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23.2.15

A Busca pela Imortalidade [John Gray]

John-Gray
Ed. Record, 2014 - 252 páginas:
      Do consagrado autor de cachorros de palha, uma visão brilhante e assustadora do lugar solitário do homem no universo e sua busca pela imortalidade. A obsessão com a natureza da morte e as diversas tentativas do homem de tentar explicar e até provar que existe vida após a morte são o tema deste livro. A recusa em acreditar que a morte é o fim de tudo e insistir na nossa imortalidade resultou em vários experimentos e ideologias que, conforme Gray apresenta, perduram até hoje. As implicações do livro de John Gray vão assombrar os leitores para o resto de suas vidas - e talvez além dela. 

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Vozes dos que já se foram

Não sou de fraquejar diante de livro algum, não há abandono mesmo ao me deparar com uma leitura enfadonha ou que tenha me ludibriado. Foi o que ocorreu com A busca pela imortalidade (Rercord, 252 páginas), que me fez acreditar, pela capa, tratar-se de um livro sobre o avanço da medicina em relação à longevidade.

A capa é sensacional, um equilibrista se balançando em cima de uma cadeira, que está em cima de outra cadeira, que por sua vez está em cima de uma mesa no último andar de um prédio (é balançar-se acima de um precipício). Não é a capa original, sendo que esta da Record foi a que me ganhou de cara.

O livro de John Gray não é de ficção e possui citações maravilhosas, como a de Frederick Seidel que nos diz: “Cada buraco de bala é um portal para a imortalidade”, deixando-nos totalmente à mercê de nossa própria reflexão.

Na primeira parte do livro somos arremessados de encontro a pensadores que travaram consigo e com todos sua crença sobre a religião e a vida após a morte. As personagens deste livro são historicamente conhecidas: Darwin, madame Blavatski, Górki, Lenin, Stalin, H.G.Wells, Lamarck, Aleister Crowley. Quem não os conhece, basta dar uma busca pelo Google e ficarão boquiabertos:
    “A religião não é um tipo primitivo de teorização científica, nem a ciência é um tipo superior de sistema de crenças. Assim como os racionalistas interpretaram mal os mitos, como se fossem protoversões de teorias científicas, cometeram o erro de acreditar que as teorias científicas podem ser literalmente verdadeiras. Ambos são sistemas de símbolos, metáforas para uma realidade que não pode ser expressa em termos literais...”
É aí que começa a grande guerra entre aqueles que abraçavam o Espiritismo por inúmeras razões e outros que os declaravam um engodo.
    “Durante o final do século XIX e o começo do século XX, a ciência transformou-se em um instrumento investido contra a morte. O poder do conhecimento foi convocado para libertar os seres humanos de sua mortalidade. A ciência foi lançada contra a ciência e tornou-se um canal para a magia.”
Darwin é incitado de certa forma a dar sua opinião sobre a morte e ela vem de encontro ao que acredito ou quero acreditar:
    “... por que suas vidas deveriam terminar como as dos outros animais, no nada. Se fosse assim, como poderia a existência humana ter algum sentido? Como se poderiam conservar os valores humanos se a personalidade humana era destruída no momento da morte?”
Tenho medo da morte sim, é um medo atávico, sem explicação. O pior é que tal frase me fez ficar pensando em outras questões: o que nos faz melhores que os animais ou que uma formiga, por exemplo? Digo isso em relação à morte. Por que podemos possuir o status de ter vida após a morte enquanto um outro ser não? Mas isso é uma discussão para outro livro.

Sigo e sinto necessidade de teísmo, mas não me curvo à autoridade de nenhuma religião, talvez Henry Sedgwick se expresse melhor:
    “... Não sei se acredito ou apenas espero que exista uma ordem moral no universo que conhecemos, um princípio supremo de Sabedoria e Benevolência, guiando todas as coisas para bons fins e para a felicidade do Bem.”
Por outro lado se tudo se encerra com a morte, por que sermos éticos? Sedgwick chamou a isso de “dualismo da razão prática”. Poderíamos todos ser na melhor das hipóteses hedonistas, e na pior, pura e simplesmente egoístas.

