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10.2.22

Stephen King - A Biografia: Coração Assombrado [Lisa Rogak]

Lisa Rogak

Escritor de mágoas?

Não gosto muito de biografia de pessoas vivas, me parecem sempre “chapa branca” (um cara que foi viciado em álcool e drogas deve ter cometido alguns desatinos e não os encontrei no livro), mas e daí? É um livro falando sobre King e todo fã quer saber um pouco mais sobre seu ídolo, se possível o que toma no café da manhã ou qual enxaguante bucal utiliza (que sei, é Listerine, rs).

No livro Stephen King: A biografia – Coração assombrado (Darkside, 320 páginas), Lisa Rogak procura explicar como o mestre se tornou reverenciado por fãs e críticos. Seus medos, seus desafios, seu sucesso. Em minha modesta opinião não foi merecedor do “Prêmio Edgard Allan Poe” de melhor biografia.
30.12.19

Acabei de Ler - Dezembro de 2019


Resumo Literário de 2019: Meta de leitura de 100 livros foi ultrapassada! Bati meu record com 150 livros lidos neste ano, sendo que 80 foram e-books (53%) e 70 foram livros físicos (47%), ou seja, praticamente metade de cada tipo, pela facilidade e custo baixo que o Kindle proporciona. Infelizmente somente 53 livros são de autores nacionais, representando 35% das leituras, os 97 restantes (65%) são estrangeiros. Novamente não consegui equilibrar as leituras nacionais e estrangeiras, como gostaria.
Nunca contei número de páginas, mas o fiz este ano e totalizei 53.885 (cinquenta e três mil oitocentas e oitenta e cinco páginas).
Resumo Anual Total 2019
Nac Est Total %
Livro 15 55 70 47%
Ebook 18 42 80 53%
Total 53 97 150
% 35% 65%

E vocês, tiveram um ano literário produtivo?

30.7.18

Acabei de Ler - Julho de 2018


Consegui finalmente ler a aclamada série Crônicas de Amor e Ódio de Mary E. Pearson, que agora conquistou mais uma fã. É realmente imperdível para quem gosta do gênero e reforço o coro das recomendações. Os volumes são todos maravilhosos, a começar pelas capas belíssimas e pelo acabamento primoroso. Para quem ainda não aderiu e quer saber um pouco mais sobre a série, pode ler as resenhas, pois todos os quatro livros já foram resenhados aqui.
3.5.18

Crônicas de Morrighan: A origem do amor, Vol. 00.5 - Crônicas De Amor E Ódio [Mary E. Pearson]

Crônicas De Amor E Ódio
Ed. DarkSide, 2017 - 128 páginas
- "Descubra a origem de um sentimento que ergueu um novo Reino. Antes que fronteiras tivessem sido traçadas, antes que tratados fossem assinados e batalhas fossem travadas novamente, antes que os grandes reinos dos Remanescentes tivessem até mesmo nascido, uma menina chamada Morrighan e sua família lutavam para sobreviver em meio à guerra. Crônicas de Morrighan é um mergulho ainda mais profundo no universo criado com tanto carinho e inspiração por Mary E. Pearson."
26.2.18

Abominação [Gary Whitta]

Abominação
Ed. Darkside, 2017 - 320 páginas
- "A era medieval é muito mais conhecida por seus mistérios do que por seus registros históricos. Talvez seja melhor assim. Há quem acredite que estaremos mais seguros enquanto não soubermos de toda a verdade. Mas quem disse que as lendas não podem ser mais reais do que você imagina? Abominação reconta um dos capítulos mais sangrentos da história da Inglaterra: as invasões vikings do século IX. Apresentando personagens e batalhas reais, sua narrativa vai muito além do que poderíamos encontrar nos livros de história. Com influências de Lovecraft a Game of Thrones, vem sendo recebido mundo afora como um novo clássico para fãs do gênero.
O reino de Wessex foi o único da Inglaterra que escapou dos invasores nórdicos. Seu rei, Alfredo, negocia um acordo com os bárbaros do Mar do Norte, mesmo sabendo que eles não são adeptos da paz. É preciso estar preparado, a guerra pode recomeçar há qualquer momento. O arcebispo da Cantuária oferece proteção ao reino, através de feitiços descobertos por ele em velhos pergaminhos. O rei só não poderia imaginar que a magia seria ainda mais perigosa que os próprios vikings. "
21.12.17

The Beauty Of Darkness, Vol.03 - Crônicas De Amor E Ódio [Mary E. Pearson]

Crônicas De Amor E Ódi
Ed. DarkSide, 2017 - 576 páginas
- "Lia sobreviveu a Venda, mas não foi a única. Um grande mal pretende destruir o reino de Morrighan, e somente ela pode impedi-lo. Com a guerra no horizonte, Lia não tem escolha a não ser assumir seu papel de Primeira Filha, como uma verdadeira guerreira — e líder. Enquanto luta para chegar a Morrighan a tempo de salvar seu povo, ela precisa cuidar do seu coração e seus sentimentos conflituosos em relação a Rafe e as suspeitas contra Kaden, que a tem perseguido. Nesta conclusão de tirar o fôlego, os traidores devem ser aniquilados, sacrifícios precisam ser feitos e conflitos que pareciam insolúveis terão que ser superados enquanto o futuro de todos os reinos está por um fio e nas mãos dessa determinada e inigualável mulher."
28.6.17

O Circo Mecanico Tresaulti [ Genevieve Valentine]

Genevieve Valentine
Ed. Darkside Books, 2016 - 312 páginas
Respeitável público, o Circo voltou! Em 2016, O Circo Mecânico Tresaulti está de volta. E em grande estilo. Quem conhece a DarkSide sabe o que isso quer dizer: Limited Edition, em capa dura. Num mundo pós-apocalíptico, onde as pessoas não tem mais acesso à tecnologias de ponta, uma caravana leva esperança por onde passa. Os artistas são sobreviventes de guerra, que tiveram seus corpos mutilados reconstruídos com complexas estruturas mecânicas.

18.6.17

Promoção #229: Trilogia Crônicas de Amor e Ódio


Ler para Divertir está sorteando a Trilogia Crônicas de Amor e Ódio. Participe!

O Sorteio está sendo realizado pelo Instagram do Blog.
Válido até 21/07/17

Regras e Inscrições em:


Resultado

A Ganhadora é: Jéssica Mendes

Parabéns a ganhadora e obrigada a todos os participantes da promoção!


6.6.17

The Heart of Betrayal, Vol.02 - Crônicas de Amor e Ódio [Mary E. Pearson]

Crônicas de Amor e Ódio Mary E. Pearson
Ed. Darkside, 2017 - 400 páginas
Lia e Rafe estão presos no reino barbárico de Venda e têm poucas chances de escapar. Desesperado para salvar a vida da princesa, Kaden revelou ao Vendan Komizar que Lia tem um dom poderoso, fazendo crescer o interesse do Komizar por ela. Enquanto isso, as linhas de amor e ódio vão se definindo. Todos mentiram. Rafe, Kaden e Lia esconderam segredos, mas a bondade ainda habita o coração até dos personagens mais sombrios. E os Vendans, que Lia sempre pensou serem selvagens, desconstroem os preconceitos da princesa, que agora cria uma aliança inesperada com eles. Lutando com sua alta educação, seu dom e sua percepção sobre si mesma, Lia precisa fazer escolhas poderosas que vão afetar profundamente sua família... e seu próprio destino.

