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20.11.17

Mestre das Chamas [Joe Hill]

Mestre das Chamas
Ed. Arqueiro, 2017 - 592 páginas
- "Ninguém sabe exatamente como nem onde começou. Uma pandemia global de combustão espontânea está se espalhando como rastilho de pólvora, e nenhuma pessoa está a salvo. Todos os infectados apresentam marcas pretas e douradas na pele e a qualquer momento podem irromper em chamas. Nos Estados Unidos, uma cidade após outra cai em desgraça. O país está praticamente em ruínas, as autoridades parecem tão atônitas e confusas quanto a população e nada é capaz de controlar o surto. O caos leva ao surgimento dos impiedosos esquadrões de cremação, patrulhas autodesignadas que saem às ruas e florestas para exterminar qualquer um que acreditem ser portador do vírus. Em meio a esse filme de terror, a enfermeira Harper Grayson é abandonada pelo marido quando começa a apresentar os sintomas da doença e precisa fazer de tudo para proteger a si mesma e ao filho que espera. Agora, a única pessoa que poderá salvá-la é o Bombeiro – um misterioso estranho capaz de controlar as chamas e que caminha pelas ruas de New Hampshire como um anjo da vingança. Do aclamado autor de A estrada da noite, este livro é um retrato indelével de um mundo em colapso, uma análise sobre o efeito imprevisível do medo e as escolhas desesperadas que somos capazes de fazer para sobreviver."

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A chama que não se apaga

Sou emotivo por natureza e por vocação, engasguei-me em alguns trechos de Mestre das chamas (Arqueiro, 592 páginas) de Joe Hill e me senti feliz por não ser assim tão durão. Há passagens de cortar o coração. Mas eu queria muito ler este livro que já era sucesso lá fora e a Arqueiro fez um belo trabalho de edição que me atiçou ainda mais.

O que aconteceria se uma epidemia se alastrasse rapidamente e os infectados sofressem de combustão espontânea? Isso mesmo, explodissem em chamas sem qualquer aviso prévio.

“O homem que andava como se estivesse embriagado começou a murchar. Então arqueou as costas numa convulsão, jogou a cabeça para trás e as chamas lamberam a frente de sua camiseta. Harpes viu num relance o rosto emaciado, contorcido de agonia, e então a cabeça virou uma tocha. Ele bateu no peito com a mão esquerda, mas a direita continuou segurando a escada de madeira. A mão direita ardia em chamas, carbonizando a madeira. Ele jogou a cabeça cada vez mais para trás e abri a boca para gritar, mas o que jorrou de sua boca foi fumaça preta.”

Uma a uma as cidades vão sendo tomadas por incêndios provocados pela queima de corpos. Não há controle, ninguém sabe nada sobre o germe a não ser que é alto o índice de contágio. Todos estão abalados e o pânico toma conta da população. Seria o início do fim do mundo, o apocalipse pelo fogo?

“— Todo dia é 11 de setembro — disse ela. — Como é possível viver quando todo dia é 11 de setembro?”

No ápice do caos surgem os defensores dos não infectados, liderados pelo Homem de Marlboro, capazes das maiores atrocidades a fim de salvaguardar àqueles que ainda não apresentam sinais de serem portadores, patrulheiros desesperados que vagam pelas ruas eliminando sem piedade aqueles que chamam pejorativamente de “guimba”.

“... ficar ali nem era mais seguro. Mais cedo ou mais tarde eles iriam fuzilar o resto dos detentos por um motivo ou outro. Iriam fuzilar todo mundo e dizer para si mesmos que era a coisa certa a fazer, que tinham nos salvado de morrer de inanição, ou queimados vivos, ou sei lá como. Os responsáveis por tomar as decisões sempre conseguem justificar atos terríveis em nome do bem maior. Um massacre aqui, uma pequena tortura ali. Torna-se moral fazer coisas que seriam imorais se fossem atos de um indivíduo normal.”

Harper Grayson é uma enfermeira que ajuda a todos aqueles que sofrem do mal de serem carbonizados por si mesmos. Hospitais lotados não dão conta do número de infectados. Quando alguém pega fogo leva consigo mais um bando de pessoas desesperadas que também se inflamam. Apesar do grande aparato para evitar o contágio, o mesmo se mostra ineficaz.

Harper percebe os primeiros sinais da doença em seu corpo e sabe que precisa se proteger, em pouco tempo ela também se tornará alvo. Como se as coisas não pudessem piorar seu marido a abandona e ela, além da doença, se descobre grávida.

