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27.12.19

Crocodilo [Javier A. Contreras]

Javier A. Contreras
Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Em 1941, o escritor, filósofo e jornalista franco-argelino Albert Camus escreveu um ensaio sobre a Filosofia do Absurdo, que nada mais é do que a busca pelo sentido em um mundo onde tudo é passageiro e finito. Ao longo do ensaio, Camus mostra como a rotina de trabalho e vida social acabam fazendo com que a gente questione nossa própria existência, isto é, o sentido pelo qual nós fazemos tudo o que fazemos.

Desde pequeno, a gente aprende que precisa estudar muito para entrar numa boa faculdade, conseguir um bom emprego e, assim, alcançar estabilidade. Não demora muito, a gente se sente devorado pelo monstro da ansiedade, já que nada parece o suficiente. A vida está passando, e a gente não sente que está chegando a algum lugar.

Se a vida não tem um sentido, se todo o sofrimento que a gente atravessa não parece estar nos levando a algum lugar, por que continuar? Talvez tenha sido exatamente isso o que levou Pedro - um rapaz de 28 anos de idade e personagem do romance "Crocodilo" - a se jogar do décimo primeiro andar do prédio onde morava.
18.12.19

O Mundo da Escrita [Martin Puchner]

Martin Puchner
Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Qual foi o último livro que você leu?

Eu sei que este parece um jeito curioso de começar uma resenha literária, mas gostaria que você parasse para pensar um pouquinho sobre essa pergunta. Não faz muito tempo, nós tivemos a Black Friday – o melhor período do ano para comprar qualquer coisa com um bom desconto – e você com certeza deve ter arrematado vários livros que estavam na sua lista de desejados (aliás, conta pra gente nos comentários).

O fato é que, para todo bom leitor, torna-se inevitável pensar qual será sua próxima leitura. Mas você já tentou imaginar como seria o mundo se não existissem os livros?

Eu acredito que, muito provavelmente, nós teríamos outras prioridades durante a Black Friday, como trocar de celular ou de televisão, ou quem sabe comprar roupas legais, tênis novos, enfim... qualquer outra coisa que não fosse um livro. Mas é claro que, se a Literatura não existisse como a conhecemos, os danos para a história da humanidade seriam muito maiores.

Para começar, como será que o conhecimento seria passado adiante ao longo dos séculos? Será que você conseguiria contar para os seus filhos as mesmas histórias que o seu avô ouviu do pai dele, quando era criança, com os mesmos detalhes? E o que dizer então da Física, das Ciências Humanas e Naturais... Como será que nós aprenderíamos na escola, sem qualquer material impresso, textos, ilustrações ou gráficos para nos ajudar na compreensão dos fatos?

Talvez você não tenha ido tão longe nas suas considerações, ao ponto de se perguntar: mas e aí, como surgiram os livros? Como surgiu a escrita? Qual foi o primeiro romance publicado na história da humanidade?

Fique tranquilo! Nosso amigo Martin Puchner, professor de Literatura comparada da Universidade Harvard, escreveu um livrinho muito interessante, onde ele responde essas e outras perguntas sobre o fantástico Mundo da Escrita.
5.8.19

Longe De Casa [Malala Yousafzai]

Longe De Casa
Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Você se lembra daquela menina que ficou mundialmente famosa depois de escrever um livro sobre o horror da guerra? Aquela menina de quinze anos que, através de seu relato, inspirou milhares de pessoas no mundo inteiro a lutar contra a repressão e a ignorância?

Eu tenho certeza de que você pensou em Annelies Marie Frank, ou simplesmente Anne Frank, uma adolescente alemã de origem judaica que se tornou uma das figuras mais discutidas do século XX após a publicação de seu diário, escrito durante um período de perseguições e horrores conhecido como Holocausto.

Infelizmente, Anne Frank não é a única adolescente vítima da intolerância e da violência. Uma outra jovem, de origem paquistanesa, também se tornou mundialmente conhecida (e celebrada) por seu relato de resistência, e por sua luta incansável em favor do acesso igualitário à educação.

Seu nome é Malala Yousafzai. E nessa resenha, você vai conhecer um pouquinho sobre a incrível história dessa menina que vem inspirando o mundo.
6.5.19

O Mundo de Sofia [Jostein Gaarder]

O Mundo de Sofia
Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Se você já passou ou ainda está passando pela fase do Ensino Médio, então provavelmente você já deve ter se deparado com uma matéria na sua escola chamada Filosofia. E se eu estiver certo, você provavelmente deve ter achado (ou deve estar achando) essa matéria um verdadeiro... PORRE!

Afinal, que coisa mais sem pé nem cabeça é essa tal de Filosofia! Cheia de teóricos com nomes estranhos: Aristóteles, Schopenhauer, Nietzsche (esse eu tive que pesquisar no Google, pra checar como se escreve), todos eles com suas frases e ideias ainda mais confusas.

Por ser considerada uma matéria “difícil”, a maioria dos estudantes não se interessa muito por Filosofia. Boa parte se quer chega a pegar um livro sobre o assunto, além dos didáticos. Mas e se houvesse um livro que pudesse nos mostrar a história da Filosofia – com todas as suas principais correntes e pensadores – de uma forma divertida e envolvente?