Onde comprar:

Prisioneiros também amam

Após a eufórica leitura do primeiro livro das Crônicas de Amor e Ódio – “The kiss of deception” – tornou-se impossível largar a trilogia. Acabamento e edição ímpares, trabalho apurado e escolha perfeita são parte do atrativo da editora Darkside. E aqui nos encontramos para falar um pouco sobre o segundo livro da saga – The heart of betrayal (Darkside, 400 páginas) da talentosíssima Mary E.Pearson.

Não há mais jogos de sedução, as cartas estão todas na mesa. O triângulo amoroso continua quente, porém agora todos sabem que o calor destas paixões está alicerçado em mentiras. Todos escondem segredos. Lia, Primeira Filha da Casa de Morrighan depende unicamente de suas escolhas e contará com Kaden e Rafe para protegê-la, cada um a sua maneira, porque agora eles se encontram no Reino de Venda, um lugar escuro, selvagem e incompreensível onde a princesa é mantida prisioneira e o qual aprendeu a odiar e temer.

O frio de Venda e seus fantasmas sussurram nos ouvidos de Lia frases e lendas que vão se tornando reais. Seria este seu “dom”?

O vento, o tempo, ele circula, repete, alguns golpes de ceifeira cortando mais a fundo do que outros.

Não bastasse o inconveniente de estar enclausurada, Lia chama a atenção do Komizar (posto mais alto da hierarquia vendana, imperador que lidera seu povo), por meio de sua coragem e respostas impetuosas de sua língua sempre afiada. Em Venda não se faz prisioneiros e Lia acredita estar com a cabeça a prêmio. Será difícil mantê-la no pescoço.

“O Komizar não enforca as pessoas. Ele as decapita.”
“Ah, que bom! Que alívio! Obrigada por esclarecer as coisas para mim.”

O grande Komizar nunca diz seu nome, ele é apenas Komizar. Caberá a Lia descobrir seu antigo nome, pois quando nomeamos uma pessoa ela passa a existir, ganha uma história, um corpo, peso, emoções dentro da gente. Deixa de ser um mito temido e passa a ser contabilizada em nossa conta como um ser humano propenso a sentimentos, erros e acertos.

Se o Komizar é o primeiro na hierarquia, o Assassino é o segundo. É ele quem protege o Komizar, que executa suas ordens sem questioná-las. Eles têm uma ligação profunda e respeitosa que poderá ser abalada pela chegada de Lia. O Assassino é temido e por onde passa o clima torna-se tenso, pesado, com a sensação de que poderia ser cortado com faca.

“Onde está o Komizar?”, perguntou... em vendano, não falando com ninguém em particular, sua voz mal cortando o ruído da comoção. Um dos governadores virou-se, depois foi a vez de mais um fazer o mesmo. O aposento ficou repentinamente quieto. “O Assassino está aqui”, disse uma voz anônima em algum lugar na outra extremidade.

O enredo desta vez é um pouco mais lento, praticamente até seu final. É mais cerebral com doses extras de psicologia, já que cada pensamento das personagens é dolorosamente exposto em primeira pessoa e isso tem um sabor especial para nós leitores.

Os diálogos continuam sendo o que de melhor Pearson tem para nos proporcionar, porém a qualidade do discurso indireto sobe um pouco de patamar. Isso nos chama a atenção em diversos momentos.

Houve algumas coisas que não falei para ele. Os planos de Rafe eram feitos de metal e carne, chão e punhos cerrados, todas as coisas sólidas. Os meus eram de coisas não vistas, febre e calafrio, sangue e justiça, as coisas que se contraíam nas minhas entranhas.


O romantismo do herói continua lá e isso também faz desta saga calcada em disputas pelo poder um atrativo mais que bem vindo.

Eu não soquei a parede depois que ele foi embora. Eu me forcei a me levantar do chão onde ele havia me deixado, sentindo o gosto do sangue que formava uma poça na minha boca, e tentei lembrar-me de que Lia não havia pedido por nada disso. Lembrei a mim mesmo a expressão nos olhos dela logo que ela me viu antes de cruzarmos a ponte, o olhar contemplativo que me dilacerou do corpo até a alma, aquele que dizia que nós éramos tudo que importava, e prometi a mim mesmo, enquanto cuspia sangue no chão, que um dia eu veria aquela expressão nos olhos dela outra vez.

O empoderamento feminino proveniente do primeiro livro também não tem seu seguimento interrompido, é a tônica principal deste romance e provavelmente desta saga. A transformação em fogo lento de Lia, na visão de um de seus pretendentes nos dá uma visão frontal do alcance desta obra.

Uma outra coisa também me corroía, algo que eu tinha visto nos olhos dela, em seus movimentos, no inclinar de seu queixo, algo que eu havia escutado na dureza de sua voz quando estávamos na cela. Aquela era uma Lia que eu desconhecia, uma mulher que falava de facas e morte. Exatamente pelo que esses animais a haviam feito passar?

The Heart of Betrayal

Há algo sigiloso e de dimensões espantosas crescendo em Venda. É possível notar isso no ar, no olhar faminto dos súditos. Lia é muito mais que um peão neste tabuleiro. Terá pela frente escolhas difíceis, algumas vezes feitas com o intelecto, outras, na maioria delas, veementemente com o coração. É dela o poder de salvar os clãs de Venda ou manter o poder nas mãos do Komizar e seus governadores.

... Ela era uma estratégia nova, estratégia esta que chamava a atenção deles, um ataque para encorajar a mesma massa de pessoas de quem os governadores teriam que espremer sangue para que fosse dado apenas mais um pouco. Se os clãs estivessem apaziguados, os governadores também o ficariam, e veriam os alvos em suas costas diminuindo.

Assim como a neve, suas escolhas sempre terão dois lados, um destacado pela beleza, pela vontade de fazer o bem, e outro pela possiblidade ardente de ferir àqueles a quem tanto ama.

... o vento estava uivando, e a neve que caía fracamente havia dado lugar a uma nevasca potente que se lançava contra o meu rosto. Era, mais uma vez, exatamente como tia Bernette o havia descrito, o cruel lado ardente da neve. Beijei dois dedos e ergui-os aos céus pela minha tia, pelos meus irmãos e até mesmo pelos meus pais. Para mim, não era mais tão fácil acreditar que a neve poderia ter lados tão diferentes. Tantas coisas tinham lados tão diferentes. Puxei meu manto mais para junto de mim enquanto ele tentava se soltar. O inverno vinha marchando com uma vingança. Não havia memórias sagradas na parede esta noite.

Sim... este é um livro arrastado e com poucas aventuras, feito de alianças, pactos e jogos de poder. Um ótimo preâmbulo para o que vem pela frente. Seu final, pelo contrário, é vertiginoso, tocante, de cortar o coração. Quero o último livro já, porque este me deixou dilacerado. Também quero vingança!

Clique na capa para ler a resenha do livro anterior:



Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
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25.5.17

The Kiss Of Deception, Vol.01 - Crônicas de Amor e Ódio [Mary E. Pearson]

Mary E. Pearson
Ed. Darkside Books, 2016 - 384 páginas
Morrighan é um reino imerso em tradições, histórias e deveres, e a Primeira Filha da Casa Real, uma garota de 17 anos chamada Lia, decidiu fugir de um casamento arranjado que supostamente selaria a paz entre dois reinos através de uma aliança política. O jovem príncipe escolhido se vê então obrigado a atravessar o continente para encontrá-la a qualquer custo. Mas essa se torna também a missão de um temido assassino. Quem a encontrará primeiro?