Olhem a confusão na qual fui me meter com este livro, é um vespeiro sem tamanho. O título original poderia trazer maiores esclarecimentos – “The Immortalization commission” – em tradução literal “A comissão da imortalidade”, afinal de contas um grupo de estudiosos e beneméritos decide que se houver vida após a morte, assim que passarem para o outro lado haveriam de dar um sinal que só os mesmos entenderiam. Textos fragmentados (psicografados de fontes diversas), de enorme erudição, deveriam ser decifrados através de uma colagem - correspondências criptadas. Isso daria a todos os pesquisadores do psiquismo a prova de que o espírito sobreviveria após a morte física.

O problema é que é aí que o livro naufraga. John Gray escreve com tendência a menosprezar o trabalho espírita que estimo muito. Apesar de ser uma pesquisa bem fundamentada, ela carece de outros pontos de vista e fica sujeita a considerações nada abonadoras. O autor me parece um agnóstico, que segundo um amigo meu, é um indivíduo que não crê e nem deixa de crer, falta colhão para ser ateu (hilária definição por sinal).

Fui de nada para lugar nenhum com este livro. Porém, a partir do segundo capítulo o livro melhorou porque entra em cena uma personagem histórica misteriosa e fascinante – Moura – amante de H.G.Wells, sim o escritor de inúmeros sucessos, tais como “A máquina do tempo”, “A ilha do Dr.Moreau”, “A guerra dos mundos” e tantos outros que abordam questões morais e metafísicas.

Então mesmo que este livro tenha sido arrastado e cheio de questões insolúveis, toma um rumo totalmente diferente com Moura, entrando no mundo da espionagem e da Guerra Fria e tudo o que é de cunho histórico me fascina.

Caso o leitor consiga chegar até aqui não se decepcionará!

Cortesia da Editora Record

Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!

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26 comentários em "A Busca pela Imortalidade [John Gray]"

  1. Não tinha ouvido falar neste livro ainda, mas retrata o que nós seres humanos sempre queremos saber e driblar, que é a morte, já que é a unica certeza que temos. Gostei do filme, mas fico meio assim, pq o homem está querendo ser maior e mais poderoso que Deus.

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  2. Um livro diferente dos que normalmente são resenhados nos blogs e exatamente por isso me chamou a atenção.
    Adoro esse tipo de debate, sobre vida ou não após a morte, existência ou não de Deus ou deuses, então acredito que iria curtir. Dica anotadíssima.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de fevereiro. Você escolhe o livro que quer ganhar!

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  3. Não curto esse tipo de livro e não o leria.

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  4. Rodolfo, querido, mais um livro que me deixa curiosa, inquieta e sim, incomodada. Exatamente pelo que vc falou, a necessidade de outros pontos de vista para que, enfim, o autor estabeleça o seu e deixe que o leitor tb o faça. Não gosto quando conduz - de forma tendenciosa, explícita ou não - uma questão que merece tanto cuidado: a crença de cada um.
    "O poder do conhecimento foi convocado para libertar os seres humanos de sua mortalidade", perfeito, buscamos isso, queremos que haja algo depois, é raso demais viver só aqui, uns padecendo, outros reinando, e tudo terminar como começou. Sensação de vazio, não é?
    Admiro quem sinta a força superior sem, necessariamente, se filiar a alguma religião. Mas acredito que a grande maioria precise do barco que conduza a algum lugar, não sabem nadar ainda.
    Pensei em ler o livro pelas colocações bem pontuadas, pelas divagações que pode me fazer ficar pensando por bons momentos. Mas de antemão já sei que vou me irritar com o autor, então, meu caro, vou com calma.
    Mais uma bela e instigante resenha.

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  5. Já tinha visto esse livro antes, mas nunca tinha parado para saber algo em relação a ele. Pra variar, sua resenha foi ótima, mas esse livro não me chamou a atenção em nada. Sinto uma enorme necessidade de obter respostas, mesmo que sejam inúmeras para uma mesma pergunta. Mas, pelo que senti ao ler sua resenha, as questões lançadas só serviram para emaranhar nossa cabeça ainda mais. Enfim, nesse momento, não o leria.