Pois é! Esse livro não só existe, como também é muito popular no universo literário. Vem comigo que eu vou te contar tudo o que você precisa saber para se aventurar em O Mundo de Sofia.
3.1.19

Uma Coisa Absolutamente Fantástica [Hank Green]

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Se você é um leitor assíduo da cultura pop, então provavelmente você conhece o famoso escritor norte-americano John Green (ou tio João Verde, como carinhosamente chamamos aqui no Brasil). Ele é o autor de vários livros de sucesso que com certeza você já leu. “A Culpa é das Estrelas”, “Quem é Você, Alaska?” e o recente “Tartarugas até lá em Baixo” são só alguns exemplos do estilo irreverente e dinâmico de John Green, autor que ganhou tanto o gosto popular quanto as telas de cinema, um verdadeiro sucesso editorial.

Acontece que essa coisa de escrever, aparentemente, não é um talento restrito apenas ao John. No mês de Novembro, chegou ao Brasil pela Editora Seguinte – o selo juvenil da Companhia das Letras – “Uma Coisa Absolutamente Fantástica”, o primeiro e já bem sucedido livro de Hank Green que, SURPRESAAA, é irmão do John.
23.8.18

Romancista Como Vocação [Haruki Murakami]

Ed. Alfaguara, 2017 - 168 páginas
- "Murakami é um dos mais conhecidos autores contemporâneos do Japão. Quando seus livros são lançados, a imprensa noticia filas enormes nas livrarias de Tóquio e traduções para mais de quarenta idiomas. Ícone da escrita fluida, Murakami transita bem em diversos estilos narrativos: ficção, ensaio, reportagem, nada parece estar fora de seu talento literário. Para abarcar toda essa multiplicidade, chega agora Romancista como vocação, uma série de proposições sobre a escrita, a literatura e a vida pessoal do recluso escritor. Escrito na linguagem acessível típica de Murakami, este livro é um convite a todos que desejam habitar o mundo dos romancistas, bem como uma declaração de amor ao ato da escrita."
22.1.18

Cosmos [Carl Sagan]

Cosmos
Ed. Companhia Das Letras, 2017 - 560 páginas
- "Escrito por um dos maiores divulgadores de ciência do século XX, Cosmos retraça 14 bilhões de anos de evolução cósmica, explorando tópicos como a origem da vida, o cérebro humano, hieróglifos egípcios, missões espaciais, a morte do sol, a evolução das galáxias e as forças e indivíduos que ajudaram a moldar a ciência moderna. Numa prosa transparente, Carl Sagan revela os segredos do planeta azul habitado por uma forma de vida que apenas começa a descobrir sua própria identidade e a se aventurar no vasto oceano do espaço sideral. Aqui, o tratamento dos temas científicos está sempre imbricado com outros campos de estudo tradicionais, como história, antropologia, arte e filosofia. Publicado pela primeira vez em 1980, Cosmos reúne alguns dos conhecimentos mais avançados da época sobre a natureza, a vida e o Universo — e se mantém até hoje como uma das mais importantes obras de divulgação científica da história. Embora diversas descobertas fascinantes tenham ocorrido nos últimos quarenta anos, o tema central deste livro nunca estará desatualizado: nosso fascínio pelo conhecimento e a prática da ciência como atividade cultural."
20.12.17

Os Miseráveis [Victor Hugo]

Ed. Penguin Companhia, 2017 - 1928 páginas
- "Considerado a obra-prima de Victor Hugo, este romance se desdobra em muitos: é uma história de injustiça e heroísmo, mas também uma ode ao amor e também um panorama político e social da Paris do século XIX. Pela história de Jean Valjean, que ficou anos preso por roubar um pão para alimentar sua família e que sai da prisão determinado a deixar para trás seu passado criminoso, conhecemos a fundo a capital francesa e seu povo, o verdadeiro protagonista. Na via crucis que é o romance sobre a vida de Valjean, são retraçadas as misérias cotidianas e os dias de glória do povo francês, que fez das ruas seu campo de batalha e das barricadas a única proteção possível contra a violência cometida pela lei. Esta edição traz ainda uma esclarecedora apresentação de Renato Janine Ribeiro"
6.11.17

O Retrato de Dorian Gray [Oscar Wilde]

O Retrato de Dorian Gray
Ed. Penguin, 2012 - 264 páginas
- "Publicado em sua versão final em 1891, O retrato de Dorian Gray foi o primeiro sucesso literário de Oscar Wilde e, algo que se tornaria frequente durante a curta carreira do autor, motivo de grande escândalo. Exemplo extremo de um indivíduo que leva uma vida dupla, seu protagonista comete todo tipo de atrocidade enquanto mantém uma aparência intocada de beleza e virtude. Seu segredo, porém, está materializado em um retrato guardado em uma sala trancada, que reflete fisicamente as deformações de seu caráter. Ao longo da década em que Wilde conviveria com doses idênticas de fama e infâmia, seu único romance foi usado como parâmetro tanto de sua capacidade artística como de sua total inadequação à sociedade em que vivia."
23.8.17

Grandes Esperanças [Charles Dickens]

Grandes Esperanças
Penguin Companhia, 2012 - 704 páginas
- "Pip, um órfão criado rigidamente pela irmã num lar humilde e disfuncional. A vida de Pip sofre uma reviravolta ainda maior quando, já se preparando para o ofício de ferreiro, recebe a visita de um advogado, que anuncia que o jovem é herdeiro de uma fortuna. Após abandonar a família para viver em Londres, Pip passa a desprezar a sua vida anterior, tentando tornar-se digno de se casar com a jovem Estella, que, no entanto, não se interessa por seus sentimentos."
17.8.17

