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6.3.18

O Navio Arcano, Vol. 01 - Série Os Mercadores De Navios Vivos [Robin Hobb]

Ed. Leya, 2017 - 864 páginas
- "George R.R. Martin é um dos maiores fãs da literatura de Robin Hobb, que, no mundo todo, é uma das mais celebradas e cultuadas autoras contemporâneas de literatura fantástica. Em "Saga do Assassino", Robin Hobb retorna, numa nova trilogia, "Os Mercadores de Navios-Vivos", ao universo ficcional conhecido como o Reino dos Antigos. Nesse primeiro volume, O navio arcano, Robb faz referências a clássicos como Moby Dick e Mestre dos mares para conduzir o leitor por uma aventura marítima repleta de magia, contando a história de um orgulhoso grupo de famílias que navega por mares bravios repletos de piratas e serpentes, a bordo do seu protagonista: os seus navios-vivos - embarcações raríssimas e mágicas feitas de madeira-arcana, capazes de adquirir vida própria. Com personagens muito bem caracterizados, tanto física quanto psicologicamente, Robin Hobb tece uma trama envolvente e complexa, que seduz o leitor a cada página."

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Antes de começarem a ler a resenha, é necessário explicar algumas coisas sobre o mesmo. Provavelmente muitos boatos rolaram por ai dizendo que não se pode ler este livro sem antes ler A Saga do Assassino, uma trilogia escrita pela Robin Hobb mesma autora de Navio Arcano. A verdade é que o livro pode ser lido sim antes da leitura da primeira trilogia. O que ocorre é que Os Mercadores de Navios-Vivos é apenas uma das trilogias que envolvem o mundo criado em A Saga do Assassino, os acontecimentos do livro se passam em outra localidade, onde há costumes diferentes e personagens bem diferentes com estórias distintas.

Eu mesmo nunca li a trilogia do assassino, e a leitura deste foi muito prazerosa, até porque Robin Hobb possui uma escrita profunda, palpável, poética e extremamente viciante. Ela consegue envolver o leitor de uma forma única, capaz de nos tirar do nosso mundo, e voltar os olhos para o que ela está nos propondo. O único contato semelhante que já tive com navios na literatura foi com o livro A Viagem do Peregrino da Alvorada, quarto livro da série As Crônicas de Nárnia. O que foi completamente seco, pois por ser um livro voltado para o público mais juvenil, a linguagem dos marinheiros era pouca, então a bombordo e estimbordo, ao menos aprendi. Algumas lendas do mar aprendi sim, mas nada comparado ao que a autora criou.

Nesse mundo há uma madeira chamada Arcana. Essa madeira arcana possui propriedades capazes de despertar vidas em navios construídos com sua madeira. O único porém é que o navio só ganha vida após a morte de três gerações de famílias que possuem um navio arcano. Conhecemos então nossa protagonista Althea Vestrit, que está ansiosa pelo despertar iminente do navio Vivácia, mas ao mesmo tempo triste por significar que seu pai morrerá. Todavia, o pai de Althea passou o comando para Kyle, seu genro, um homem prepotente que quer assumir o navio como seu, mas teoricamente Althea seria a herdeira por seu pai a ter levado a vida inteira para navegar.

“Mas não podia negar quanto ansiava pelo despertar da embarcação. Tinha passado tantas horas estendida no gurupés, o mais próximo que podia chegar da figura de proa enquanto a embarcação singrava os mares. Ficava lá, encarando as pálpebras de madeira entalhada que cobriam os olhos da Vivácia... a figura não era de madeira e tinta, como em qualquer outro navio. Era de madeira-arcana. Sim, estava pintada, mas assim que Ephron Vestrit morresse num de seus conveses, as madeixas do cabelo não seriam mais de tinta dourada, virariam cachos de puro ouro...”

São personagens complexos, rola um machismo em diversas cenas, pois Kyle ignora por completo a ideia de uma mulher controlar um navio-vivo, e que a mesma não terá capacidade, sempre pré-julgando os fazeres femininos e sua força no mundo. Kyle se mostra um personagem fácil de odiar e difícil de não desejar sua morte. Althea então acaba demonstrando mais e mais seu potencial, fortificando-se sem seus pensamentos que inspiram coragem e quebra de tabus.

“Kyle se levantou de repente e deu a volta na mesa. Era um homem grande. A força do tapa fez Althea cambalear para trás. Ela se chocou contra um anteparo, então recuperou o equilíbrio. Kyle estava muito pálido quando voltou para a cadeira e se sentou. Tinha ido longe demais.”

