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12.8.20

Frank e o Amor [David Yoon]

David Yoon

Cortesia do Grupo Companhia das Letras

Olá pessoa, eu quis muito ler esse livro por ser o título da leitura coletiva no Instagram da editora Seguinte esse mês, porém devo confessar e talvez fique óbvio que já li e venho dizer porque acredito que você, deva ler também e talvez (dependendo de quando esteja lendo essa resenha) deva participar da leitura conjunta.

A história desse livro a princípio parece ser bem simples até. Frank começa a sair com a garota de seus sonhos, Brit Means e tudo se complica porque nunca conseguiu conciliar as expectativas de sua família tradicional coreana com sua vida de adolescente na Califórnia.

Frank e o Amor
Título: Frank e o Amor
Autor: David Yoon
Tradutor: Lígia Azevedo
Editora: Seguinte
Gênero: Romance | Teens & YA
Páginas: 408
Edição:
Ano: 2020
Onde comprar: Amazon

Para poder continuar saindo com quem quiser, Frank começa um namoro de mentira com Joy Song, filha de um casal de amigos da família, que está passando pelo mesmo problema. Parece o plano perfeito, mas logo Frank vai perceber que talvez não entenda o amor ― e a si mesmo ― tão bem assim. E o que poderia ser a simples história de um triangulo amoroso traz muito, muito mais no enredo.

“Tem mundos demais na minha cabeça — a escola, a Loja, a Reunião —, todos com suas próprias leis naturais confusas, forças gravitacionais e velocidades da luz. Só quero atingir velocidade de escape, ser lançado no espaço e povoar meu próprio planeta, do jeito que eu quiser.” (Página 59)

Com uma narrativa em primeira pessoa, somos apresentados a vida de Frank, a questão do racismo entre as colônias de imigrantes que criam nichos e tentam manter sua origem mesmo em outra cultura. Problema que se agrava quando seus filhos nascem e se veem sem o sentimento de pertencimento, sem saber “onde se encaixam”. Fiz uma analogia com o “eu nasci em tal estado, mas moro aqui a vida toda”, mesmo uma vida não trouxe aquela pessoa o sentimento de pertencer aonde está, e sim como alguém vindo de outro lugar.

A medida que ele nos conta sua história, vamos conhecendo mais da cultura do país de origem dos seus pais, talvez você, como eu, conte quantas letras tem seu nome. Elisabete 9 letras e comece a notar porque o primeiro amor é o ponto de ruptura para tantos questionamentos que Frank Li se faz. Vamos conhecer seu amigo que escolheu ser chamado de ‘Q’, os filhos dos amigos dos pais que compõem o limbo, alguns alunos da turma de Li e claro, Brit e Joy.

“Se tiver a infelicidade de não haver ninguém na sua vida que te faça rir, largue tudo e encontre essa pessoa. Atravesse o deserto se precisar. Porque risada não tem só a ver com graça. É a música das profundezas do cosmo que conecta todos os seres humanos e que diz tudo o que as palavras não conseguem expressar.” (Página 73)

A linguagem mistura um pouco de todos os universos que interagem com Frank, seja em seu diálogo sobre ser negro com Q e seus pais, seja com Brit sobre ser branco e com Joy, sobre ser filho de Coreano na América e não se sentir pertencente a lugar algum ou sobre como seus pais e a decisão de manterem a cultura afeta suas vidas. E com a crescente desses diálogos e questionamentos, Frank vai entendendo que ser adulto não é pagar as contas e sim descobrir que o mundo não gira em torno de si e que nem todas as decisões dos pais se baseiam no melhor para os filhos e sim em sua própria jornada de vida e busca por realizações e conquistas.

Q é o personagem secundário que mais surpreende ao longo da trama, não apenas por sua amizade com Frank, mas também por expor de forma tão clara o que é ser negro e porque isso deve ou não ser importante. Como mesmo não concordando, precisa e sabe que em algumas situações será julgado apenas por sua cor de pele ou descendência trazendo à tona questões extremamente relevantes. Assim como uma partida de RPG pode ser decisiva na vida de um jovem.