    @_Dom_Dom

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  6. Rodolfo, gosto muito das suas resenhas, principalmente por sempre trazerem temas diferentes. Além disso, aprecio muito pessoas com alta capacidade crítica e reflexiva.
    Entretanto, confesso que não me identifico muito com essa temática. Talvez por ter uma opinião formada sobre o assunto, e também por achar o fato do autor "menosprezar" as crenças alheias algo completamente desnecessário.
    Não pretendo ler o livro, mas gostei de saber da existência dele e também do seu ponto de vista sobre o que leu.
    bjs

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  7. Quero muito ler esse livro! A sinopse eu achei bem confusa e nada explicativa, já sua resenha me deixou curiosa com o que o livro pode oferecer. Adoro não-ficção e gosto mais ainda de textos reflexivos sobre fatos históricos, acho que vou gostar.
    Parabéns pela resenha.
    Abraço,

    http://umaleitoravoraz.blogspot.com/

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  8. A capa é bem interessante e me chamou a atenção, e embora tenha gostado da sua resenha não me interessei pelo livro

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  9. A capa é realmente muito bonita, chama a atenção. No entanto, a capa foi a única coisa que me chamou a atenção, pois o conteúdo não me interessou em nenhum aspecto, infelizmente. :/ Essa é uma leitura que não irei fazer.

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  10. Ainda não conhecia o livro. A capa é bonita, o tema é interessante, mas não é do tipo que me agrada no momento. Talvez eu dê uma chance a ele numa outra oportunidade.
    Beijos.

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  11. Rodolfo amado!
    O livro me pareceu colocá-lo em uma dualidade 'existencial'(?) sobre questionamentos que talvez não queira enfrentar...
    Achei um tanto filosófico e isso muito me interessa, questionar as teorias pré-existentes e nos fazer pensar e ver as coisas por uma abordagem diferenciada da que acreditamos, nos fazendo quebrar determinados paradigmas. Os livros de cunho filosófico causam isso e com toda certeza gostaria de ler.
    Adorei a capa também.
    E suas palavras tão humildes e sinceras em sua análise.
    Semaninha carregada de muita energia e luz!
    Cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  12. Não conhecia esse livro.
    Fiquei muito curiosa pra ler e tentar entender tudo isso, já que agora fiquei confusa.
    É um livro complexo, parece te levar sempre ao questionamento de coisas realmente é questão de "acreditar".
    Me interessei, refletir sempre é bom.

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  13. A capa é demais. Compraria só por ela!
    Fiquei mega curiosa!
    Já as 3 estrelas me deixaram desanimada...
    As questões políticas do livro são interessantes, mas dai entrar no tema religião é algo perigoso...
    Eu curto saber de doutrinas diferentes, mas não gosto de ler quando foca em uma apenas... a não ser quando quero ler algo específico sobre a minha religião para saber mais, tirar dúvidas mas dai é diferente.
    De qualquer forma fiquei interessada, mas não tanto!
    O tema é mega interessante e o que te incomodou talvez não me incomode, não sei...

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  14. Eu adoro esses tipos de livros que nos fazem pensar e bos inspiram com opiniões. No entanto não gosto muito do ar presunçoso da maioria dos autores que, por sua genialidade em alguns aspectos, escrevem como se só eles tivessem descoberto a grande verdade e o resto de nós vivesse em ilusão. Na verdade eu acredito que nenhum ser humano jamais descobriu ou descobrirá a verdade, pois provavelmente ela vai alem da nossa compreensão. Descobrimos (ou criamos) adaptações da verdade que chamamos de religião. Bem, é a conclusão que cheguei, mas não quero parecer presunçoso como disse antes e posso estar enganado.
    Enfim. Ainda são leituras válidas e esse livro eu não conhecia. Vou procurar pra ler. ;) ótima resenha!