Otelo [William Shakespare]

Otelo
Ed. Penguin Companhia, 2017 - 368 páginas:
- "Em Veneza, Otelo, um general mouro à serviço do Estado, conquista Desdêmona, uma jovem, filha de um nobre local. Após enfrentar a ira do pai e defender-se com sucesso contra a acusação de tê-la “enfeitiçado”, ele parte a Chipre em companhia da esposa para combater o inimigo turco-otomano. Lá, seu alferes, o manipulador Iago, consegue paulatinamente instilar na mente do mouro a suspeita de que Desdêmona o traiu. Otelo é a tragédia em que Shakespeare estudou os mecanismos da imaginação, da paixão e do ciúme."
3.4.17

Sétimo [André Vianco]

Sétimo
Ed. Aleph, 2016 - 432 páginas:
      Quinhentos anos atrás, sete vampiros foram aprisionados lançados ao mar em uma caravela portuguesa em direção ao Novo Mundo. Quando o último deles, o pior entre os malditos, finalmente desperta, um reinado de terror entre humanos e criaturas das trevas tem início sob sua liderança impiedosa. Sétimo, o vampiro-monstro, o único capaz de caminhar sob a luz do sol, cria um exército sombrio para vingar-se dos responsáveis pela sua maldição. Enquanto isso, Tiago, que caçou e combateu os mortos-vivos antes de tornar-se um deles, tenta se acostumar à sua nova vida noturna e conciliar sua condição odiosa e seu relacionamento com Eliana. Em Sétimo, os vampiros de André Vianco ganham as ruas de São Paulo, em verdadeiras batalhas pelo destino de milhões de vidas. Caçadores de vampiros, lobisomens, mortos-vivos e o exército brasileiro iniciam uma caçada a Sétimo, uma criatura mais cruel que o próprio demônio.

Onde comprar:

Meu primeiro contato com a obra de André Vianco foi através de um de seus mais celebrados livros: Os Sete. O primeiro volume da série Vampiros do Rio Douro, a princípio, não ganhou muito da minha atenção. Cheguei mesmo a comentar na resenha que fiz aqui no Ler Para Divertir [Os Sete] o quanto achei a narrativa arrastada e difícil de seguir, a princípio. Contudo, da metade para o final, o livro ganhou um ritmo eletrizante e impossível de largar antes do desfecho.

Logo assim que finalizei Os Sete, emendei a leitura de Sétimo, o mais tenebroso, poderoso e impiedoso de todos os amaldiçoados, o príncipe da noite. A expectativa era imensa, e tive que me controlar pra não devorar o livro todo de uma vez. Mas antes de deixar aqui o meu cordial veredito, preciso informar a você ainda que ainda não leu Os Sete: essa resenha contém spoilers.


Sétimo começa imediatamente após o desfecho do primeiro livro. Desperto de seu sono milenar, o príncipe dos vampiros se vê maravilhado com o Novo Mundo tão diferente de seu conhecido Rio D’Ouro. Ao seu lado, Tiago (nosso herói do primeiro livro), antes tão disposto a combater e expurgar os vampiros, agora se vê transformado em um deles e, não obstante, é também general e guia dos planos de Sétimo, determinado em sua busca por vingança. O poderoso vampiro só não esperava ver um de seus irmãos, Lobo, voltar-se contra ele, disposto a fazer de tudo para enviar Sétimo de volta às profundezas do Inferno.

Se em Os Sete, a história de Sétimo era contada a partir das lembranças dos outros seis vampiros despertos da caixa de prata, nessa continuação a trajetória do sombrio bebedor de sangue mais poderoso de todos se revela de forma quase perturbadora. A todo o momento, tínhamos a impressão de que Tempestade, Inverno, Lobo, Acordador, Espelho e até mesmo Gentil transpareciam um medo profundo de que Sétimo pudesse despertar e, quando isso acontece, a razão desse medo torna-se bastante clara.

O olhar sombrio, a frieza calculada e as capacidades sobrenaturais até mesmo entre os outros vampiros tornam Sétimo uma das figuras mais assustadoras que já tive a oportunidade de conhecer em uma narrativa. Me lembrou muito a sensação que Lorde Voldemort, em Harry Potter, fazia a gente sentir toda vez que ele era mencionado. Não se deixe enganar pela forma humana que Sétimo é capaz de assumir (um aparente adolescente de 16 anos, magro, loiro, visivelmente frágil), pois é justamente assim que ele quer que você o veja. Quando enfurecido, Sétimo é cruel, agressivo, extremamente perigoso e literalmente visceral.


Diferente do primeiro livro, André Vianco construiu uma narrativa bem mais fluida. Da metade do livro em diante, algumas cenas fazem a gente perder o fôlego e, sem exageros, cheguei a ficar receoso esperando o sangue escorrer pelas páginas do livro.