“- Mas o fato é: enquanto brancos filhos da puta continuarem se chamando de brancos, não tenho escolha a não ser me considerar negro. Porque eles vão me chamar de negro eu querendo ou não. E vão te chamar de asiático você querendo ou não. Então é melhor a gente se apropriar disso.” (Página 155)

Assim como a questão do racismo, não apenas de cor, mas também cultural é levantada a questão da imigração ganha destaque, e nos dias atuais onde recebemos tantas pessoas de outros países no Brasil achei muito oportuno esse debate e reflexão que acontece entre os personagens na história. Frank vive a reta final dos estudos do ensino médio e a escolha de carreira para faculdade, assim como seus amigos, se orgulha em ser nerd assumido e vê nas mudanças que virão um momento em que poderá começar a caminhar por conta própria, porém vive com o medo de que esteja errado e não seja bem assim.

Para terminar, preciso dizer que conhecendo a história do autor eu penso que esse livro seja um tanto autobiográfico e uma linda homenagem e reencontro com seu pai e sua própria história. Eu amei os destinos que cada um teve e confesso que em momento algum esperei as surpresas que aconteceram no final. Sendo que alguns desfechos foram incríveis por serem exatamente o esperado.

Não sei dizer se por ter lido em e-book ou por ser algo da própria história não foi um livro que li rápido, eu li num ritmo legal e fui meio que interagindo com várias situações em alguns momentos, me lembrando de como era ter 17-19 e toda uma vida pela frente, outras vezes como mãe e nas decisões e escolhas que preciso tomar por mim e pelo futuro dos meus filhos.

Mas nada falou tanto ao meu coração quanto a música do Legião Urbana “Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais”. Enfim, recomendo a leitura onde todas as coisas convergem para que a trama no fim seja incrível e a história muito mais que um romance adolescente, que mesmo em sua aparente falta de significância, pode sim significar muito e por uma vida inteira.

Boa leitura

18 comentários em "Frank e o Amor [David Yoon]"

  1. Olá Elisabete!
    Quando esta obra saiu por aqui, confesso que achei que seria mais um clichê adolescente genérico, mas por todas as resenhas que tenho lido posso dizer que eu não poderia estar mais enganado.
    Apesar de manter os assuntos juvenis de praxe para o gênero, como fim do ensino médio e inscrições para universidades, Yoon vai muito além e entrega ao leitor uma história rica que envolve cultura, racismo e outros temas relacionados. Outro destaque importante é a construção do protagonista e da sua família, pois temos uma verdadeira aula de costumes coreanos e imigração, aspectos que o próprio autor tem toda a moral para discorrer.
    Entre as mensagens que podemos absorver com essa experiência, com certeza a mais importante é a de que o amor está acima de tudo.
    Beijos.

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  2. Onde estamos e para onde iremos! Acho que esse livro é bem isso, se formos analisar no contexto geral!
    Isso do racismo, origens, cultura são assuntos que precisam ser debatidos o tempo todo, infelizmente e mesmo com esse "tantão" de temas, sinto que talvez, Frank e sua história resumam bem a luta de tantas famílias e seus lugares no mundo e até na vida de uns dos outros!
    Com certeza se tiver oportunidade, quero muito conhecer essa viagem em si mesmo de Frank e os seus!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  3. Olá,

    Caramba! Esse livro parece ser muito bom!
    Não conhecia ele, mas já fiquei louca para ler.
    Acho muito interessante colocar outras culturas, e como as pessoas de uma determinada cultura querem continuar pertencendo a ela e que seus descendentes também, mas acabam não compreendo as novas realidades, e o país onde moram atualmente. Muito interessante.
    Vou ler esse livro com certeza!
    Beijos

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  4. Fico a me perguntar se Frank e o Amor não tem um quê de autobiográfico. Afinal ele é casado com a também autora Nicola Yoon.
    Super legal essa iniciativa da Seguinte em fazer uma LC

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  5. Elisabeta!
    Delícia quando um livro ou um trecho dele nos toca profundamente, principalmente quando é uma música.
    Faz tempo que não leio Yas, justamente pela fórmula ser a mesma e talvez por não estar mais nessa fase de procura um amor, das dúvidas adolescentes e por aí vai.
    No entanto saber que o livro fala sobre a cultura coreana que pouco conheço e fala ainda do relacionamento dos protagonistas com seus pais, amigos e outras relações, até chama a atenção.
    cheirinhos
    Rudy