Em outro ponto, conhecemos Kennit, dono do Marietta, uma pequena embarcação comum, que se mostra um homem a primeira vista ambicioso com o desejo de ser rei, onde ele acredita que conseguirá tomar posse de um navio arcano e com isso ganhar respeito entre todos das Ilhas Livres, ao que ele tem plena certeza que pode erradicar o costume de que navios-vivos só obedecem a àqueles que possuem originalmente, que pertencem apenas aos membros familiares. Seu desejo permanece durante o enredo, latente o tempo todo, mas muita coisa é colocada à prova. Vamos acompanhar o desenrolar desses nós e entendermos o porquê desses personagens manterem uma ligação misteriosa e muito gostosa de ler.

Hobb conseguiu devolver pra mim a euforia de ler um livro maravilhoso, ao qual não encontrava há muito tempo. Apesar de estar lendo sempre fantasia, acaba que vemos muito do mesmo, mas nada como igual a este livro. É fascinante o enriquecimento de personalidades, a construção verossímil dos protagonistas, e todo o enredo bem detalhado, descritivo e magistral. O pensamento ao término do livro é “Porque não pensei nisso antes”. Sério, tudo funciona como se já existisse, e fizesse parte do nosso dia-a-dia.

Há personagens por si só que merecem páginas e páginas repletas de adjetivos e predicados e mesmo assim, nenhum iria transparecer o real significado. Um deles é o Kennit, que possui características incríveis, e que se torna mais real a meu ver. Há outro que se chama Wintrow, que tem um posicionamento muito forte e discutível no melhor sentido. E não esquecendo o Estalão, um navio-vivo misterioso que requer muita atenção. Mudando o foco... A questão dos escravos, algo que é falado no enredo, é tratado em sua forma mais crua. Que é importante tomar discussão e a autora discorreu de forma sensacional.

A escrita, como já mencionei, é só elogios. Robin Hobb impacta, alegra, assusta, emociona e nos deixa com um sentimento uniforme: “Queremos mais!”. Estou muito ansioso para a sequência, pois há diversas curvas sem fim que necessitam de mais aprofundamento, ao mesmo tempo que tudo se encaixa de forma perfeita e satisfatória para o primeiro livro. Espero que arranquem os cabelos ao terminarem de ler, assim como fiz. Boa leitura!


Douglas Brandão
Geminiano, formado em Magistério e futuro professor de História. Mora na Bahia e louco por livros. Um pouco ciumento e orgulho. Fanático por Harry Potter e chegou a receber o apelido de "Vírgula" por sempre dar uma opinião ou comentário, porque sempre usa "Entretanto", "Contudo" e "Todavia" por ser sempre "Do Contra". Sincero ao extremo e venho para compartilhar meu gosto de leitura com vocês.
Cortesia da Editora Leya
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21 comentários em "O Navio Arcano, Vol. 01 - Série Os Mercadores De Navios Vivos [Robin Hobb]"

  1. Oi, Douglas.

    Acho que um dos pontos do livro que vale ressaltar, é a ambição explorada... A disputa pelo poder, e a forma como o Ephron vê a Althea, sendo incapaz de comandar o navio, preferindo assim, que o Kyle, um homem, comande.

    Assuntos importantes e destacados, como a escravidão em navios (que era algo totalmente inimaginável pra mim), foi uma forma da autora, talvez, mostrar a realidade dos fatos, coisas existenciais nas navegações marítimas..

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  2. Estou lendo tantas resenhas aqui de temas fantasia e aventura que vou acabar me rendendo e comprando um livro desse só pra ver se é tão bom quanto dizem...

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  3. Oi Douglas,
    Eu aaaamo livros de fantasia e achei super legal você frisar que não é necessário ler a saga do assassino,pois pessoalmente,é muito chato você descobrir que pra ler aquela série de livros que você vem namorando há um tempão,é preciso antes ler outra pra compreender o universo ficionalguma criado.Affs...
    Enquanto ao livro parece bem interessante.Achei legal abordar temas como machismo e empoderamento feminino,acredito que leitura Boa é aquela que trata de temas sociais,afinal,a literatura tem um poder de transformação enorme.

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  4. Hobb é magnífico! Não há como não se permitir viajar nos enredos que ele desenha em sua fértil imaginação.
    Ainda não puder ler esta obra, mas está entre as desejadas, faz um bom tempo.
    Amo o gênero e por tudo que li até agora, o autor consegue criar algo inimaginável e colocar personagens complexos e completos.
    Não só pela força feminina, mas também pela família, pelo busca pelo poder(e que poder). Mas também por ir atrás do que se acredita.
    Talvez seja esse o ponto alto.
    Espero poder ler a obra em breve!
    Beijo

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  5. Olá Douglas!
    Fiquei encantada com essa capa e até msm pelo enredo que parece ser bom, eu não tinha lido nd sobre a obra ainda e confesso que fiquei com bastante expectativa pra conhecer e espero que seja em breve.
    Bjs

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  6. Oie, tudo bem?
    Ainda não conhecia, valeu pela dica!
    Blog Entrelinhas

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  7. Li muitos comentários positivos sobre esse livro e fiquei com vontade de conhecer. Gostei da personagem por não ligar pra esse machismo e mostrar que é capaz de muita coisa. O enredo e os personagens parecem que foram muito bem trabalhados deixando uma trama bem agradável de se ler.