Em meio ao colapso do mundo Harper toma conhecimento de que há uma pessoa que poderá ajudá-la, “o Bombeiro” (Fireman do título original). Ele é o único capaz de controlar as chamas e age como justiceiro, protegendo e vingando os infectados.

Na busca por este ser misterioso ela acaba chegando a uma comunidade que consegue controlar de alguma forma a doença. As pessoas não morrem e vivem felizes. Porém, a felicidade é um conceito ilusório, ainda mais com milícias caçando infectados. A luta pelo poder dentro da comunidade coloca em risco a todos, inclusive Harper que não aceita ser tratada como rebanho. E assim como em uma Jonestown com um líder tão alucinado quanto Jim Jones, as coisas começam a ruir.

“Harper pensou que havia a chance de em breve uma delas recuar e chutar sua barriga como se fosse uma bola de futebol, por pura diversão. Elas não sabiam mais o que estavam fazendo. Talvez já tivessem ido muito mais longe do que pretendiam. Talvez sua intenção tivesse sido apenas acertá-la com bolas de neve e sair correndo. Haviam esquecido quem eram. Haviam esquecido os próprios nomes, as vozes de suas mães, os rostos dos pais. Pensou que era bem possível elas a matarem ali na neve sem querer. Usar aquela tesoura para cortar sua garganta... O sangue jorrando de sua carótida seria tão lindo para elas quanto fogos de artifício projetando uma ardente chuva vermelha de fósforo.”

Involuntariamente Harper e o Bombeiro tornam-se líderes de um grupo que se rebela dentro da comunidade. Eles descobrem que ainda há esperança – através de ondas de rádio tomam conhecimento de uma ilha que recebe os infectados e os trata. Há jornadas a percorrer e todas elas repletas de perigo.

Enfim, este livro é um filme pronto! Recheado de cenas de ação, as páginas vão passando e nem percebemos. O livro é enorme, mas não é cansativo em momento algum. Hill se utiliza muito das técnicas do pai para nos manter ligados o tempo todo.

O final dos tempos está próximo, é logo ali na esquina. O que faríamos se nos deparássemos com uma situação dessas? Eliminaríamos os infectados que não possuem chance de sobrevivência? E se por acaso estivéssemos infectados, entraríamos em desespero sabendo que a cura não existe ou viveríamos corajosamente em busca de uma hipotética felicidade?

O que falta para eu dar 5 estrelas a este livro alucinante? Talvez nada. Talvez eu esteja apenas sendo muito rigoroso com Hill. É que ainda espero muito deste autor filho de peixe grande. O que quero deixar claro aqui é que li este calhamaço como se tivesse 50 páginas. Acho que não há elogio maior para um escritor do que dizer que não consegui largar o livro nem pra tomar banho. Outra obra que enfaticamente recomendo!


Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
Cortesia da Editora Arqueiro
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31 comentários em "Mestre das Chamas [Joe Hill]"

  1. Oi Rodolfo, também acho que não há elogio maior que dizer que não conseguiu largar até chegar ao final e foi justamente esse destaque que me despertou interesse na resenha e no livro. A trama tem mesmo cara de filme e eu gostaria de assistir a uma adaptação dessa história, espero que um dia façam e espero já ter conseguido ler o livro antes disso ;)

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    1. cara Lili, este livro tem tudo pra se tornar filme de sucesso, estilão hollywoodiano (com uma pitadinha de maldade). ficaria feliz se você também lesse o livro pra gente comentar a respeito. bjos

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  2. Oi Rodolfo,
    Quero muito ler Mestre das Chamas!A sinopse aliada ao autor atiçou minha curiosa desde o lançamento.
    Bom ver que apesar de ser grande o livro não é cansativo.

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    1. cara Helen, que coisa boa menina. pois leia porque este livro é muito bom. vá por mim, você não irá se cansar em momento algum. bjos

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  3. Bonito blog! Visite o meu: https://afelicidadesefabrica.blogspot.com.br/ :D Abraço!

