Enfim saiu o terceiro livro da maravilhosa saga
O Cavaleiro de Bronze. Já tinha me apaixonado por ela nos dois livros anteriores e este só me deixou mais extasiada pela sofrida história de Tatiana e Alexander. É imperdível para quem gosta de uma leitura mais profunda, que trabalha muito bem o íntimo de cada personagem, expondo seus sentimentos.
A saga tem como pano de fundo a segunda guerra mundial, iniciando com o cerco que os alemães fizeram a Leningrado, em junho de 1941, que mudou do dia para a noite toda a vida da jovem Tatiana, então com dezessete anos e de Alexander, um cidadão americano, que se passava por um oficial do Exército Vermelho.
Este livro é bem interessante, pois mescla capítulos dos tempos atuais (1943), onde Alexander tenta a todo o custo manter-se vivo perante o exército Russo, que suspeita de sua nacionalidade americana, com capítulos que narra a vida de um Alexander ainda criança (1930), quando morava com seus pais nos Estados Unidos.
"- Pai, se não der certo podemos voltar, não podemos? - perguntou, olhando para a própria imagem no espelho, e não para o pai. - Podemos voltar para... - Ficou em silêncio para que o pai não notasse a sua voz fraquejar, então respirou e terminou a frase:
- Para a América?"
E depois nos anos subsequentes a mudança da família para a União Soviética, mostrando ao leitor como foi a adaptação dos Barrington ao comunismo, como no trecho abaixo, quando Alexander é apresentado a sua nova moradia em Moscou.
"- Mas o cheiro, pai...
- Não se preocupe, filho. - Harold sorriu. Sua mãe vai fazer uma faxina. Não é nada. São várias pessoas morando muito próximas uma das outras. - Apertou a mão de Alexander. - É o cheiro do comunismo, filho."
E todos os infortúnios que Alexander viveu até o dia em que conhece Tatiana, no livro um. Mas não para por aí, expõe também os fatos pela visão de Alexander até o final do livro dois, nos permitindo conhecer os pontos cegos dos dois livros anteriores, tornando a história completa.
Muito mais que uma história de amor (que por sinal é uma das mais bonitas do mundo literário, em minha opinião), o livro mostra de forma crua o lado negro do comunismo e também os inúmeros horrores causados pela segunda guerra mundial. E no centro de tudo isso, dois jovens tentando simplesmente sobreviver.
Os outros capítulos retratam a adaptação de Tatiana na América. Como ela esforça-se para sobreviver sem o grande amor da sua vida. Lá ela conhece Edward, um médico que a ajuda neste novo mundo e Vikki, uma enfermeira que se torna sua única amiga. Os dois gostam muito de Tatiana e tentam a todo custo faze-la entender que sua vida precisa continuar. A convivência entre a americana Vikki e a Russa Tatiana serve para mostrar os contrastes entre as duas culturas.
"- E do que mais você gosta?
- Do bacon delicioso - respondeu Tatiana. - Também do conforto. Tudo que os americanos criam e produzem é para facilitar a vida. A música é agradável e as roupas são confortáveis. As mantas não pinicam. Há leite e pão para comprar perto de casa. Os sapatos são do tamanho certo. As cadeiras são macias. É gostoso viver aqui. - Olhou pela janela ao passarem pela rua 14. - Há tanto que nem valorizam - acrescentou baixinho."
Durante todo o livro, Paullina Simons interrompe o que os personagens estão vivendo para trazer à tona recordações do seu passado e essa alternância entre presente e passado cria uma densa e empática carga emocional.
"- Você disse a Edward e a mim que ele está morto.
- E se fui precipitada? - disse, contemplando pela janela a paisagem verdejante de Massachusrtts, através da qual o trem atravessava a toda velocidade.
- Estava me procurando? - havia perguntado Tatiana uma vez, e ele respondera: "Toda vida"."
Ainda existe um quarto livro, mas este já tem um desfecho que por si só é satisfatório, pois foi incluído um epílogo com algumas cenas que fazem parte do último volume, o que desobriga o leitor o ler o próximo. Mas quem já chegou até aqui com certeza vai esperar ansiosamente pelo lançamento do The Summer Garden (O Jardim de Verão). Veja mais informações em
The Bronze Horseman Brasil
A Saga
O Cavaleiro de Bronze é um drama histórico que todos deveriam conhecer, mostrando que a guerra é, antes de tudo, cruel e amarga, que devora a vida e a alma dos envolvidos nela, uma verdadeira brutalização do ser humano. Com estes elementos em mãos, Paullina Simons narra sua história com uma densidade chocante.
Sensacional, emocionante, colossal. Não deixe de conhecer um dos romances mais sublimes de todos os tempos.
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  Cortesia da Editora Novo Século |
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Gisela Menicucci Bortoloso
Capixaba, leonina, analista de sistemas e mãe. Apaixonada por livros, sou uma leitora compulsiva e como o tempo é curto, leio em todo o lugar: esperando o elevador, dentro do ônibus, no salão de beleza... Ler é meu prazer e minha paixão!