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  6. De início preciso dizer que achei a capa muito interessante :)
    Adoro esses livros que a história parece ser simples, que você não dá muita coisa, mas que no final é uma leitura extremamente agradável. E que legal que esse livro traga tanta reflexão! Além de ótimos personagens, pelo que percebi da sua resenha.
    Abraços

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  7. Olá Elisabete!
    Eu adorei esse livro, a história me surpreendeu positivamente. Além do drama adolescente e do primeiro amor a obra aborda tantas outras questões pertinentes. Achei a maneira que Frank conta a história quase poética e suas reflexões são muito interessantes. Gostei de conhecer mais sobre a cultura coreana, da qual eu não sabia quase nada. Me emocionei com a relação de Frank com o pai, a revelação final sobre Q me surpreendeu pois eu nem desconfiava de por quem ele estava apaixonado. Espero muito que o autor escreva uma continuação porque quero ver como vai ser a vida de Frank na faculdade.
    Beijos

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  8. Eu quando olhei esse livro não imaginei que a história seria essa, pensei que fosse histórias clichês de um adolescente e tal, porém é algo mais profundo. Ter essa sensação de não pertencimento deve ser muito ruim, além disso, o livro outras questões muito importantes para serem refletidas e discutidas, pois são assuntos cotidianos, assuntos que estão presentes no dia a dia.

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  9. Acho a capa desse livro a coisa mais linda! Esperava algo totalmente diferente, não sabia que ele abordava tantos assuntos importantes no meio. Achei muito interessante a ideia dele poder ser autobiográfico/uma homenagem, imagina se é mesmo? Incrível.
    Beijos

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  10. Aah que lindo! Já havia visto esse livro, mas nunca me aprofundei em seu enredo. Parece ser cativante e nos passar uma mensagem bela. Gostei que a história aborde racismo e preconceito, pois gosto de ver como os autores abordam esses temas. Fiquei ainda mais curiosa por parecer ser autobiográfico e quero conhecer e desfrutar dessas páginas que parece nos ensinar tento. Adoro quando somos levados à outros lugares e países, e conhecer novas culturas. Já quero ler

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  11. Eu li ano passado e gostei bastante.
    Tive um pouco de dificuldade para me conectar no início, mas, quando entendi Frank, tudo fluiu.
    A temática foi o que mais me chamou atenção, muito necessário falarmos sobre o racismo. E essa relação pai e filho ficou interessante.
    De fato, parece autobiográfico.
    E eu fiquei querendo mais, ainda mais sobre Q.

    Beijos

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  12. ola
    não tinha lido nenhuma resenha sobre esse livro é super importante abordar essas questões como o rascismo ,preconceito ainda mais nessa fase da adolescencia .Saber lidar com essas questões ,encontrar seu lugar no mundo não é facil ,mas é possivel .

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  13. Oi, Elisabete!
    Não costumo participar de leitura coletiva, e confesso que não me interessei em ler a história de Frank, não gosto de histórias com triangulo amoroso - seja de qualquer tipo - e história sobre romance adolescente... por isso dificilmente eu leria Frank e o Amor. Bjos!

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  14. Olá! Para ser sincera a principio a história não despertou tanto assim meu interesse, mas lendo a sua resenha, fui percebendo que o livro pode ter muito a nos ensinar, e isso é muito bacana, ainda mais porque ele lida com temas tão complexos.

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  15. Pelo jeito esse é um livro um pouco complicado a princípio, pois é necessário ter bastante entendimento dos personagens. Mas da para a leitura fluir com um tempo. Gostaria de ler esse livro em breve.

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  16. Engraçado, pois a princípio não curti tanto assim esse livro, mas lendo sua resenha percebi que meus medos (principalmente por conta do triângulo amoroso) foram um tanto quanto exagerados. A história traz bem mais hein e adorei saber desses pontos mais reflexivos, indo para lista em 3...2...1.

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  17. Oi!
    Esse livro parece ser muito interessante mostrando a cultura dos pais de Frank e a cultura do país onde ele nasceu.
    Legal que o personagem Q mostra como é ser negro, o preconceito que sofre.
    Estou curiosa para saber mais da relação de Frank com seu pai.
    Beijos

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  18. Oi, Elisabete
    Aii quero muito lê-lo.
    Parece ser uma história linda. Com emoção, abordando sobre cultura, racismo, e esse não pertencimento. Acho que o Frank se descobrirá de diversas formas.
    Bjs

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