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  15. Caro Rodolfo! Só voce mesmo pra escrever uma resenha tao boa de um livro que parece ser muito difícil de ler. Eu nao me arrisco em pega-lo porque na tpm que ando seria o primeiro livro que eu encostaria sem ler ate o fim (algo que nunca fiz com livro algum rs). Adorei a capa e a sinopse porém sabendo da forma que é abordado o tema tenho certeza que não vou gostar ainda mais que respeito muito o espiritismo e nao iria concordar com as colocações do autor. Mas por outro lado para ter certeza só lendo mesmo ne? Então vou pensar mais um pouquinho antes de descartar tal leitura. Parabéns pelas suas colocações, ficou otima sua resenha!

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  16. Olá Rodolfo!
    Capa genial e resenha excelente!
    Mas vou deixar passar essa leitura,ao menos por enquanto!
    Esse é um tipo de livro pra ser lido de mente aberta e por que não com um pouco de seriedade?
    E como você disse fui do nada para lugar nenhum...quero ir à lugares que sei onde vou chegar ou se não sei pelo menos quero me divertir pelo caminho.
    A resenha ficou caprichada!Parabéns!
    Abraço!

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  17. Já imaginou que tédio viver para sempre? Eu ás vezes sinto que já vi de tudo nesta vida, imagine isso durante séculos! A imortalidade provavelmente acabaria em suicídio.
    Adorei a resenha

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  18. Oi Rodolfo. Eu gosto de ler este tipo de livro quando quero dar uma variada nos meus livros. E o tema é realmente interessante, com tantas personalidades históricas sendo retratadas. Me deu uma curiosidade sim, embora a leitura tenha sido um pouco decepcionante. eu também não costumo largar um livro no meio.
    Beijos

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  19. Rodolfo querido, também não viro as costas para um livro por mais chata que a leitura se apresente, sempre tenho esperança de que a história me recompense ao seu final. Em grande parte das vezes valeu a pena pagar pra ver.

    Apesar da leitura ser enfadonha pareceu-me um livro interessante.

    Quando bati o olho na capa achei que o autor faria comparações entre pessoas que tomam milhares de cuidados pra não morrer e pessoas que vivem cutucando a onça, quer dizer, a morte com vara curta....rs...

    bj da angel ;)
    www.comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br
    http://www.skoob.com.br/estante/livros/todos/14906

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  20. Nunca tinha ouvido falar desse livro e nem me interessei por ele. Também não gosto de largar livros pela metade e sempre termino a leitura, por mais chata que seja, então prefiro evitar começar a ler algum livro que eu ache que não vá me prender.

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  21. Não gosto deste estilo literário mas pra quem gosta parece um livro bem interessante e a capa ficou muito interessante também não gosto de começar um livro e parar no meio !!!

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  22. Hum, definivamente não faz meu estilo de leitura. Talvez em outro contexto funcionasse, mas do jeito que você apresentou a narrativa na resenha não terei paciência para lê-lo.

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  23. Apesar do livro parecer ter um conteudo interessante, não o leria pois não curto muito esse tipo de gênero!

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  24. Olá Rodolfo!
    Confesso pra você que esse livro não faz muito meu gênero. Aprecio demais suas resenhas, por isso aqui estou, lê-las sempre me inspira, fascina e me traz conhecimentos. Na maioria das vezes é você o culpado por aumentar meu acervo. haha
    Mas, mesmo amando suas palavras, esse livro realmente não me atraiu.
    Ficarei feliz em conhecer mais obras através de você, estarei no aguardo.
    Bjos
    Ni
    Cia do Leitor

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  25. Está aí um livro que desconhecia. Eu gosto desse tipo de livro, mas como você disse que neste caso, o livro foi mal desenvolvido na maior parte do tempo, vai ser difícil se dedicar a um livro só pela perspectiva de um final que talvez seja melhor. Mas quem sabe um dia.
    Parabéns pela resenha, bjs!

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  26. Rodolfo
    Todos estes conceitos e reflexões citadas na resenha são sempre subjetivos, podemos ficar numa mesa de bar discutindo a questão por horas e não vamos chegar a nenhuma conclusão. Sou católica mas acredito no espiritismo e respeito muito, acredito que nada sobre este assunto pode ser classificado como certo ou errado, é tudo baseado no posto de vista. Não leria o livro, mas adorei ler a resenha.
    Abraços,
    Gisela
    @lerparadivertir
    Ler para Divertir

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