A trama se divide em três núcleos. Ao lado de Sétimo, Tiago tenta manter um conturbado relacionamento com Eliana que, junto de César, ajudam Tiago a “cuidar” de Sétimo, segundo o plano estabelecido por Miguel (o Gentil) ainda no primeiro livro. Tiago, que agora também se transformou em um amaldiçoado bebedor de sangue, luta contra os impulsos de sua nova “vida” tentando desesperadamente manter-se fiel aos seus princípios e à sua boa índole. É muito interessante o modo como Vianco constrói essa relação do herói que tenta não se afastar de tudo aquilo em que acredita, tornando a narrativa mais rica e mais complexa.

Em contra partida (e mais perdidos que cego em tiroteio), o exército brasileiro continua sua busca infrutífera por artefatos que possam combater esses seres amaldiçoados que, agora, ameaçam todo o território nacional, e não mais apenas a pequena cidade de Amarração, no Sul do Brasil. Até que o jogo finalmente parece se equilibrar, quando a nova linhagem dos antigos Caçadores de Vampiros, que combateu e aprisionou os sete amaldiçoados ainda em Portugal, entra em cena.

Mas Lobo, o vampiro transmorfo, não vai esperar que os humanos encontrem uma forma de combater seu irmão amaldiçoado. Ele próprio começa a forma seu exército para se proteger da ira de Sétimo. Ligados por uma estranha telepatia, o príncipe dos vampiros logo percebe que algo está errado e, à medida que vai tentando moldar Tiago e seus amigos aos seus propósitos, a real natureza de Sétimo vai tornando-se mais clara. Metidos até o pescoço nessa guerra, Eliana, César e Tiago começam a arquitetar um plano para derrotar Sétimo, antes que todo o país seja tomado por sua ira e sua sede por vingança.

Da metade para o final, o livro nos apresenta diversas forças se enfrentando num mesmo campo de batalha: o exército, os caçadores de vampiros, e os próprios vampiros, divididos entre o bem e o mal. O resultado desse conflito se dá num desfecho marcado por muitas mortes, balas de prata, mordidas e muito, muito sangue. O tom sobrenatural que Vianco agrega aos seus protagonistas apenas faz com que essa guerra se acentue, até que uma reviravolta aos quarenta e cinco do segundo tempo, isto é, um personagem que surge trazendo um elemento que define o vencedor da guerra, quebra todas as expectativas e torna a narrativa ainda mais eletrizante.


A temática vampiresca com a qual Vianco nos recebe mais uma vez continua sendo inusitada. A maestria com a qual o autor, mais uma vez, mescla personagens de outro folclore ao nosso cotidiano transforma completamente nossa visão desses seres, aguçando o interesse do leitor e nos convidando a imaginar o quão real haveria de ser essa narrativa se, de fato, o Brasil fosse atacado por um exército de vampiros amaldiçoados.

Sétimo nos traz novos personagens e, por consequência, novos pontos de vista. Enquanto no primeiro livro os vampiros eram icônicos, aqui nos deparamos com uma verdadeira horda de criaturas poderosas e com as mais diversas características. Dimitri, o mercenário incansável, e Tobias, que se descobre descente da antiga linhagem de caçadores, marcam os pontos mais bacanas da narrativa.

Se este livro pudesse ganhar uma adaptação para o cinema, certamente seria de tirar o fôlego. A trama de Vianco é bastante imaginativa e rica em descrições, o que faz com que a gente tenha a sensação de estar assistindo a um filme de ação. Contudo, por se tratar de um livro, devo dizer que Vianco não se libertou plenamente dos pecados cometidos ainda no primeiro volume. Alguns pontos da narrativa ainda são excessivamente descritivos e, se você for do tipo de leitor que acaba se perdendo no meio de um parágrafo, recomendo a leitura de Sétimo com atenção redobrada. Salvo essas exceções, trata-se de uma leitura bastante prazerosa e, sem dúvida, um acréscimo essencial à literatura fantástica no Brasil.


Sobre a edição, a Editora ALEPH manteve a mesma qualidade e roupagem inovadora conferida ao primeiro título de Vianco na casa. Desejo que, com os próximos títulos do autor, a nossa querida editora mantenha a mesma qualidade e refinamento, afinal, já estou ansioso pela continuação com a série “O Turno da Noite” .

 Cortesia da Editora Aleph
Thiago Augusto
Canceriano. Apaixonado por literatura, cinema e música. Sonha em escrever livros, dublar animações da Disney e, algum dia, conhecer Hogwarts. Siga-me nas redes sociais: @thiioliv3ira.
*Sua compra através dos links deste post geram comissão ao blog!
2.3.17

Os Sete [André Vianco]

Os Sete André Vianco
Ed. Aleph, 2016 - 432 páginas:
      “Nobres homens de bem, jamais ouseis profanar este túmulo maldito. Aqui estão sepultados demônios viciados no mal e aqui devem permanecer eternamente. Que o Santo Deus e o Santo Papa vos protejam.” Uma caravela portuguesa naufragada com mais de 500 anos é descoberta no litoral brasileiro. Dentro dela, uma estranha caixa de prata lacrada esconde um segredo. Apesar do aviso grafado, com a recomendação de não abri-la, a equipe de mergulhadores que a descobriu decide seguir em frente, e encontra sete cadáveres. Esses corpos misteriosos e cadavéricos são levados para estudos, e tudo parece estar sob controle, até o despertar do primeiro deles.