Onde comprar:

O amor talhado à faca

O amor está no ar, mas não é um amor qualquer, é um amor estilo Darkside – Darklove! Para você desacostumado aos livros desta editora pode parecer pouco, mas vá por mim, o livro é incomum. Esqueça a mocinha frágil e chorosa esperando pelo bravo, forte e belo príncipe. Aqui há mulheres fortes e encantadas, bárbaros gentis e príncipes inseguros. Personagens vigorosos, alucinados, rancorosos, poderosos, mas acima de tudo “humanos”, afeitos às vicissitudes de pessoas comuns como nós, repletos de dilemas.

O livro em questão é The kiss of deception (Darkside, 416 páginas) de Mary E. Pearson, o primeiro da trilogia “Crônicas de amor e ódio” que pretendo ler na íntegra, tamanho o meu entusiasmo com a sensibilidade poética e também estética da autora. Poética por que cada personagem carrega em si qualidades e defeitos que se equilibram através de palavras ditas diretamente ao leitor. E estética porque é um livro em primeira pessoa (por si só de difícil confecção) com 3 personagens narradoras.

Lia, princesa do reino de Morrighan, primeira filha (isso é importante, porque diz a lenda que todas as primeiras filhas da casa de Morrighan possuem o “dom”), por causa de um acordo pactuado entre reinos e também para colocar fim à tensão entre eles, é obrigada a se casar com o príncipe do reino de Dalbreck. Lia, com 17 anos, não conhece o tal príncipe, imagina que ele seja alguém de idade avançada e isso está completamente fora de seus planos – casamento sem amor.

Com a ajuda de sua amiga e criada, Pauline, decide fugir. E lá vão elas em busca de uma nova vida em Terravin, cidade natal de Pauline. É uma viagem longa, a cavalo, repleta de descobertas, surpresas e um bocado de receios.

“... pior do que ursos, pode haver bárbaros”, falei, colocando um terror fingido na voz, tentando tornar mais leves nossos humores.
Pauline arregalou os olhos, embora um sorriso brincasse abaixo deles. “Ouvi dizer que eles se reproduzem como coelhos e arrancam as cabeças de pequenos animais a dentadas.”

Desobediência como esta é tratada, no mínimo, como deslealdade no reino de Morrighan e a pena para tal insubordinação é a forca. Então nesta fuga não pode haver arrependimentos. Este ato não provoca a ira apenas do rei, mas também do chanceler e do perigoso erudito, que esconde segredos que poderão alterar a vida em todos os reinos.

Se fosse apenas isso já seria um problemão, mas Lia terá em seu encalço um príncipe ignorado e cheio de raiva do reino de Dalbreck e um assassino frio do distante reino de Venda, um bárbaro que tem como objetivo eliminar qualquer chance de união entre os reinos de Morrighan e Dalbreck. Para que isso aconteça basta matar Lia.

Em certo momento todas as vidas destas personagens se cruzarão e cada um terá voz no belíssimo texto de Mary E. Pearson.

“... virei-me rapidamente para evita ter que trocar mais uma palavra que fosse com ele. Com apenas algumas passadas, eu me encontrava tropeçando na mesa dos recém-chegados. Fui pega de surpresa pelos olhares fixos deles, e minha respiração ficou presa em meu peito. A intensidade que eu avistara de longe era mais aparente assim tão de perto. Por um instante, fiquei paralisada. Os olhos azuis do pescador cortavam-me, e os tempestuosos olhos castanhos do mercador eram mais do que perturbadores. Eu não sabia ao certo se eles estavam com raiva ou alarmados. Tentei driblar minha entrada desajeitada e ganhar vantagem.”

Fui desavergonhadamente ludibriado até a metade do livro. Ainda assim escolhi torcer pelo amor bandido de Lia que se vê encantada pelos dois cavalheiros, mas que tem as batidas do coração inclinadas para um dos lados.

“Eu virei a cabeça e ouvi o inconfundível som das pancadas de cascos no chão, pesados e metódicos... Só tive tempo de me arrastar e me pôr de pé quando um imenso cavalo surgiu...
O diabo havia chegado. E uma estranha parte de mim estava feliz com aquilo.”

A transição de Lia para a vida adulta não será nada fácil, assim como não é fácil este rito de passagem para nenhum adolescente. Ela tem que viver em meio a profecias cantadas em Venda ou declamadas em textos sagrados de Morrighan. Muitos sabem sobre Lia, menos ela mesma que precisa descobrir por si só (com sua força e sua faca) os segredos que envolvem seu nascimento.

Ela aprenderá a amar Terravin e seu povo, que é a tradução das pequenas cidades do interior:

“... em Civica, o próprio ar era tenso, esperando para nos pegar e nos nocautear, sempre embebido com o aroma de espreitas e avisos. Aqui em Terravin, o ar era apenas ar, e, o que quer que estivesse nele, estaria nele. Ele não fazia prisioneiros, e isso transparecia nos rostos das pessoas da cidade. Elas sorriam mais rápido, acenavam, chamavam a gente para entrar na loja e experimentar alguma coisa, para partilhar uma risada ou alguma notícia. A cidade era cheia de tranquilidade.”

Irá conviver com a morte:

“Pelejei com o cadáver, erguendo-o e colocando-o nas costas do meu cavalo. O sangue manchou meu ombro. O cheiro de putrefação ainda não tinha se assentado, mas tive que desviar do odor violento de abandono e excrementos para respirar um pouco de ar puro. A morte é assim. Não há dignidade alguma nela.”

Viajará pelo deserto como prisioneira:

“No terceiro dia, eu fedia tanto quanto Griz, mas ninguém notava isso. Todos os outros também fediam. Seus rostos tinham camadas de sujeira, então presumi que o meu estivesse da mesma forma, todos nos tornando animais imundos. Senti o gosto de poeira na minha boca, senti-a em meus ouvidos, poeira por toda parte, pedacinhos secos de inferno soprando na brisa...”

E em todos estes desafios Lia aprenderá que mesmo na adversidade devemos ter esperança e dar valor ao que a vida nos oferece.

“‘Vejo apenas lembretes de que nada dura para sempre, nem mesmo a grandeza.’
‘Algumas coisas duram.’
Encarei-o. ‘É mesmo? E exatamente que coisas seriam essas?’
‘As coisas que importam.’”

Haverá momentos em que Lia terá que mentir e podem me crucificar, mas sou a favor de uma “mentirinha branca” se for para poupar dor a alguém, evitar que sofra um mal ainda maior. Sei das consequências de toda mentira e também que uma mentira puxa outra – o que fazer quando uma bola de neve torna-se, ao final do caminho, uma avalanche totalmente desproporcional quando de seu início?

Lia terá que conviver com profecias de seu passado e consequência de suas escolhas do presente. Mas nada disso irá prepará-la para a magia contida no nascimento de cada dia.

“As regras da razão curvam-se à magia todos os dias”

Ela é a primeira filha da Casa Real e seu “dom” poderá se manifestar a qualquer momento, mesmo que ela tenha sido ensinada a ignorá-lo desde seu nascimento.

“O dom não veio para mim de forma conhecida ou clara, e eu ainda tinha muitas perguntas, mas, ainda assim, hoje, quando me sentei na campina, parecia que as pontas dos meus dedos haviam tocado a cauda de um cometa. Minha pele formigava com a poeira das possibilidades.”

Enfim, é um livro maravilhoso, com personagens que nos cativam desde o início, impossível largá-lo. Devorei em poucos dias cada parágrafo, cada palavra grafada no papel. Quando se gosta muito de um livro, a tarefa de se confeccionar uma resenha torna-se hercúlea. Quer-se colocar tudo e no fim achamos que não conseguimos passar nada do que realmente sentimos.

