa desconhecida, que a princípio confundi com a herdeira Patty Hearst, neta de um famoso magnata da imprensa, que se apaixonou por seu sequestrador (síndrome de Estocolmo).

Passada a fase da confusão e do estranhamento, me vi diante de um livro belíssimo, uma história de cumplicidade, de amor carnal e de amor à arte – Só garotos ( Companhia das Letras, 280 páginas ) é poesia em prosa, ou seria prosa poética, não sei ao certo, mas o que importa é que é puro sentimento, com uma capa de encher os olhos.

A narrativa, algumas vezes melancólica, lembra uma elegia, testemunha a vida improvável de um casal ligado pela arte e pelas almas, um corte exposto sem sofrimento. O livro é de Patti Smith , sobre ela e o fotógrafo Robert Mapplethorpe, uma homenagem póstuma ao artista que lhe abriu o mundo artístico e lhe ensinou sobre ele. Um tributo, uma declaração de amor.

“Foi o verão em que Coltrane morreu. O verão de “The Crystal ship”. Crianças com flores erguiam as mãos vazias e a China lançava sua bomba H. Jimi Hendrix punha fogo na guitarra em Monterey. A rádio AM tocava “Ode to Billie Joe”. Havia rebeliões em Newark, Milwaukee e Detroit. Foi o verão de Elvira Madigan, o verão do amor. E nessa atmosfera mutante, inóspita, um encontro casual alterou o rumo de minha vida. Foi o verão em que conheci Robert Mappelthorpe.”

Este encontro aconteceu logo após Patti se mandar para uma Nova York fervilhante, apenas com um livro de Rimbaud na mala e sem dinheiro no bolso. Era a coragem de alguém que busca incessantemente pelo sonho, sem planos, sem destino, sem juízo, só inocência.

“Como se fosse a coisa mais natural do mundo, ficamos juntos, só saindo do lado um do outro para trabalhar. Nada foi dito; apenas mutuamente compreendido.”

A arte estava sempre em primeiro lugar, mesmo que isso custasse o pouco que tinham ou que não tinham, já que o furto era justificado e praticado em nome da arte:

“Nosso primeiro inverno juntos foi duro. Mesmo com meu salário melhor... tínhamos muito pouco dinheiro. Tantas vezes parávamos na esquina gelada da St.James Place com um olho no restaurante grego e outro na loja de materiais de arte do Jake, decidindo como iríamos gastar nossos últimos dólares – tirando na moeda dois sanduíches de queijo quente ou material de pintura. Às vezes, incapaz de ver que a fome era maior, Robert ficava olhando nervoso para o restaurante, enquanto eu, tomada pelo espírito de Genet, embolsava o necessário apontador de latão ou lápis de cor. Eu tinha uma visão mais romântica a respeito da vida de artista e dos sacrifícios. Li uma vez que Lee Krasner chegou a roubar material de pintura para Jackson Pollock. Não sei se isso é verdade, mas me serviu de inspiração. Robert se corroía por não ser capaz de nos sustentar. Eu dizia para ele não se preocupar, que o compromisso com a grande arte é a própria recompensa.”

O mundo artístico girava em torno de Andy Warhol e todos queriam ser e estar com ele. Robert não era diferente, invejava a arte de Warhol e achava que tinha qualidades superiores. A todo momento, Patti e Robert trombavam com mitos ou pessoas que se tornariam mitos:

“Pensava em como aquele saguão era um portal mágico quando a pesada porta de vidro se abriu, como que escancarada pelo vento, dando passagem a uma figura familiar com uma capa preta e escarlate. Era Salvador Dalí. Seus olhos percorreram o saguão nervosamente... Botou a mão elegante e ossuda no topo da minha cabeça e disse: “Você parece um corvo, um corvo gótico.”

Tudo isso impressionava Patti, mas não a deslumbrava. Ela era forjada para negar o status quo, uma ovelha negra pronta a explorar o mundo criado pelas imagens de Robert:

“Lembro de passar com minha mãe olhando vitrines e perguntar por que as pessoas não chutavam e quebravam aquilo. Ela disse que existiam regras implícitas de comportamento social, e que era assim que as pessoas conviviam. Lembro que na hora me senti confinada diante da ideia de que nascemos em um mundo onde tudo já foi mapeado pelos outros antes. Lutei para reprimir impulsos destrutivos e, em vez disso, trabalhei impulsos criativos. Ainda assim, a pequena inimiga das regras dentro de mim não morreu.”

Você pode não conhecer Patti Smith , como eu não a conhecia, mas ela conviveu e compartilhou da vida de quem realmente “aconteceu” nos anos 60 e 70, artistas que influenciaram e influenciam corações e mentes, seja na prosa, poesia, música, pintura, fotografia: Morrisson, Janis, Hendrix, Lou Reed, Warhol, Dalí, entre tantos outros. É o arquivo vivo de uma geração. Viveu intensamente e sentiu a tristeza de perder um pedaço de si para a AIDS:

“Partir é sempre lancinante. Eu vivia assombrada pela ideia de que se eu ficasse por perto ele sobreviveria. Mas, ao mesmo tempo, às voltas com uma resignação cada vez maior. Senti vergonha por isso, pois o próprio Robert vinha lutando com se pudesse sarar só com sua força de vontade. Tentara de tudo, de ciência a vodu, tudo menos rezar. Isso, pelo menos, eu poderia lhe fornecer em abundância. Rezei por ele incessantemente, uma oração desesperada. Não por sua vida, ninguém podia livrá-lo desse destino, mas para que ele tivesse força de suportar o insuportável.”

É um livro imprescindível a todos aqueles que cavam sua felicidade em meio a intempéries, solidificando sonhos, vivendo plenamente o amor. Patti construiu seu caminho e tem propriedade para falar sobre tudo isso. Leiam o livro, ouçam “Because the night”, parceria com Bruce Springsteen. Deleitem-se! Como diria Chico César: “o carneiro sacrificado morre, o amor morre, só a arte não”.

 Cortesia da Editora Companhia das Letras
Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
*Sua compra através dos links deste post geram comissão ao blog!
Tecnologia do Blogger.
siga no instagram @lerparadivertir