Onde comprar:


Autopublicado pela primeira vez em 1999, Os Sete é o primeiro volume da série Vampiros do Rio Douro, do escritor brasileiro, roteirista, e diretor de cinema e de televisão André Vianco. Um dos mestres nacionais de literatura de terror, romances sobrenaturais e fantasia vampiresca, Vianco alcançou, em 2016, o marco de mais de um milhão de exemplares vendidos. Recentemente, a Editora ALEPH fechou contrato com o autor, dando início à republicação de sua obra em uma roupagem totalmente nova.


Antes de adotar o Vianco como seu sobrenome artístico - homenagem à cidade de Osasco, mais precisamente à Rua Dona Primitiva Vianco - André começou a escrever profissionalmente para a rádio Jovem Pan na seção de humor. Tornou-se redator do departamento de jornalismo da rádio e por lá permaneceu por dois anos. Foi só em 1999, após ser despedido de seu emprego em uma empresa de cartões de crédito, que André decidiu arriscar-se como escritor, utilizando seu fundo de garantia para produzir 1.000 cópias de seu primeiro best-seller, Os Sete, chegando mesmo a promover seu livro pessoalmente nas livrarias e editoras da cidade. Em 2001, a editora Novo Século interessou-se por seu trabalho e decidiu republicar seu livro, uma parceria que deu muito certo e deu origem à expansão das obras de André Vianco.


A ideia de Os Sete, na verdade, surgiu do primeiro romance de André Vianco, O Senhor Da Chuva (também republicado pela editora Novo Século, em 2001). Apesar de se tratar de um romance de mitologia angelical, Vianco introduziu na trama um personagem vampiro, mas que segundo o próprio autor não havia sido explorado propriamente. Surgiu, então, a proposta de escrever um novo romance onde, dessa vez, os vampiros seriam os protagonistas.

No livro, três amigos (Tiago, César e Olavo) da pequena cidade Amarração encontram uma caravela portuguesa naufragada, no litoral do Rio Grande do Sul. Acostumados a mergulhar e procurar por tesouros, os três acreditam que a estranha embarcação pode ainda conter tesouros históricos que, por sua vez, podem ser extremamente valiosos. Ao mergulhar para explorar a caravela, os amigos encontram uma estranha caixa de prata, especialmente lacrada e com algumas runas desconhecidas em sua tampa.

Após realizar a captura de algumas imagens, Tiago e seus colegas decidem levar os arquivos para análise na Universidade Soares de Porto Alegre – USPA, onde esperam compreender melhor o estranho artefato. O assunto logo desperta o interesse dos pesquisadores da universidade, que decidem, então, iniciar uma expedição para retirar a caravela das profundezas do mar e explorar melhor seus segredos. Após um meticuloso trabalho, a misteriosa caixa de prata é finalmente retirada do fundo mar, e as runas em sua pesada tampa são finalmente decifradas:

“Nobres homens de bem, jamais ouseis profanar este túmulo maldito. Aqui estão sepultados demônios viciados no mal e aqui devem permanecer eternamente. Que o Santo Deus e o Santo Papa vos protejam.”

Orientados pelo professor Delvechio, os pesquisadores decidem violar a tampa da misteriosa caixa, ignorando completamente o aviso entalhado em prata. Dentro da caixa, sete cadáveres ainda em decomposição, conservando parte de suas mortalhas. O professor, então, decide iniciar uma série de estudos e testes, para descobrir a procedência daqueles espécimes, e tentar entender porque os sete corpos foram aprisionados dentro da misteriosa caixa de prata.

A descoberta logo ganha conhecimento da mídia, e toda a pequena cidade de Amarração fica em alvoroço, especulando sobre o caso. Entretanto, algo sobrenatural acontece. Um frio inesperado começa a começa a tomar conta do laboratório onde estão sendo realizadas as pesquisas. A princípio, acreditando se tratar de uma falha no sistema de refrigeração, o professor Delvechio e seus auxiliares se espantam ao perceber que o tenebroso frio não só parece emanar de um dos cadáveres, como o mesmo apresenta claros sinais de regeneração avançada. Em outras palavras: o cadáver está voltando à vida.

Assustados, os historiadores testemunham o corpo abandonar o estado cadavérico e assumir uma forma saudável, entretanto pálida, à medida que a temperatura no laboratório vai caindo cada vez mais. Ao final do processo, o português desperta e, com ele, um frio ainda mais sobrenatural. Ele é Inverno, um dos Sete Amaldiçoados, e está disposto a despertar seus outros irmãos (Acordador, Tempestade, Lobo, Espelho e Gentil) a qualquer custo.


Logo, o frio sobrenatural provocado por Inverno escapa as dependências do laboratório improvisado pelos pesquisadores da USPA, e se assola por toda a cidade de Amarração, dando margem para outros acontecimentos sobrenaturais: cadáveres erguendo-se de seus túmulos em busca de vingança, tempestades fora do normal e, claro, incontáveis mortes. Mas o pior de todos os perigos ainda não despertou: Sétimo, o Príncipe da Noite e o mais poderoso entre seus irmãos, que trará consigo um perigo inenarrável, para o qual nenhum de nós está preparado.