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  4. Olá RÔ!
    Pela primeira vez não tenho muito o que falar dessa resenha. Você falou tudo. Eu li essa maravilha e como você, fiquei fascinada pela incrível historia que Hill criou. Bate aqui! o/
    Esse rapazinho filho de peixe grande está evoluindo depressa. rsrsrs
    Bjos
    Ni
    Cia do Leitor

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    1. eiiiiiiiii Niiiiii, sei que você leu e sei como você ficou após a leitura, boca aberta, olhos arregalados, vontade de ler mais e mais, mesmo já tendo lido um livrão destes. o menino tem talento não é mesmo? bjos

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  5. Oii Rodolfo!
    Adorei sua resenha, parabéns!
    Tbm gosto qdo pego um livro pra ler e o enredo não me deixa parar de ler...
    Não conhecia o livro, gostei bastante, vai pra minha listinha...
    Bjs!!

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    1. cara Aline, obrigado pelas palavras carinhosas. este livro é pra se ler em um fim-de-semana, sem descanso, você vai dormir e acordar com o livro no colo. bjos

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    2. Assim que eu gosto, de uma boa leitura!
      Bjs!!

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  6. Olá! Esse é um livro maravilhoso sobre sobrevivência, realmente não dá para perceber que são tantas páginas, pois o livro possui uma história única e personagens incríveis.

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    1. olá Elizete, é um livro belíssimo sim. pelo jeito você já se deliciou com ele também e sabe como é saboroso. bjos

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  7. Quero muito ler esse livro, li um livro do autor e gostei muito. Deve ser uma historia cheia de adrenalina, as pessoas explodirem foi uma ideia diferente, parece que gera muitos questionamento sobre a questão.

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    1. cara Maria, não deixe a vontade passar, você não irá se arrepender. as pessoas explodem seus corpos sim, mas fazem mais que isso, explodem nosso coração. maravilhoso. bjos

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  8. Olá Rodolfo que livro instigante! O autor foi muito criativo com essa história pois mexe com a fragilidade humana diante de uma realidade desconhecida que nos faz pensar no amanha e em toda a nossa crença. Tal doença traz a tona o preconceito das pessoas em relação as doenças declaradas sem cura nao é mesmo? Isso deve agitar muito a cabecinha das pessoas envolvidas. Realmente parece um livro bem elaborado e gostoso de se ler. Fiquei muito curiosa com a historia e louca pra saber como vai terminar tudo isso. Adorei a dica, obrigada! Parabéns pela resenha maravilhosa com certeza me convenceu a ler a obra.

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    1. cara Sophia, bota instigante nisso. o autor trabalha a questão da força e da necessidade através da fragilidade. e como você muito bem identificou, há doenças que afastam as pessoas ao invés de uni-las, é triste ver que o caminho da desunião está pavimentado, mas o da aceitação é pura pedra. obrigado pelas palavras carinhosas, leia sim e depois voltaremos a prosear. bjos

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  9. Oi Rodolfo.
    Já preciso ler esse livro, eu já tinha visto falar dele em algum lugar e ele me chamou bastante a atenção desde o começo, ler um calhamaço desse sem que perceba, é realmente um feito muito bom, isso já aconteceu comigo e não é atoa que as obras se tornaram minhas preferidas, mas voltando ao que interessa, realmente complicado a premissa do livro, acho que se eu estivesse infectada tentaria viver de maneria normal o máximo possível, mas preferiria não viver, se isso colocasse a vida de alguém em risco, enfim, realmente complicado, não vejo a hora de ler.
    Bjs.

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    1. cara Marlene, precisa mesmo. se você não se assusta com a quantidade de páginas melhor ainda. é triste percebermos que ao invés de ajuda, pessoas que sofrem de doenças incuráveis, encontra a porta na cara. quando mais se precisa de um ombro é que se revelam os verdadeiros amigos né? bjos

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  10. Puxa, Rodolfo...
    Cenário apocalíptico, as pessoas se transformam para sobreviver. O que é moral é ético não faz mais parte do caos instalado. De que lado eu ficaria, sendo infectada ou não? Como agiria? Acho que quando o leitor se coloca sob essa perspectiva, bingo!, o autor tocou no coração. Fico me imaginando numa trama dessas, bolando saídas, temendo consequências, pesando e medindo cada passo a dar. Outra maravilha de uma história bem contada, vc não briga mais com o autor, não desconfia dele, a entrega é a completa imersão na proposta, não largamos o livro até que tudo seja esclarecido. Aí lhe pergunto: o final foi satisfatório? Para mim basta ser coerente, não torço por um happy end, só reclamo se o autor não me convencer.
    Que resenha de fácil digestão, Rodolfo, que facilidade com as palavras, vc me puxou para dentro dessa experiência
    Sabe que lembrei de Ensaio sobre a cegueira? Foi o único livro que li em situações extremas como as que vc citou, nas mãos do Saramago qualquer ficção vira realidade, todo horror é permitido. Leu? Leia, leia, leia!
    Meu caro amigo, que bom que vc tem seu lado emotivo, isso denota sensibilidade, o que já tem grande valor, mas tb coragem para reconhecer sua vulnerabilidade - e é uma qualidade linda.

