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24.6.25

Quarta Asa, Vol. 01 - The Empyrean [Rebecca Yarros]

Rebecca Yarros


Ele chegou com força: o fenômeno do BookTok. Quarta Asa marca o início da série The Empyrean com uma proposta ousada, misturar fantasia épica, romance intenso e toques de crítica social em uma trama eletrizante, feita sob medida para o público jovem adulto. Nas mãos de Rebecca Yarros, somos transportados ao reino de Navarre, onde a sobrevivência está nas mãos (e nas asas) de dragões, e apenas os mais resistentes vencem os desafios brutais da temida academia militar de Basgiath.

Quarta Asa
Título: Quarta Asa
Autor: Rebecca Yarros
Tradutor: Laura Pohl
Série: The Empyrean
Editora: Planeta Minotauro
Gênero: Fantasia
Páginas: 544
Edição:
Ano: 2024
Onde comprar: Amazon

A protagonista, Violet Sorrengail, é apresentada como uma heroína atípica: fisicamente frágil e pouco inclinada à violência, é obrigada a abandonar sua formação como escriba (uma estudiosa, aquela que seria responsáveis por registrar informações) para competir em uma seleção que valoriza força bruta, estratégia militar e combates letais. O arco de Violet é um dos pontos altos da narrativa, pois ela personifica a resistência, a inteligência estratégica e a subversão das expectativas em um universo regido por meritocracia e dominação.

Narrado em primeira pessoa, o livro adota um tom direto, com linguagem acessível e ritmo ágil. Combinando elementos clássicos da fantasia como dragões, reinos divididos e poderes mágicos, com estruturas narrativas do romance contemporâneo, como o desenvolvimento de um enemies-to-lovers entre Violet e o enigmático Xaden Riorson. O romance entre os dois, apesar de por vezes previsível, sustenta uma tensão interessante e contribui para o dinamismo da trama.

A autora, Rebecca Yarros, escreve com emoção, sem perder o ritmo. É impossível não se envolver com as amizades sinceras, as perdas duras, os desafios diários e com o romance tenso e vulnerável entre Violet e o misterioso Xaden Riorson, que carrega suas próprias cicatrizes. Os dois se enfrentam, se curam e se desafiam. Não é um romance idealizado, é cheio de conflito, mas também de cumplicidade.

Um dos aspectos mais bonitos do livro é como ele lida com a ideia de fraqueza. Violet nos mostra que há coragem em continuar mesmo quando o mundo inteiro acha que você deveria parar. Como ela mesma diz:

“A fraqueza não me torna inútil. Só me torna diferente."”

Essa frase ecoa para quem já se sentiu fora do padrão, inadequado ou invisível. Além disso, Quarta Asa fala sobre autonomia. Sobre fazer escolhas, mesmo em um sistema que tenta apagar sua voz. Os dragões, por exemplo, não se submetem a qualquer um. Eles escolhem com quem vão lutar. E essa escolha mútua, baseada no respeito e na conexão, diz muito sobre como deveriam ser nossas relações, inclusive fora da fantasia.

Claro, o livro tem seus clichês: a escola militar, as disputas internas, a heroína subestimada que surpreende a todos, a fórmula da "escolhida", os triângulos amorosos em potencial e o sistema de castas dentro da academia lembram obras como Divergente e Jogos Vorazes, com a diferença de que aqui a ambientação é fantástica e não uma distopia, ainda assim, Rebecca Yarros se destaca ao abordar temas como opressão institucional, luto, lealdade e autonomia feminina, que conferem densidade ao enredo.

É importante destacar a recepção do livro: Quarta Asa conquistou grande popularidade nas redes sociais e atingiu o status de best-seller em poucos meses. Isso reflete não apenas o apelo da história, mas também a eficácia de Yarros em dialogar com uma geração que busca representatividade, romance e aventura em doses equilibradas.

Nem todo sucesso literário está imune a questionamentos, e talvez seja exatamente isso que torna Quarta Asa uma leitura mais rica: reconhecer suas virtudes, mas também encarar de frente suas fragilidades.

O romance entre Violet e Xaden, embora cativante, por vezes evolui de forma apressada, deixando de explorar camadas emocionais que poderiam torná-lo ainda mais profundo e convincente. Há momentos em que a intensidade do relacionamento entre os dois parece atropelar o ritmo da narrativa, ocupando um espaço que poderia ter sido dedicado a desenvolver outros elementos igualmente interessantes.

A política do reino, os conflitos internos da academia e até mesmo o fascinante universo dos dragões acabam sendo deixados em segundo plano. E isso se torna mais evidente justamente quando pensamos que os dragões, um dos grandes atrativos da trama, poderiam ter um protagonismo maior. Eles são criaturas marcantes, cheias de personalidade e autonomia, o que é um acerto da autora. Mas sua presença, em muitos trechos, é quase apagada por cenas de treinamento ou pela centralidade do romance.

Diante disso, a expectativa para os próximos volumes é alta (e com razão!). Há um universo vasto e promissor em Quarta Asa, pedindo para ser explorado com mais profundidade e equilíbrio.

Mas afinal... vale a leitura? Com certeza! Especialmente se você busca uma fantasia carregada de emoção, com personagens femininas que se destacam não pela força física, mas pela força interior, pela coragem de persistir mesmo quando tudo parece perdido. A história é envolvente, sensível e poderosa, ainda que imperfeita. O que Rebecca Yarros entrega neste primeiro volume é promissor. Se ela conseguir equilibrar melhor as múltiplas camadas da trama e mergulhar com mais ousadia no mundo fantástico que criou, The Empyrean pode se tornar uma das grandes séries da fantasia contemporânea.

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