O best-seller de André Vianco é um livro bastante prolixo, pelo menos até metade da história. A narrativa, em vários momentos, chega a ser arrastada e cansativa, e o autor perde tempo em detalhes e acontecimentos que não são tão interessantes para o leitor quanto à trama principal. Quem gosta dos livros do norte-americano Stephen King, com certeza vai se identificar com o estilo de narrativa de Vianco, que bebe da mesma fonte. Então, se você não gosta de narrativas minuciosas e repletas de descrições, talvez Os Sete não seja o livro certo pra você.

Contudo, da metade para o final, o livro parece ganhar um novo ritmo. À medida que os outros vampiros vão despertando e revelando, cada um, suas peculiaridades sobrenaturais, a narrativa ganha força, dinamismo e ação, finalmente estabelecendo aquele gancho que te prende à leitura. Na verdade, é até compreensível que a primeira parte da narrativa seja um pouco mais lenta. Inverno e seu irmão Acordador estão distantes do mundo há 500 anos e, quando despertam em solo brasileiro, encontram uma terra completamente diferente de seu antigo Rio D’ouro. É natural, portanto, que os vampiros percam algum tempo admirando as funcionalidades da tecnologia e descobrindo como utilizá-la.

E por falar nisso, a descrição dos vampiros, na visão do autor, é bastante fiel ao já imortalizado pela literatura, pelos quadrinhos e pelo cinema. Temos aquela clássica versão do bebedor de sangue que foge da luz do sol e se isola na escuridão, e que vive única e exclusivamente para satisfazer seus próprios desejos e vontades. Com algumas raras exceções (como no caso de Gentil, que vive um eterno conflito entre se compadecer dos humanos e depender do sangue deles para sobreviver), os vampiros na visão de Vianco estão longe de brilhar na luz do sol ou participar de escolas e academias vampirescas.

O grande destaque, contudo, vai para Sétimo, o ultimo dos irmãos a despertar. Este, sem dúvida, é o mais próximo que Vianco nos apresenta dos vampiros como os conhecemos: criaturas desalmadas, cujo olhar frio e raivoso desperta o mais intenso nível de medo e tensão em nós. Ele é o mais poderoso entre os vampiros despertos, e o fato de saber disso só aflora sua natureza perigosa, insana, vingativa e sedenta por sangue. Diferente de seus irmãos, Sétimo não está nem um pouco preocupado em se conter diante dos humanos, e é o único que mata por prazer, não por necessidade, trazendo um desfecho de tirar o fôlego à narrativa.


Recentemente, a Editora ALEPH fechou contrato com o autor André Vianco, assumindo o compromisso de republicar boa parte de suas obras. A série “Vampiros do Rio Douro”, composta por Os Sete, Sétimo e a trilogia O Turno da Noite, vai ganhar uma roupagem totalmente nova e adaptada ao nosso tempo, com o detalhe e o refinamento que a obra desse célebre mestre da fantasia merece. Inclusive, indico aos amigos do blog Ler Para Divertir a entrevista exclusiva que o autor concedeu à ALEPH, falando um pouco sobre sua trajetória e o futuro de suas publicações.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=B4lzD4o4gLs

Sétimo já foi relançado pela editora ALEPH, também em 2016, e a expectativa deixada por seu autor ao final do primeiro livro aumentou ainda mais a sede por sangue de dar continuidade à leitura, e a resenha logo vai sair por aqui. Resta saber se Vianco vai conseguir superar os problemas do primeiro livro com a mesma desenvoltura que nos entregou o desfecho de Os Sete.

 Cortesia da Editora Aleph
Thiago Augusto
Canceriano. Apaixonado por literatura, cinema e música. Sonha em escrever livros, dublar animações da Disney e, algum dia, conhecer Hogwarts. Siga-me nas redes sociais: @thiioliv3ira.
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27.1.17

Star Wars: Academia Jedi - O Retorno de Padawan [Jeffrey Brown]

Star Wars Academia Jedi O Retorno de Padawan Jeffrey Brown
Ed. Aleph, 2016 - 176 páginas:
      Roan Novachez achou que seu segundo ano na Academia Jedi ia ser fácil, e foi… no começo. Ele construiu um robô super legal, foi numa excursão para um planeta gelado, e evitou a comida alienígena de Gammy. Mas aí tudo ficou confuso! O treinamento de piloto estelar foi bem mais difícil do que ele imaginava, seus melhores amigos começaram a ignorá-lo, e os valentões da turma estão tentando levá-lo para o lado sombrio. Justo quando Roan achou que tinha me acostumado com a escola.

Onde comprar:

Segundo volume da trilogia STAR WARS – Academia Jedi, O Retorno de Padawan dá continuidade às aventuras de Roan Novachez, um jovemzinho do planeta Tatooine (isso mesmo, o mesmo planeta de Anakin Skywalker). Após ser recusado na Academia de Pilotos Estelares e ver seu sonho de pilotar um caça ir por água abaixo, Roan é convidado por ninguém mais, ninguém menos do que o Mestre Yoda para se juntar à Academia Jedi, onde se torna, então, um jovem Padawan (ou aprendiz de Jedi, se vocês preferirem).

No primeiro volume da série (resenha), acompanhamos o desenvolvimento de Roan na Academia Jedi: seu primeiro contato com a Força, a descoberta da culinária Jedi, e os novos amigos, Pasha e Gaiana, que Roan conhece quando entra na Academia. E quando as férias de verão finalmente acabam, o nosso pequeno futuro Jedi mal consegue se conter de tanta ansiedade, desesperado para voltar logo.


