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17.12.18

O Quarto De Giovanni [James Baldwin]

James Baldwin
Ed. Companhia Das Letras, 2018 - 232 páginas
- "Em O quarto de Giovanni, clássico moderno da literatura gay esgotado no Brasil há décadas, James Baldwin narra o encontro de um americano e um italiano em Paris. Lançado em 1956, o segundo romance de James Baldwin é uma obra-prima da literatura americana. Com pinceladas autobiográficas, o livro trata de uma relação bissexual ao acompanhar David, um jovem americano em Paris à espera de sua namorada, Hella, que por sua vez está na Espanha. Enquanto ela pondera se deve ou não se casar com David, ele conhece Giovanni, um garçom italiano por quem se apaixona.Se em O sol também se levanta Ernest Hemingway retrata um grupo de americanos em uma Paris boêmia e fervilhante, O quarto de Giovanni explora, na mesma cidade, as agruras de personagens que enfrentam o vazio existencial ao perceber a fragilidade dos laços e as frustrações de seus desejos.Com tradução de Paulo Henriques Britto, o livro inclui apresentação de Colm Tóibín e posfácio de Hélio Menezes."

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Quando Gisela me ofereceu O Quarto de Giovanni para resenhar, sabia nada sobre a história. Ela apenas me disse que se tratava de um romance homossexual.

Recebi o livro da Companhia das Letras e não fiquei muito animado com a capa dele. Não gosto quando o nome do autor tem mais destaque do que o nome da obra, mas ao começar a ler percebi que isso não era apenas uma escolha do designer para tornar o livro mais comercial. Pelo contrário, o projeto gráfico de Daniel Trench destaca um dos maiores autores da literatura norte-americana do século XX.

James Baldwin nasceu em Nova York, em 1924. É autor de uma vasta obra de ficção e não-ficção que tratam sobre a luta racial, questões de sexualidade e identidade. O famoso documentário Eu Não Sou Seu Negro foi baseado em um manuscrito do autor. Se a Rua Beale Falasse, previsto para ser lançado em janeiro de 2019, foi adaptado para o cinema pelo mesmo diretor de Moonlight: Sob a Luz do Luar. Baldwin morreu em um pequeno povoado francês em 1987.

“Paris é a cidade onde todo mundo perde a cabeça e a moralidade, vive ao menos uma histoire d’amour, livra-se por completo do hábito de chegar a qualquer lugar na hora certa e debocha dos puritanos – é a cidade em suma, onde todos se embriagam com aquele belo e antigo ar de liberdade.”

Paulo Henrique Britto fez uma nova tradução para este clássico moderno. A edição tem uma introdução escrita por Colm Tóibín que compara O Quarto de Giovanni com o romance O Sol Também Se Levanta, de Ernest Hemingway, publicado em 1926. Também há dois textos dissertativos: James Baldwin e os Desafios da (Des)classificação, de Hélio Menezes, e Um Perfil de James Baldwin, por Márcio Macedo.

O primeiro livro do autor, Go Tell It On The Mountain, foi publicado em 1953 e se passa no Bronx. James Baldwin discutiu questões raciais e religiosas. Todo mundo esperava que o segundo livro do autor, que é negro, tratasse sobre as mesmas questões, mas O Quarto de Giovanni explora a sexualidade humana ao narrar o encontro arrebatador de um americano e um italiano numa Paris boêmia e fervilhante.

O Quarto De Giovanni

David está curtindo Paris enquanto espera Hella decidir sobre o seu pedido de casamento. Ela está na Espanha quando David conhece Giovanni, um jovem italiano que trabalha como garçom num bar movimentado da cidade. O pai de David decide parar de enviar dinheiro para fazer o filho voltar para casa. Sem dinheiro, David tem que sair do hotel onde estava hospedado e aceitar o convite de Giovanni.

Entrar no quarto de Giovanni equivale a sair do armário, o que leva David ao centro de um turbilhão de emoções, que mistura o desejo ardente com a certeza da frustração em meio a um enorme vazio existencial.

“David está disposto a julgar a si próprio e a usar essas páginas não apenas para explicar ou dramatizar, mas também para expiar seus pecados, na medida do possível, e se arrepender-se, na medida do possível.”

A cada Com Amor, Simon e Quinze Dias, existem milhares de O Quarto de Giovanni. Os livros de temática homossexual e bissexual mais antigos costumam ser bem densos e dramáticos, como se ser homossexual fosse algo errado que merecesse o sofrimento enviado pelos deuses. É certo que quem é LGBTQ sofre bastante por causa do preconceito da sociedade, mas isso não significa que é errado. Os livros mais recentes trazem uma narrativa mais leve e positiva.

O livro de James Baldwin é difícil de ser classificado e resenhado. Espero ter conseguido falar um pouco desse clássico não só da literatura gay, como da literatura mundial.

O Quarto de Giovanni não é exatamente sobre homossexualidade, disse o autor, é sobre o que acontece quando se tem medo de amar alguém, o que é muito mais interessante.

Com amor, André.