O que posso dizer é que me sinto maravilhado, sob um encantamento qualquer que não cabe em palavras. A Darkside mais uma vez me deixou mudo, mas a princesa Lia poderá me ajudar a fechar minha resenha:

“Aquele era o dia em que mil sonhos morreriam e um único sonho nasceria”.

Porque os sonhos são assim, feitos de algo indestrutível e inexplicável.

Top Comentarista de Maio

Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
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22.2.17

Diário de uma Escrava [Rô Mierling]

Rô Mierling
Ed. Darkside Books, 2016 - 224 páginas:
      No Brasil, todo ano, 250 mil pessoas desaparecem sem deixar vestígios. Desse total, 40 mil são menores de idade, dos quais um terço são meninas destinadas a fins sexuais. Muitas escapam ou são encontradas, contando histórias terríveis; outras nunca mais são vistas com vida. Laura foi raptada e jogada no fundo de um buraco por um completo desconhecido. Ela vê sua vida mudar, e passa a descrever com detalhes íntimos cada dia, cada ato, cada dor que o sequestro e o aprisionamento lhe fazem passar. Estevão é um homem casado e trabalhador, mas que guarda em seu íntimo uma personalidade psicopata. Ele percorre ruas e cidades se apossando da vida de meninas ainda muito jovens. Mergulhando fundo nessa fantasia, ele destrói vidas, famílias e sonhos, deixando atrás de si um rastro de dor e morte. 

Onde comprar:

O renascimento da morta

Depois da vida, a liberdade é, sem dúvida, o bem mais precioso que temos. Prive o ser humano de sua liberdade e teremos aí alguém que venderá sua alma para reconquistá-la. Basta observar alguns delinquentes que, quando presos, gastam fortunas, enriquecem advogados, vendem o que têm e o que não têm, só para deixarem de ver o sol nascer quadrado.

Quando esta privação vem acompanhada de torturas físicas e psicológicas, é possível que quem sofra tal mal consiga enxergar o inferno contido em cada dia, em cada surra, estupro, humilhação. Será preciso morrer em vida e ressurgir, reinventar-se. E nem sempre quem renasce após uma morte desta natureza consegue ressurgir sem mácula.

Este é o enredo de Diário de uma escrava (Darkside, 224 páginas) da escritora gaúcha Rô Mierling, que aborda com propriedade mazelas e sequelas da vítima de um sequestro que passa por fases muitas vezes incompreensíveis para aqueles que vivem no conforto de um lar em que se é amado e respeitado.

Num belo dia você é uma doce menina caçando uma borboleta para imortalizá-la em seu quadro:

“A menina levantou o frasco e ficou observando o inseto se debater até que, cansado e sem ar, cedeu e caiu no fundo do pote. Ela esperou por mais dez minutos, abriu o pote, pegou um alfinete e espetou entre as suas asas, matando-a enfim... A borboleta agora era sua, eternamente sua.”

No outro você é a própria borboleta, sem asas e sem fôlego, dentro de um buraco sem saber por quê. O nome da vítima é Laura. Bem, o nome dela não importa, poderia ser qualquer um, afinal de contas isso não é tão incomum quanto possa parecer (na contracapa diz que no Brasil, 250 mil pessoas somem sem deixar vestígios). Sua mãe costumava chamá-la de Ursinha, um apelido fofo que ela já começava a achar infantil. Porém, o mundo não é fofo, nem as pessoas que nele habitam. O mundo é uma fábrica de Ogros (que é como Laura chama seu captor), patologicamente desequilibrados, cheios de taras e desejos.

Laura percebeu que aquele homem, o Ogro, aparecia nos lugares mais inusitados e sempre com o olhar fixo nela. Mas não deu importância, este foi seu maior erro. Só foi percebê-lo depois, dentro de um buraco infecto:

“Estou com o balde grande lotado de fezes e não sobrou muita água. A vontade que tenho é de me afundar nesse balde tão cheio de merda quanto a minha vida.”

Logicamente que isso não é o pior que poderia lhe acontecer. Há uma rotina monstruosa a se seguir, afinal de contas, ela tenta negar, está lá para satisfazer o Ogro, em toda sua perversão e violência. Daí nasce o ódio, o desejo insano de vingança:

“Olha só para você! A verdadeira mulher para mim, que me entende, me ama e tenta me agradar. A única que me aguentou até hoje. Sei que você foi feita para mim, a verdadeira mulher, forte, feroz, mas submissa. Até desse seu olhar de ódio, que você tenta disfarçar, eu gosto. Inclusive, até me excita...”

Não há a quem recorrer, não há com quem negociar (há quem recorra a Deus e passa a não acreditar em mais nada). Sua vida é feita de medo e tentativas frustradas de fuga, todas com consequências e castigos lúbricos e rigorosos.

“— Estou brincando... se acalme... Vamos, não chore, foi só uma trepadinha, nem foi tão ruim assim. Só usei gasolina para te limpar porque não tenho outra coisa.”

Isso mesmo que você leu – gasolina para limpar os ferimentos após um estupro de todas as formas possíveis, sem dó ou piedade.

A depressão vai tomando conta daquele corpo maltratado e é lógico que o mesmo vai se desumanizando:

“Hoje, eu me levantei para fazer minhas necessidades, comi um pedaço de pão e chorei. Sempre chega uma hora em que o ser humano deixa de ser humano, deixa de ter esperanças. Cheguei ao meu limite.”

O que mais dói é saber que ela vai perdendo o controle sobre si mesma. Quanto mais fundo você vai chegando neste poço, mais começa a se observar como outra pessoa. Deixa de ser uma menina cheia de sonhos e passa a ser apenas um pedaço de carne a saciar a fome de um animal. Passa a depender dos humores do Ogro, das necessidades do Ogro e, pasmem, dos carinhos do Ogro. Acredita que sua vida anterior não exista mais e que ela precisa viver com o pouco (seja lá o que ela entenda por pouco nestas condições) que tem:

“Não quero ser um fugitiva e muito menos uma cúmplice desse monstro... Minhas lágrimas molham o lençol e eu, por incrível que pareça, me sinto segura nesse buraco... Porém, se sairmos daqui juntos, o que será de mim? E se a polícia pegar esse monstro e eu voltar para casa? Como vou olhar para minha mãe e meus amigos? E se eles puderem ver em meu rosto as atrocidades que o Ogro fez comigo? Como vou poder aguentar a dor da humilhação? Nunca mais serei a mesma pessoa, não serei mãe, esposa, não terei família, nunca serei feliz. Então, por que sair daqui? Me pego torcendo para nunca mais ver a luz do sol...”

É a inversão de papéis. Em sua cabeça seu algoz passa a ser o único que a compreende e ela tem que conviver com alguém que lhe mostra um pouco de carinho já que ninguém mais irá demonstrá-lo. Este tipo de aceitação faz o leitor encher-se de um rancor impotente, difícil de levar adiante a Síndrome de Estocolmo que invade as páginas.

E o que dizer dos familiares, principalmente de uma mãe que nunca perde a esperança?

“— Não! Você não está dentro do meu coração, da minha alma, não chora toda vez que passa na porta do quarto dela. Você não escuta o eco da voz dela ressoando pelos cantos da casa na madrugada. A risada dela no banheiro, enquanto escovava os dentes. As caretas que ela fazia quando eu a mandava tirar o lixo. Você vê isso na sua mente dia e noite? Não, claro que não, você se acomodou com essa frase ridícula de que tudo tem um motivo, se escondendo da dor, mas eu não, eu sinto, dói e, todo dia, eu morro um pouco pela falta dela.”