Mas o segundo ano de Roan na Academia Jedi acaba não começando tão bem quanto ele gostaria. Os amigos parecem não ter sentido sua falta, nem mesmo Pasha. A linda Gaiana, sua paixão platônica, não demonstra qualquer sinal de interesse em Roan e, para completar, a tão esperada aula de simulação de voo acaba sendo um desastre para o nosso jovem padawan.

Frustrado e cada vez mais convencido de que ninguém mais se importa com ele, Roan acaba se afastando dos colegas e, eventualmente, conhece uma galera meio... “sombria”. Logo, ele decide que é hora de deixar de ser tão bonzinho com todo mundo e, ao mesmo tempo, começa a ir mal nas aulas. É nessa hora que o bom e velho Mestre Yoda decide intervir, explicando ao nosso pequeno Padawan o quão perigoso pode ser deixar-se influenciar por sentimentos ruins, e Roan aprende que o mundo não gira em torno dele.


Neste segundo volume da série STAR WARS: Academia Jedi, além de reencontrar todos os personagens incríveis do primeiro livro, outros novos são apresentados, como Gammy, o chefe de cozinha que... ahm... não é lá muito higiênico, e Cronah, o desordeiro colega de sala de Roan, que tem uma leve inclinação ao lado sombrio da Força.

Assim como no primeiro livro, a narrativa é feita ora em quadrinhos, ora em trechos do diário de Roan, que também é bastante divertido e ilustrado. As ilustrações são obra do autor e cartunista norte-americano Jeffrey Brown que, mais uma vez, teve um imenso carinho e dedicação ao retratar o emblemático universo de STAR WARS. Brown também é autor de outros títulos relacionados como “A Princesinha de Vader” e “Darth Vader e filho”, todos publicados aqui no Brasil pela editora Aleph.


Embora adaptado ao universo infanto-juvenil, a série Academia Jedi agrada com facilidade a todos os públicos. Eu mesmo me peguei rindo com as ilustrações e comentários de Roan (e seus erros de ortografia). Também achei muito bacana como o autor conseguiu se adapatar com facilidade dentro de um universo já tão explorado quanto a franquia STAR WARS. Para além dos já conhecidos tópicos da série (naves espaciais e viagens inter-galácticas, sabres de luz e duelos entre o bem e o mal), Jeffrey Brown conseguiu trabalhar com originalidade, promovendo discussões de fundo moral com as quais é impossível não se identificar. Afinal, quem nunca se sentiu meio deslocado na época da escola, ou teve dificuldade em fazer novas amizades, ou mesmo se sentiu perseguido por aquele professor carrasco?


Para os fãs da saga Skywalker, leitura mais que obrigatória. Para os que ainda não se aventuraram nesse universo maravilhoso, especialmente os pequenos padawans, é uma excelente forma de começar!

A série STAR WARS: Academia Jedi conta ainda com um terceiro volume, “The Phantom Bully” (ou, na tradução livre, “O Valentão Fantasma”), que também deve chegar logo ao Brasil pela editora Aleph.


 Cortesia da Editora Aleph
Thiago Oliveira
Apaixonado por livros e blockbusters, gosta de escrever, redublar animações da Disney e visitar Hogwarts. Siga-me nas redes sociais: @thiioliv3ira.
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10.1.17

Neuromancer [William Gibson]

Neuromancer William Gibson
Ed. Aleph, 2016 - 312 páginas:
      Considerada a obra precursora do movimento cyberpunk e um clássico da ficção científica moderna, “Neuromancer” conta a história de Case, um cowboy do ciberespaço e hacker da matrix. Como punição por tentar enganar os patrões, seu sistema nervoso foi contaminado por uma toxina que o impede de entrar no mundo virtual. Agora, ele vaga pelos subúrbios de Tóquio, cometendo pequenos crimes para sobreviver, e acaba se envolvendo em uma jornada que mudará para sempre o mundo e a percepção da realidade. Evoluindo de Blade Runner e antecipando Matrix, “Neuromancer” é o romance de estreia de William Gibson. Esta obra distópica, publicada em 1984, antevê, de modo muito preciso, vários aspectos fundamentais da sociedade atual e de sua relação com a tecnologia. Foi o primeiro livro a ganhar a chamada “tríplice coroa da ficção científica”: os prestigiados prêmios Hugo, Nebula e Philip K. Dick.

Onde comprar:

Neuromancer é o romance de estreia do autor norte-americano William Gibson. Nascido em 17 de Março de 1948, em Conway, na Carolina do Sul, Gibson é considerado um dos fundadores do chamado gênero Cyberpunk, uma das inúmeras vertentes da ficção científica. É autor de diversas orbas do gênero, entre elas “Reconhecimento de Padrões” (ALEPH, 2004 – 416 páginas) e “Máquina Diferencial” (ALEPH, 2015 – 456 páginas).


Gibson foi o primeiro a utilizar o termo ciberespaço (cyberspace), em sua novela Burning Chrome, de 1982. A utilização do conceito e sua ampliação foi realizada em Neuromancer e nos outros dois romances que dão sequência à Trilogia do Sprawl (Count Zero e Monalisa Overdrive).