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    1. cara Manuh, são em situações-limite que o ser humano é realmente forjado. há que se criar uma nova moral ou modelo que não se choque com a luta pela sobrevivência. vida dura desse povo. assim como você me coloquei do lado dos infectados e dos não-infectados. e olha que foi uma luta constante, isso tudo acontecendo dentro de mim. o final foi maravilhoso, de encher os olhos.
      não li "ensaio sobre a cegueira", mas sei que saramago é ímpar por causa de "memorial do convento" que nunca mais me saiu da memória. obrigado pelas palavras carinhosas de sempre querida. bjos

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  11. Rodolfo!
    Infelizmente ainda não tive oportunidade de ler nenhum livro do autor, uma pena!
    Lendo sua resenha, não sei porque, lembrei de Caixa de pássaros, onde não se sabia de onde vinha 'as criaturas', a protagonista também estava grávida e viveu o dilema de ter ou não o bebê e no final, encontra um local mais protegido...
    DE qualquer forma, a curiosidade me faz desejar fazer a leitura.
    Uma semana carregado de luz e paz!
    “ Lança o saber e não terás tristeza.” (Lao-Tsé)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

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    1. o quêêêê??? não acredito Rudyiiiiiiiinha. a partir de agora vou iniciar campanha para que você leia este livro, ele é incrível. sem contar que você me abriu o apetite para "caixa de pássaros", coisa mais louca é essa nossa empatia por mais e mais leituras. bjos

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  12. Pareces ser maravilhoso. A capa não me chamou muito a atenção, mas a sinopse é bem intrigante.
    Sua resenha está muito boa e deixa qualquer um com vontade de ler.
    Quero ler muito em breve.

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    1. cara Herica, acredita que o que mais me chamou foi a capa (além é claro do autor ser o filho do mestre King), os pássaros em meio ao incêndio, achei muito legal. de qualquer forma fico feliz de minha resenha ter despertado sua vontade de lê-lo, é um livro incrível. bjos

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  13. Oi, Rodolfo!
    Nossa amei a sua resenha! Gosto bastante de livros que são bem desenvolvidos e que tenham estórias instigantes!! Para mim não importa se os livros são verdadeiros calhamaço e sim a estória que o autor nos quer passar.
    Bjoss

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    1. cara Marta, que delícia seu comentário. se você gosta destas "bíblias", então este livro é justamente pra ti. ótima trama, ótimos personagens. bjos

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  14. Acho que escrever livros bons (e grandes) é dom dessa família haha
    Acho que já li uns 4 livros do Joe Hill e não me decepcionei com nenhum ainda.
    Não tive oportunidade de ler este, mas está super na minha lista!
    É realmente um filme pronto, que se for bem feito vai ficar sensaciional!

    beijos
    She is a Bookaholic

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    1. cara Nicole, deve ser genético mesmo, rs. joe está trilhando um bom caminho, este último trabalho é maravilhoso, em minha modesta opinião, seu melhor livro até agora. no momento leio "belas adormecidas" do mestre e seu outro filho owen, e digo que estou adorando. bjos

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  15. Oi, Rodolfo!
    Não li nada do Joe Hill - nem do pai dele... - mas me interessei pela trama de Mestre das chamas; a situação da Harper é bastante desesperadora, ser abandonada pelo marido quando mas necessita de ajuda... Quanto a esse misterioso Bombeiro, fiquei muito curiosa para descobrir o motivo dele conseguir controlar as chamas, e não vejo a hora de ler esse livro... Valeu pela dica!
    Abraços.

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    1. cara Any, não acreditoooooooooooooo. vc não ter lido Hill posso compreender, mas não ter lido King é uma blasfêmia. brincadeirinha querida. provavelmente o tema (e King foi taxado erroneamente de escritor de terror) não lhe chamava a atenção. fico feliz que tenha plantado uma inocente vontade de ler King e sua família, porque eles são muito bons. aguardo sua opinião após a leitura de um deles. bjos

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