André Luiz Gama
Meu nome é André Gama, do blog Garotos Perdidos. Sempre que abro um livro ou começo a ver um filme percebo que nunca deixei a Terra do Nunca. Todas as crianças cresceram e eu continuei sendo um Garoto Perdido.
Cortesia do Grupo Companhia das Letras
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16 comentários em "O Quarto De Giovanni [James Baldwin]"

  1. Puxa, eu só tinha visto este título uma vez na vida, mas vou admitir que na época que isso aconteceu, eu nem dei atenção, pois não era um tipo de leitura que me atraía.
    Mas olhando agora tudo que foi dito, o livro não só aborda a homossexualidade, mas também uma ponta familiar e também as questões bem amplas dos pré conceitos, os estabelecidos por nós mesmos!
    Talvez eu dê uma chance ao livro, mesmo não sendo algo que eu entenda.
    Beijo

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  2. Oi, André,

    O tema por si só já mostra uma importância super elevada, com aparentemente uma riqueza de detalhes única.

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  3. Oi, André,

    O tema por si só já mostra uma importância super elevada, com aparentemente uma riqueza de detalhes única.

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  4. Confesso que não gostei da capa, e só fui perceber que era o nome do autor porque mencionou; me pareciam listras.
    A temática é muito interessante, e por ter sido escrito em outra época deve ser bem mais profundo, além de podermos visualizar como era.
    Conseguiu transmitir bem a história do livro, acredito eu.

    Beijos

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  5. Oi André,
    Concordo com você, não gosto das capas onde o nome do autor tem mais destaque que o nome da obra!
    Fiquei animada para ler esse livro, a temática é muito relevante e ainda tem muito tabu em cima disso.

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  6. Olá! O livro parece ser mais que uma história sobre sexualidade, e sim uma história de descobertas e amor, interessante conhecer uma obra com essa temática que foi escrito lá atrás, quando, com certeza, o preconceito e a forma de lidar eram bem piores.

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  7. Olá, é notório que há uma grande diferença na forma de retratar a homossexualidade nessa obra, se compararmos com livros contemporâneos. Contudo, a forma com a qual Baldwin canaliza os desejos e receios do protagonista expressa exatamente o que muitos passam ao tentar explorar a sexualidade, sendo que existe muita dúvida e medo. Não conhecia essa vasto legado cultural deixado pelo autor, por isso vou tratar de conhecer mais o mesmo. Beijos.

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  8. Oi, André
    Já conhecia o livro mas sua resenha foi a primeira que li.
    Confesso que a capa também não me chama atenção, mas adorei o enredo. O personagem David pelo jeito sofre muito em relação a tudo com a família, relação com a namorada e depois com Giovanni.
    Quero ter oportunidade para ler, beijos!

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  9. Olá André.
    Enquanto lia a sinopse e a sua resenha me veio a mente a história da obra Quarto em Arles de Van Gogh que remete muito à trama. Não conheço ao autor mas é notória a importância de suas obras para a humanidade. Apesar de algumas inconstâncias, como o fato do protagonista ir morar com Giovanni sem conhecer direito o rapaz, a obra me pareceu bem interessante e, como você mencionou, não deve ser taxado como apenas um romance homossexual.
    Beijos

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  10. Pensei que só eu me incomodava com os livros com nome de autores maiores que o nome do livro,romance LGBT só li um até hoje e confesso não me senti incomodada com a leitura,pois foi tão bem escrito que mostrava a naturalidade do relacionamento homoafetivo. Eu amei sua resenha.

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  11. Hoje em dia utilizar a temática homossexual na literatura é bem comum. Mas imagina abordar esse tema em 1956, quando esse livro foi lançado. Talvez essa sensação do estar errado ser homossexual, percebido na sua leitura, se deva mais à época da narrativa do que ao sentimento do autor.
    Gostei e já quero muito ler.

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  12. Oi, André!!
    Ainda não conhecia o livro O Quarto de Giovanni e devo confessar que achei muito interessante o autor colocar o tema central da história o romance homossexual, pois dar para ter um panorama de como era Paris de 1956 uma época marcada pelo conservadorismo pós-guerra e onde os movimentos LGBTs ainda não tinha se consolidado.

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  13. Oi André,
    Tantos autores que ainda não conhecemos, fiquei em feliz em saber mais sobre James Baldwin, as temáticas que ele tratou são importantes.
    Interessante a resenha realçar ser uma história sobre o que acontece quando se tem medo de amar alguém, o cenário em Paris também é inebriante.

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  14. Oi, André!
    Também não gostei da capa de O Quarto de Giovanni, e sinceramente não curto livros onde os personagens tem medo de se entregarem ao amor, pra mim essa enrolação toda é bastante frustrante... por isso não tenho interesse em ler esse livro do James Baldwin.
    Abraços!

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  15. Oi André,
    Confesso que nunca tinha ouvi falar ou lido nada sobre James Baldwin, mas só de ler sobre suas obras consigo entender a importância deste nome. Já li livros que retratassem romances homossexuais ou bissexuais, mas nenhum que tenha sido escrito da década de 50. Só pela data de publicação a história já ganha um peso enorme, pois fico imaginando como foi para o autor e para o público quando a obra foi escrita. Acredito que a história seja mais dramática e trata o preconceito de forma mais densa, pois a sociedade ainda era mais fechada com relação a orientação sexual. Para o povo da época isso era errado, o que não é diferente do que ainda vemos na atualidade, mas pelo menos, hoje, o assunto é abordado de forma mais aberta e com mais frequência. É um livro, que assim como muitos outros, merece maior reconhecimento.

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  16. Eu tinha mente tenho lido muitos livros no segmento LGBT e eu fiquei muito impressionada com a proposta desse livro e quando você me falou que ele estava esgotado no Brasil há alguns anos não fique ainda mais curiosa ainda em conhecer a história desses personagens que aparentam serem incríveis quero conhecer o livro mais rápido possível

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