Laura não pensa assim. A Laura de antigamente está morta e a esperança foi enterrada junto a ela. Só que a luz surge de onde menos se espera e um caçador incansável entra no jogo. É neste momento que, se estivéssemos em um cinema, bateríamos palmas. Não é um príncipe, mas é talhado para a caça, um justiceiro para nos redimir:

“Daniel fumava desesperadamente. Ele sabia que isso ainda ia matá-lo, mas não ligava. Na verdade, desde seus 16 anos ele vivia no limiar entre o foda-se e a sobrevivência. Devido ao seu espírito duro e seco, o serviço policial lhe pareceu uma boa opção. Ele passou em todos os testes com louvor, mas não por ser um ícone do bom comportamento e da disciplina – não, ele passou porque queria passar e tudo que Daniel queria, ele conseguia.”

Ainda estou digerindo o final, final que engoli sem um copo d’água sequer, assim à seco e passou doloridamente pela garganta, queimando meu estômago e meu espírito, tudo a um só tempo. Transcorrido algum tempo as coisas foram de assentando e tomei consciência de que o final foi prudente e espelhou a realidade. Não digo mais nada!

A edição é belíssima, mas dizer isso da Darkside é chover no molhado. Ao final há notas de casos e fatores os quais o livro se baseou, todos eles reais e documentados, além da bibliografia consultada para aqueles que gostam de se aprofundar mais na leitura.

O que posso dizer é que é sempre prudente seguir o conselho de nossos pais: não aceite nada vindo de um estranho! A não ser que ele caridosamente queira nos dar um livro da Darkside.

Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
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16.2.17

A Menina Submersa [Caitlín R. Kiernan]

Ed. Darkside, 2015 - 320 páginas:
      'A Menina Submersa - Memórias' é um verdadeiro conto de fadas, uma história de fantasmas habitada por sereias e licantropos. Mas antes de tudo uma grande história de amor construída como um quebra-cabeça pós-moderno, uma viagem através do labirinto de uma crescente doença mental. Um romance repleto de camadas, mitos e mistério, beleza e horror, em um fluxo de arquétipos que desafiam a primazia do 'real' sobre o 'verdadeiro' e resultam em uma das mais poderosas fantasias dark dos últimos anos. Considerado uma 'obra-prima do terror' da nova geração, o romance é repleto de elementos de realismo mágico e foi indicado a mais de cinco prêmios de literatura fantástica, e vencedor do importante Bram Stoker Awards 2013. 

Onde comprar:

QUANDO QUEREMOS ESTAR LIVRES DA PRÓPRIA CARNE

Uma frase nesse livro me abalou bastante:

"Sobre ser mantido prisioneiro pela carne, e querer ser livre com tanta força que finalmente a morte se torna uma opção..."

Neste livro, entramos na mente de India Morgan Phelps, conhecida por todos como Imp (Imp, significa diabrete em inglês, uma espécie de diabo de baixo nível), uma pessoa mentalmente perturbada, cujo histórico familiar de suicídio, deixa muito claro que há muita perturbação na mente desta pessoa.

Ao ver um quadro em uma exposição, ela desenvolve uma obsessão pelo personagem da imagem, quanto mais se aprofunda nas pesquisas do personagem e do quadro, mais vai enlouquecendo e levando o leitor consigo. Ela passa a ver e falar com a personagem do quadro, em momentos muito peculiares. A vida em torno dela, vai ruindo e fica muito difícil não ruir com ela.

A experiência, para mim, foi bem complicada. Não conseguia ler o livro rapidamente pois ele me causava uma certa "depressão". A linguagem repetitiva, obsessiva e cheia de detalhes desconexos, conferia uma volta constante ao mesmo ponto, me deixando bastante confuso muitas vezes. Uma leitura para quem realmente gosta de avaliações psíquicas, pois a personagem é bastante perturbada.

Por outro lado, a Dark Side mais uma vez impressiona com a altíssima qualidade do material. O livro, em capa dura, tem detalhes em relevo e que lembram uma caixa de metal onde são guardadas memórias. O miolo recebeu um tratamento colorido rosa, que dá a impressão que foi feito não para impedir os insetos de entrarem no livro, mas sim, para impedir que eles saíssem e entrassem em nossas cabeças. Impossível não ficar curioso e pesquisar algumas das obras que o personagem fala, mas acho que, se você leitor, fizer isso, com certeza poderá acabar de mãos dadas a Imp, e não voltar mais quando mergulhar em uma banheira de água gelada!! ahahahahaha

Recomendo a leitura, mas por sua conta e risco!!
Marcos Graminha
Marcos Graminha é leitor viciado em terror e vampiros. Conta com um acervo de mais de 1500 livros sobre esses assunto. Proprietário de um sebo na cidade de Vila Velha, dedica sua vida a desvendar os mistérios desses "filhos da noite". contato: marcos.graminha@gmail.com
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2.2.17

Ed e Lorraine Warren: demonologistas [Gerald Brittle]

Gerald Brittle
Ed. Darkside, 2016 - 272 páginas:
      Eles enfrentaram os mistérios mais sinistros dos últimos sessenta anos, sempre em busca da verdade. Agora é a sua vez de entrar em contato com o sobrenatural. Você tem coragem? Então leia “Ed & Lorraine Warren: Demonologistas”, a biografia definitiva dos mais famosos investigadores paranormais do nosso plano astral. Não é de hoje que os fãs do terror conhecem Ed Warren e sua esposa, Lorraine. O casal foi retratado em filmes de grande sucesso, como Invocação do Mal, Annabelle e Horror em Amityville. Mas basta folhear as páginas de “Ed & Lorraine Warren: Demonologistas” para constatar que, muitas vezes, a vida pode ser bem mais assustadora que o cinema. No livro, Gerald Brittle desvenda alguns dos principais casos reais vividos pelos Warren. Ed e Lorraine permitiram ao autor acesso exclusivo aos seus arquivos sobrenaturais, que incluem relatos extraordinários de poltergeists, casas mal-assombradas e possessões demoníacas. O resultado é um livro rico em detalhes como nenhum outro.

Onde comprar:

Não acreditamos em fantasmas, mas eles acreditam em nós

Não sou tão cético quanto Padre Quevedo, confesso que “creo en brujas”. É uma forma de dizer que não sei de nada, portanto tudo é possível nesse e em outro mundo. Por que há tanto interesse em espíritos e fenômenos sobrenaturais? Em última análise e de forma mais pessoal, por que “eu” me interesso por estes assuntos?

Eu poderia dar aqui inúmeras explicações filosóficas sobre o quanto é importante conhecer, estar a par dos grandes segredos e descobertas do universo. De como o medo do desconhecido nos impulsiona a desvendar o que há por trás de manifestações incompreensíveis a nós, ignorantes de plantão. Mas minha justificativa é mais prosaica: quando me deparei com o livro Ed e Lorraine Warren: demonologistas (Darkside, 272 páginas) de Gerald Brittle eu simplesmente perdi a compostura, não antes daquele frio na barriga que indica que precisamos ler de qualquer maneira a obra que poderá nos meter medo por meses a fio. Pode chamar isso de fraqueza em minha formação ou desvio de caráter. Eu diria que é apenas e tão somente curiosidade.

O casal Warren é o objeto deste livro, seus casos, seus enfrentamentos. Uma coisa é ler um livro de ficção, mais precisamente de terror, outra é se deparar com casos documentados sobre o que realmente aconteceu com os envolvidos. É assustador! E este livro trata justamente disso – o “mal” existe – queira você ou não.