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  8. Douglas!
    Nossa! Mais de 800 páginas, uauuu!
    Mas mesmo sendo uma leitura lenta, vale super a pena porque traz os piratas e a escravidão no plot, bacana.
    Ver que tem uma maldição no navio para poder ter o comando é diferente, né?
    Que preconceito a mulher não puder ser uma boa marinheira, mas é a época, né?
    Achei toda dieia fascinante, esses lances de pactos e tudo mais.
    “Os lírios não bastam. As leis não nascem das flores. Meu nome é luta, e escreve-se na história.” (Luciana Maria Tico-tico)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA MARÇO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  9. Oi Douglas!
    Que bonita a ilustração da capa.
    Não li nada ainda da Robin Hobb, que bom que você explicou que se passa no mesmo mundo, mas não é preciso ler a outra trilogia.
    Olha, mais de 800 páginas parece pesado no primeiro impacto, mas quando a história é de arrancar os cabelos vale a pena encarar sem medo.Já achei a protagonista Althea Vestrit interessante.

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  10. Olá! Gosto muito de livros de fantasia também, e esse apesar de tantas páginas, parece ser muito bom, acho ótimo que possa ser lido, sem precisar ler essa outra trilogia, e que ele esteja inserido em um cenário tão rico e já tão cheio de histórias e personagens. Althea demonstra ser uma personagem incrível, espero muito gostar do livro também.

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  11. Oi!
    Ainda não conhecia esse livro, mas achei todo o enrendo bem interessante, acho que nunca li um livro que se passasse dentro de um navio, pensei que a leitura poderia ficar um pouco monótono, mas pela resenha parece que temos muita coisa acontecendo, fiquei bem curiosa, se tiver oportunidade quero ler !!

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  12. Não conhecia esse livro, nem a autora. Adoro fantasias, são livros que me prendem de uma forma única. Adoro quando um autor consegue enriquecer os personagens, fazer eles se desenvolverem.

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  13. Não sou muito acostumada a ler livros sobre navios, piratas e tudo mais, nada contra apenas não desenvolvi esse gosto ainda. A história parece ser bem legal, com personagens bem construídos, achei meio confuso a explicação de cada um mas creio que quando ler eles vão se explicando melhor.

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. Oi Douglas.
    Essa é a primeira vez que vejo falar dessa série e confesso que achei a premissa bem interessante, porém o gênero não faz muito meu forte não, sem conta que o livro é um calhamaço, o que eu particularmente tenho um certo receio de não consegue terminar e não gosto de deixar nada pela metade, mas enfim, apesar de ter achado intrigante (espero que ainda tenha te restado algum cabelo rsrs), não acho que essa é uma leitura para mim.
    Bjs.

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  17. Olá!
    Não conhecia o livro, mas me despertou um interesse sobre ele. A historia é bem envolvente e interessante, mostra um quebra tabu bem legal, já que a personagem mostra ser forte e capaz de assumir um navio né. Já gostei!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  18. A princípio eu não sabia que esse livro se tratava de uma trilogia achei que fosse volume único tanto que até fiquei empolgada por ter achado um livro de fantasia volume único Mas mesmo a continuação demorando a sair eu me interessei muito em ler esse livro Até porque o George RR Martin falou muito bem a respeito dele

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  19. Oi, Douglas!!
    Achei fascinante a história desse livro, gostei do seu entusiasmo ao falar do livro que desperta a curiosidade de ler o mais rápido possível esse obra da Robin Hobb.
    Bjoss

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  20. Fantasia não é um gênero que chama muito minha atenção. Algumas coisas chamaram minha atenção na história, o fato de ser sobre navios, algo que não é tão comum de se ver em destaque nas histórias. Alguns personagens que parecem ser muito bons. Porém, fiquei perdida até com alguns quotes. Eu fico bem confusa lendo fantasia. Não é um livro que eu leria agora. Agora algo que eu posso afirmar é que é nítido a sua satisfação com o livro. Podemos perceber perfeitamente o quanto foi prazerosa a leitura para você. O quanto você ficou contente por conhecer esse universo. Quem sabe um dia eu não sinto vontade de ler, né?

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  21. Parece ser um livro muito bom.
    Nunca nem tinha ouvido falar do escritor, mas já gostei dele kkkk
    Gostaria de descobrir mais sobre o mundo dos navios e coisas que se assemelhem, é algo diferente pra mim, alem disso é recheado de aventura.
    Com certeza vai para a minha lista.

    Garota, Era uma vez
    http://garotaeraumavez.blogspot.com.br/

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