Os conceitos e ideias de Gibson influenciaram diretamente diversas obras, tanto na Literatura quanto no Cinema. Além disso, o autor também atuou como roteirista, desenvolvendo o script da terceira sequência da série ALIEN, além dos dois episódios da famosa série de TV Arquivo X.

Gibson é também fundador de outro subgênero da ficção científica, o Steampunk, cujas histórias ambientam-se no passado, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que se comparados a realidade futura, (ou em um universo com características similares), mas que foram obtidos por meio da Ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores e outros dispositivos que mesclam tecnologia e madeira, e também protótipos movidos a vapor.

Publicado originalmente em 1984, Neuromancer é o primeiro romance de William Gibson e, também, o primeiro volume da Trilogia do Sprawl, a obra de maior repercussão do autor. A narrativa conta a história de Case, um cowboy espacial e um dos mais famosos hackers da Matrix – um tipo de realidade virtual. Contudo, depois de uma tentativa frustrada de roubar seus empregadores, Case sofre uma punição irreversível: ele é contaminado com uma microtoxina, injetada diretamente em seu sistema neural, que o impede de se conectar à Matrix – uma realidade similar ao que conhecemos como Internet, onde os usuários projetam apenas a consciência, deixando o corpo físico para trás.

Preso ao nosso mundo, Case caminha pelas ruas de Chiba fazendo pequenos trabalhos sujos, enquanto busca desesperadamente uma cura para a microtoxina que o impede de se conectar ao ciberespaço. Enquanto isso, para não morrer de fome, Case acaba se envolvendo em todo tipo de serviço sujo, desde furtos e contrabando até homicídios por preços pequenos, só pra não morrer de fome.

É em um desses trabalhos que o ex-hacker conhece Molly, uma misteriosa samurai das ruas. Ela não somente paga todas as dividas do cowboy espacial, como também o leva de encontro ao misterioso Armitage, um ex-oficial das forças armadas que oferece a cura que Case tanto procura, em troca de um “pequeno” serviço: invadir um dos mais poderosos mainframes de toda a Matrix.


Se você assistiu a trilogia cinematográfica Matrix, dos Irmãos Wachowski, então com certeza você não terá a menor dificuldade em viajar dentro do universo de Neuromancer. Muitos elementos do filme foram inspirados na realidade imaginada por Gibson, como por exemplo, a relação entre o protagonista Neo e a heroína Trinity, que é muito parecida com o que acontece entre Case e Molly. As naves pilotadas no espaço etéreo, os refúgios no subterrâneo, a tecnologia usada para “plugar” os usuários à Matrix… tudo isso é baseado na concepção primeiramente imaginada por Gibson.


Entretanto, ouso dizer que a obra cinematográfica dos irmãos Wachowski ganha um bônus por ser tratar de uma narrativa mais visual, enquanto a narrativa de Gibson é mais densa e bastante descritiva. Durante a leitura, precisei voltar e reler diversos trechos, para conseguir construir na minha imaginação a parafernália da qual os personagens faziam uso. Aliás, mesmo alguns personagens ganham outra forma a medida que mais detalhes vão sendo acrescentados sobre suas descrições ao longo da narrativa.

No universo de Neuromancer, existem muitos conceitos possíveis de serem concebidos – transplantes órgãos sintéticos e próteses cibernéticas, meios de transporte modernos e pilotados por inteligência artificial, etc. – e outros que podem ser relacionados com realidades de hoje, como por exemplo, os “consoles” (algo parecido com um notebook), ou o “ICE” (uma espécie de firewall, que bloqueia e protege o acesso a um determinado sistemas), além das realidades virtuais e o próprio ciberespaço.

Outros conceitos, entretanto, fogem com completamente à regra, como fato de os seres humanos, no livro, conseguirem substituir partes do próprio corpo como quem troca de roupa, ou viajar para estações espaciais como quem pega um ônibus. Um conceito muito bacana são os “dermatrodos” – implantes eletrônicos parecidos com Pen-drives – capazes de proporcionar qualquer tipo conhecimento ou habilidade de forma instantânea (em outras palavras, é quase como se você pudesse baixar da Internet). À época de sua publicação, o romance cyberpunk alcançou grande destaque mesmo quando comparado com Blade Runner – O Caçador de Androides (filme inspirado no livro de Phillip K. Dick), outra obra que causou grande repercussão na época. Ainda hoje, o mais famoso romance de William Gibson continua fascinando e inspirando estudos culturais e literários, não apenas Estados Unidos e no Japão, onde o gênero cyberpunk inspira a criação de novos universos ficcionais, mas também em diversos outros países.


Sobre a edição lançada pela Editora Aleph, em 2016, só podemos fazer elogios. A história perturbadora já começa na própria capa, que usa de cores e traços fortes para atrair a atenção do leitor, instigando sua imaginação. O livro também conta com um glossário ao final da edição, que ajuda a entender melhor as descrições e termos mais técnicos da computação e da tecnologia, apresentados ao longo da narrativa.


A Trilogia do Sprawl segue ainda com outros dois volumes: Count Zero e Monalisa Overdrive, que também devem chegar ao Brasil pela editora Aleph.

 Cortesia da Editora Aleph
Thiago Augusto
Canceriano. Apaixonado por literatura, cinema e música. Sonha em escrever livros, dublar animações da Disney e, algum dia, conhecer Hogwarts. Siga-me nas redes sociais: @thiioliv3ira.
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