“Por incrível que possa parecer, a demonologia e o exorcismo ainda são praticados na era moderna. De fato, existem sete demonologistas reconhecidos apenas na América do Norte. Seis são clérigos ordenados, membros de diversas das principais religiões. O sétimo é Ed Warren. Cada um deles é único. Todos vivenciaram horrores para além do imaginável. E cada um desses homens vive em constante risco de vida.”

Ed “viu” seu primeiro “fantasma” aos 5 anos, contou ao pai policial que pediu a ele que esquecesse o episódio (não esqueceu) e não contasse a ninguém (guardou segredo). Ed se apaixonou pela sensitiva Lorraine, que tem a facilidade de ver e se comunicar com espíritos. Foi o enlace perfeito, um casamento em prol do combate a forças obscuras e sobrenaturais (ou preternaturais, como costumam dizer). Inúmeros livros e filmes ficcionais se basearam nos dramas do casal: “Horror em Amityville”, “Annabelle”, “Evocando espíritos”, “A casa das almas perdidas”, só para mencionar os mais conhecidos.

Chegar aos locais onde se travará a guerra, nem sempre é algo que os sentidos apreciem:

“... No ar, pode ser que paire um forte odor de enxofre, ozônio ou excremento. Se há uma possessão em curso, esse indivíduo é capaz de vir para cima de você como um tremendo monstro. Objetos estarão levitando. O interior da casa talvez esteja arruinado devido à ação de forças invisíveis: todos os objetos, grandes ou pequenos, estarão revirados e quebrados. É muito comum que se ouçam pancadas inacreditáveis vindas das paredes. E nas próprias paredes, é provável que afirmações obscenas ou antirreligiosas tenham sido escritas por mãos invisíveis em uma dúzia de línguas diferentes... Objeto religiosos são profanados ou pendurados de cabeça para baixo, bem à vista de todos... Caos absoluto! E, envolvendo tudo isso, haverá uma atmosfera de perversidade tão densa que você poderia cortá-la com uma faca. Ecoarão gritos pavorosos, profundos gemidos sinistros ou gargalhadas maníacas, capazes de fazer o seu sangue gelar nas veias...”

Através de palestras, tratam de passar à frente suas vivências, como professores em meio aos alunos:

“Há dois tipos de espíritos que são encontrados em verdadeiras situações de lugares mal-assombrados... Um tipo é humano; o outro, no entanto, é inumano. Um espírito inumano é algo que nunca caminhou sobre a terra em forma humana.”

Os Warren nos explica que há 3 estágios distintos da atividade demoníaca. A primeira delas é a infestação:

“Durante o estágio da infestação, a estratégia é provocar medo – e desse modo gerar energia psíquica negativa –, o que começa a fragilizar a vontade humana... os fenômenos demoníacos não tendem a ocorrer a menos que um indivíduo dê alguma espécie de ‘permissão’ para que um espírito entre na sua vida.”

A segunda fase é a opressão:

“Embora o horror vivenciado durante a infestação já seja terrível, ele é tão somente uma preparação para o pandemônio que tende a ocorrer no estágio seguinte... durante a opressão, o espírito começa a assumir o controle e a usar todo o poder maligno que tem à sua disposição.”

Por fim a possessão, que é a tomada total do indivíduo oprimido:

“Muitas vezes, a pessoa possuída tem uma aparência comum, como você e eu... Exceto por uma coisa: os olhos. Dizem que os olhos são as janelas da alma, e acredito que seja verdade, porque o que se vê nos olhos de uma pessoa severamente oprimida ou possuída é diferente de tudo o que você já viu. Os olhos não ficam caídos ou meio adormecidos; ficam arregalados e vigilantes. Além disso, o que se vê naqueles olhos não é humano: é selvagem, animalesco e cheio de ódio. Já vi esse olhar enlouquecido e sobrenatural muitas vezes na vida e, em cada ocasião, parece que perco uma pequena parte de mim no processo...”

Como podemos observar, a pessoa que enfrenta este poder negativo, esta manifestação metafísica sombria, é um ser diferente, marcado para sempre e geralmente solitário:

“Quando todo o lamentável processo termina... para o exorcista o suplício ainda não chegou ao fim. Nenhum exorcista jamais sai ileso de um confronto com o Mal. Ele permanece para sempre sozinho, apartado dos outros homens, sentindo o aguilhão e o ódio mordaz que o diabo reserva a Deus. Essa é a verdadeira natureza do exorcismo maior!”

Os Warren, assim como um grande amigo que tenho chamado Fabio Shiva, acreditam na “Lei da Atração” – pensamentos e ações positivas tendem a atrair coisas positivas; o contrário, reiteradas transgressões, maldades praticadas de forma gratuita, atrairia coisas (espíritos) negativas. Tudo seria uma questão de estar vibrando na mesma frequência. É bom sempre nos policiarmos sobre nossas palavras e ações.

Quero deixar claro que vejo tudo com ressalvas, principalmente quando leio que dinheiro desaparece onde há “problemas demoníacos” e reaparece (teletransporta-se) na carteira de algum feiticeiro praticante de magia negra. Na maioria das vezes não se pode culpar um agente preternatural por crimes cometidos por pessoas desequilibradas. Porém, o que temos aqui são casos raros minuciosamente estudados e documentados.

“...fechar a mente ao conhecimento é que é irracional... as pessoas precisam desaprender a percepção estreita da vida que lhes foi ensinada e, então, serem expostas ao fato de que o mundo é um lugar muito mais complexo e sério do que elas foram levadas a acreditar.”

Seria de bom tom não virarmos as costas a tudo o que não conseguimos explicar através da ciência. E não poderia deixar de exaltar que esta obra lançada pela Darkside não é apenas um livro, é degustação para todos os sentidos (repleto de fotos e com um acabamento impecável), um documento pra lá de obrigatório a céticos e curiosos como eu.

Advertência aos que se impressionam com facilidade: leiam o livro durante o dia!

Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
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16.1.17

Promoção #216: Férias Divertidas 3


Ler para Divertir está reeditando da Promoção Férias Divertidas! Quem se lembra? São seis livros para dois ganhadores, o primeiro escolhe 3 livros e o segundo fica com os 3 restantes. E funciona assim: Agora no início da promoção você só conhece um dos seis prêmios, então você se inscreve e na sua inscrição sugere o nome de três livros que gostaria que entrasse na promoção, toda segunda feira vou atualizar a postagem com o título de mais um livro da promoção e no dia 01 de março, depois dos seis livros divulgados faço o sorteio.

16/01/2017 - Primeiro Livro: Corte de Espinhos e Rosas [Sarah J. Maas]
23/01/2017 - Segundo Livro: Nada Mais a Perder [Jojo Moyes]
30/01/2017 - Terceiro Livro: The Kiss of Deception [Mary E. Pearson]
06/02/3017 - Quarto Livro: Corte de Névoa e Fúria [Sarah J. Maas]
13/02/2017 - Quinto Livro: The Heart of Betrayal [Mary E. Pearson]
20/02/2017 - Sexto Livro: November 9 [Colleen Hoover]

Regras

1. A Promoção é válida até 28 de fevereiro 2017.
2. O sorteio será pelo Raffecopter, a partir de 01 de março de 2017.
3. O(a) ganhador(a) deve residir em território nacional.
4. É obrigatório deixar um comentário nessa postagem indicando sua participação.
5. Depois de comunicado, o ganhador têm o prazo de 7 dias para enviar os seus dados completos de endereço para o e-mail: lerparadivertir@gmail.com. Após o envio dos seus dados, o blog terá o prazo de até 30 dias para o envio dos livros.

Prêmios


Primeiro prêmio: Corte de Espinhos e Rosas [Sarah J. Maas]
Segundo prêmio: Nada Mais a Perder [Jojo Moyes]
Terceiro prêmio: The Kiss of Deception [Mary E. Pearson]


Quarto prêmio: Corte de Névoa e Fúria [Sarah J. Maas]
Quinto prêmio: The Kiss of Deception [Mary E. Pearson]
Sexto prêmio: November 9 [Colleen Hoover]

Inscrições

Resultado

As ganhadoras são:

Primeiro lugar: Érika Rufo que seguiu todas as regras da promoção.
November 9 [Colleen Hoover]
Corte de Espinhos e Rosas [Sarah J. Maas]
Corte de Névoa e Fúria [Sarah J. Maas]

Segundo lugar: Aline Rodrigues Teixeira que seguiu todas as regras da promoção.
Nada Mais a Perder [Jojo Moyes]
The Kiss of Deception [Mary E. Pearson]
The Heart of Betrayal [Mary E. Pearson]

Parabéns as ganhadoras e obrigada aos 199 participantes da promoção.

15.11.16

Promoção #208: The Kiss of Deception e The Heart of Betrayal


Ler para Divertir, Reino da Loucura e Meu Passatempo blá, blá, blá estão sorteando os livros:
 The Kiss of Deception e The Heart of Betrayal

Sorteio Realizado Somente pelo Instagram dos Blogs
Válido até 30/11/16

Regras e Inscrições em:


Resultado

A Ganhadora é: Letícia dos Santos Paramos


Evangelho de Sangue [Clive Barker]

Clive Barker
Ed. Darkside Books, 2016 - 320 páginas:
      Todo mal tem uma origem. Pinhead está de volta. Por aproximadamente trinta anos o Sacerdote do Inferno - conhecido por todos nós pela sugestiva alcunha de Pinhead - tem sido um dos mais ilustres e famosos personagens do universo do terror de todos os tempos. O aclamado escritor Clive Barker, seu criador, apresenta agora o capítulo final desta saga, que teve início com Hellraiser - Renascido do Inferno. E agora não será diferente. Você vai entender tudo sobre o universo dos Cenobitas. Evangelho de Sangue reconduz os leitores ao tempo marcado por dois de seus mais icônicos personagens - Harry D’Amour e Pinhead -, que conduzem a história em uma batalha entre o bem e o mal tão antiga quanto o tempo, onde o autor conecta a mitologia de Hellraiser ao Inferno bíblico. Evangelho de Sangue é o sombrio, sangrento e brutal épico do terror, narrado pelo mestre inquestionável do gênero, e ansiosamente aguardado pelos fãs.

Onde comprar:

Escancarando as portas do inferno

Se o primeiro livro que li tivesse sido uma biografia ou um tratado de filosofia ou ainda um bom romance romântico, talvez não tivesse sido arrebanhado. Mas como curioso adolescente que fui, escolhi um livro de terror e tive a alma tocada, então irremediavelmente tomada e tragada pelo poder de um quarto escuro. Isso também é rock’n’roll, baby!

Evangelho de sangue (Darkside Books, 320 páginas) é a aguardada continuação de “Hellraiser – Renascido do inferno” de Clive Barker. É o embate entre dois personagens icônicos do autor, colisão entre dois universos díspares: o detetive sensitivo Harry D’Amour e o Cenobita Pinhead.

De onde Barker tira suas ideias? Será que ele sonha com isso? Entendo que os livros de Barker são a personificação de meus pesadelos, a concretização do que me assombrava quando criança, transmutação de agonia em realidade. Ele dá voz a coisas que eu gostaria que estivessem enterradas e ao mesmo tempo, pela curiosidade, anseio que se revelem.

Já no início, Pinhead aparece em grande estilo, em toda sua glória e insanidade, para enlouquecer e atemorizar (torturar) aqueles que se opõem aos seus desígnios de poder:


“... Ele era alto, bastante similar àqueles nos livros de demônios notáveis sobre os quais aquelas pessoas tinham se debruçado nos últimos meses, procurando em vão por alguma possível fraqueza da criatura. Era óbvio que não encontraram nada. Mas agora, quando surgia em carne e osso, havia um distintivo senso de humanidade naquele ser; algo do homem que fora no passado, antes que os trabalhos monstruosos de sua Ordem tivessem sido feitos. Sua carne era vitualmente branca, a cabeça careca tinha sido ritualisticamente marcada com sulcos profundos que corriam tanto horizontal quanto verticalmente, sendo que cada interseção um prego fora martelado através da carne sem sangue até o osso... Quaisquer que fossem os tormentos que ele planejara para aquelas últimas vítimas – e o conhecimento que tinha da dor e seus mecanismos teriam feito os inquisidores parecerem um bando de valentões de jardim da infância...”

E seu futuro oponente – Harry D’Amour, protegido por inúmeros sigils tatuados pelo corpo (que lhe avisam dos perigos e mantêm seu corpo fechado) se põe a relembrar de um evento que marcou sua vida:


“Enquanto falava, Harry olhou para o bode e depois para a porta aberta. As chamas azuis das velas tinham se aventurado para a rua, sem estarem ligadas a pavios ou cera. Elas estavam iluminando o caminho para alguma coisa. A intuição de Harry disse a ele que não era bom estar por perto quando esse Algo enfim se revelasse”.

O encontro entre os dois é inevitável, já que o detetive esbarra inúmeras vezes com demônios em suas aventuras pelo lado escuro. D’Amour é vítima de seus fantasmas do passado e no presente de uma armação. Acaba induzido a resolver o enigma da Caixa de Lemarchand. Irá pagar caro por isso. Os jogos se acabaram, agora é a Guerra:

“’Não se incomode em correr, Harry D’Amour,’ o Cenobita falou. ‘Pois não há para onde ir.’
‘Você... sabe o meu nome’, Harry disse.
‘E você, sem dúvida, sabe o meu. Diga-me, Harry D’Amour, quais palavras ouviu serem sussurradas que o fizeram deixar de lado os confortos do lugar-comum para viver, como me foi dito que vive, envolvido em constantes conflitos contra o Inferno?’
... O Cenobita fez um gesto com a mão esquerda e outro gancho e corrente atravessaram a porta, desta vez oscilando rente ao chão como uma serpente e, então, de repente saltando sobre o peito de D’Amour...”

A resolução do quebra-cabeça abre o portal que liga o inferno ao nosso plano e como podem ver pelo diálogo acima, o clima esquenta. Os sinais de que há algo errado estão por toda parte, nem é preciso ser sensitivo para percebê-lo, o mal quer dominar nosso plano:

“Houve um bom número de sinais de que algo de consequências substanciais estava prestes a acontecer em Nova York naquela noite. Para aqueles que sabiam ler os sinais – ou escutá-los, ou cheirá-los –, eles estavam em toda parte: na elegância sutil do vapor que saía dos bueiros em várias avenidas, no padrão da gasolina derramada de cada batida de carro que envolveu uma fatalidade, no estrondo causado pelos milhares de pássaros que circulavam por sobre as árvores do Central Park, num horário em que, em uma noite qualquer, estariam dormindo e em silêncio e nas orações que as almas sem-teto murmuravam, escondidas por questões de segurança onde o lixo era mais abominável.
... Harry parou de falar. Cada gota de tinta na sua pele lançou subitamente um brado de guerra; o som de mil sirenes silenciosas, todas de uma só vez. Foi como levar um chute na barriga. Ele perdeu o fôlego e caiu no chão...
‘Deve estar chegando perto’, Dale disse.
‘Acho que sim. Seja o que for, é grande’, Harry completou. ‘Temos de ir agora. Antes que chegue aqui.’
‘Antes que o que chegue aqui?’, Lana perguntou.
Dale virou-se e respondeu a questão.
‘O inferno.’”

Como se não bastasse esse problemão, Pinhead resolve arrastar a grande amiga de D’Amour, Norma Paine, para o inferno, não sem antes seviciá-la de todas as formas possíveis para satisfazer seus desejos vãos e provocar a ira do detetive. Junto a alguns amigos, o detetive partirá para o inferno para salvá-la. O que está em jogo é mais que a vida de sua amiga, há um propósito para tudo e o equilíbrio do universo pode estar em suas mãos. Definitivamente não é para estômagos fracos, nem para os excessivamente religiosos. Há violência, sexo e sangue, o flagelo de qualquer educação religiosa.

Confesso que esperava um pouco mais deste livro e ele começou promissor, com várias cenas chocantes, mas em algum momento Barker se perdeu nas descrições e se esqueceu do desenvolvimento das personagens, principalmente D’Amour (lembrou-me Constantine, porém sem o charme, carisma e acidez do mesmo) e a também sensitiva Norma Paine, que acabou subaproveitada. Talvez isso tenha ocorrido, no caso do detetive, porque o mesmo já é protagonista em outros livros e tenha sido plenamente desenvolvido, não sei.

Tive problemas com o excesso de detalhes, aliás, Barker detalhou inclusive o Inferno. Isso seria genial para um filme (podem anotar, este livro já já se tornará filme), nem deixa margem para o diretor se preocupar, está tudo lá. Mas para um livro prefiro o mistério, prefiro criar o meu próprio inferno. Há alguns erros tipográficos sim, que não maculam a obra e não interferem de maneira alguma no andamento da leitura.

Para quem já leu “Hellraiser”, claramente irá ler o grand finale. Pra quem ainda não se iniciou nos prazeres da dor, corra porque ainda há tempo. Sem contar que toda esta balbúrdia no Vale da Sombra da Morte poderá acordar alguém que dorme o sono dos pecadores – Lúcifer! E ele não ficará nada satisfeito com isso.

Barker redefiniu tanto a escrita, quanto as artes plásticas e cinematográficas do gênero horror e é um dos poucos que podem navegar com propriedade em qualquer uma dessas áreas. Vale à pena conferir!

Clique sobre a capa de Hellraiser para ler sua resenha:

Rodolfo Luiz Euflauzino
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31.10.16

The Kiss Of Deception [Mary E. Pearson]

Mary E. Pearson
Ed. Darkside Books, 2016 - 384 páginas:
      Plante ilusões e você colherá do mundo grandes decepções A força feminina é a grande estrela neste romance de Mary E. Pearson. Tudo parecia perfeito, um verdadeiro conto de fadas – menos para a protagonista dessa história. Morrighan é um reino imerso em tradições, histórias e deveres, e a Primeira Filha da Casa Real, uma garota de 17 anos chamada Lia, decidiu fugir de um casamento arranjado que supostamente selaria a paz entre dois reinos através de uma aliança política. O jovem príncipe escolhido se vê então obrigado a atravessar o continente para encontrá-la a qualquer custo. Mas essa se torna também a missão de um temido assassino. Quem a encontrará primeiro? O primeiro volume das Crônicas de Amor e Ódio evoca culturas do nosso mundo e as transpõe para a história de forma magnífica.

Onde comprar:

Inicialmente para situar você nesta resenha, vamos aos fatos cruciais para entendermos o enredo deste livro sensacional e espetacular. No mundo criado por Mary E. Pearson temos três reinos: O Reino de Morrigan, o Reino de Dalbreck e o Reino de Venda. Todos os três com relações diplomáticas bem abaladas, onde há muito vivem em guerra. Contudo Morrigan e Dalbreck decidem assinar um tratado de paz e se unir contra os ataques de Venda. Para tanto, um casamento seria selado para concretizar o acordo. É quando nossa protagonista com nome muito grande, que com apelido intimo a conhecemos como Lia, dá as caras e acompanhamos parte da história pelo seu ponto de vista.

Lia não quer em hipótese alguma se casar com uma pessoa que ela mesma não escolheu, mesmo sabendo que esta união seria em prol da paz. Ela não está nem aí, e cansada de ser tratada como mais um soldado de seu pai que cumpre o que lhe é mandado. No dia do casamento decidi fugir com sua amiga Pauline. Ambas estão decididas que querem ser donas de suas próprias vidas e que farão de tudo para serem felizes. É quando irão parar numa taberna trabalhando como garçonetes ganhando seu dinheiro e sendo independentes. Todavia a história muda de ponto de vista e conhecemos mais dois lados do enredo.

Quando tudo parecia andar como sonhavam, eis que dois homens vão à busca da Princesa. Um era o Príncipe ao qual fora prometida, que buscava entender como que alguém conseguiu desafiar as ordens de um rei, e o outro, um assassino enviado do Reino de Venda, que foi em busca de matá-la e eliminar problemas futuros. Acontece que Lia é a Primeira Filha da família real, o que na lenda de Morrigan as primeiras filhas possuem um dom capaz de ver o futuro e evitar desastres, e isso chama muito atenção dos Reinos. Só que infelizmente até os dias atuais Lia não tinha descoberto ainda esse poder e até ela mesma achava acreditar que seria a Primeira Filha a não possuir poder nenhum.

E aqui a autora nos prega uma peça que deixara todos de queixo caído. Esclarecendo: temos capítulos aos quais são iniciados apenas como Príncipe ou Assassino, apenas uma característica de suas funções na trama. Contudo em certo momento eles se apresentam como Rafe e Kaden, dificultando mais ainda quem é quem. Ou seja, temos capítulos intitulados Príncipe, Assassino, Kaden e Rafe, só que o que lemos é tudo muito por cima, não da pra saber quem é quem. Por mais que eu fizesse hipóteses mais profundas e tais, chegava um momento em que eu caía do cavalo e me via criando outras hipóteses. Foi uma surpresa pra mim, e garanto que será pra vocês também.

O amadurecimento da personagem também é notável. Vemos que ela muda muito durante todo o passar da história. Já os Príncipes e o Assassino, são personagens que me deixaram curiosos. Temos muitas coisas sobre eles, mas que poderia sim ter sido mais aprofundado dando mais personalidade a cada um. O segredo de quem é quem não se resolve apenas no final, se não se tornaria algo enfadonho em demasia. Descobrimos pouco depois da metade, e a história que já era boa fica melhor. O desenvolvimento se intensifica chegando a um ápice perfeito e nos atiçando para ler o próximo livro e já estou doido.

A narrativa da autora é cativante e como toda história medieval, o livro contém um mapa muito bem feito. O livro merece todo o boom que vemos nas redes sociais. Não me lembro de ter lido nada parecido, com algo muito envolvente. O triangulo amoroso se encaixa com a fantasia, é brilhantemente bem pensado, e cabível.

Indico por que merece ser lido. Vale a pena dar uma chance, conhecer personagens marcantes e únicos, e um final que faria qualquer leitor cometer um crime com a escritora.
Douglas Brandão
Geminiano, formado em Magistério e futuro professor de História. Mora na Bahia e louco por livros. Um pouco ciumento e orgulho. Fanático por Harry Potter e chegou a receber o apelido de "Vírgula" por sempre dar uma opinião ou comentário, porque sempre usa "Entretanto", "Contudo" e "Todavia" por ser sempre "Do Contra". Sincero ao extremo e venho para compartilhar meu gosto de leitura com vocês.
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