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9.8.17

Atlas de Nuvens [David Mitchell]

David Mitchell
Ed. Companhia Das Letras, 2017 - 542 páginas
- "Neste que é um dos romances mais importantes da atualidade, David Mitchell combina o gosto pela aventura, o amor pelo quebra-cabeça nabokoviano e o talento para a especulação filosófica e científica na linha de Umberto Eco, Haruki Murakami e Philip K. Dick. Conduzindo o leitor por seis histórias que se conectam no tempo e no espaço — do século XIX no Pacífico ao futuro pós-apocalíptico e tribal no Havaí — Mitchell criou um jogo de matrioskas que explora com maestria questões fundamentais de realidade e identidade."

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A conexão do universo em inúmeras vidas

É, no mínimo, desumano colocar em apenas uma resenha tudo o que há em Atlas de nuvens (Companhia das Letras, 542 páginas) do sensacional David Mitchell, livro que lhe valeu o British Book Awards e a nomeação ao Man Booker Prize.

Mas nem só de prêmios e indicações vive um livro, ainda mais quando se é cultuado por todos os leitores que apreciam a boa escrita. Podemos dizer que ele é sucesso de crítica e público. Como se isso não bastasse, criou-se uma lenda de que o mesmo seria “infilmável”, por sua complexidade e longevidade do enredo (parte do século XIX até um distante futuro pós-apocalíptico). Isso acabou se mostrando um equívoco, já que o mesmo tornou-se filme em 2012, trazendo no elenco uma turminha de peso – Tom Hanks, Halle Barry, Hugh Grant, Susan Sarandon entre outros (ainda não assisti, mas já está lá reservado, tenho pena de quem foi obrigado a roteirizar e dirigir um livro desta envergadura).

Ainda antes da leitura eu já havia me apaixonado pelo título e pelo belíssimo trabalho de edição da Companhia das Letras (o livro possui uma luva estilizada muito bacana). Ficava aqui imaginando o porquê deste nome e sempre me vinha à mente inúmeras demarcações territoriais que iam se desvanecendo ao sabor dos ventos. Louco isso, não é? Mas não consegue abarcar nem uma ínfima parte desta história em que pontos se chocam, se interligam, se complementam, formando continentes que se desmancham.

Então vamos ao livro. Ele é dividido em seis partes distintas, seis narrativas em uma, como um prisma de cores ao contrário, que tentaremos resumidamente atacar. Em algum momento as histórias irão de alguma forma se tocar. Terá início no século XIX e seguirá cronologicamente até um futuro terrível, depois retornará no tempo até chegar onde se deu o início da narrativa. A estrutura é mesmo complexa, espero que não nos percamos.

Diário de viagem ao Pacífico de Adam Ewing

Esta é a parte mais lenta do livro e pode afugentar um leitor em busca de aventura desde o início. Em 1850, o advogado Adam Ewing registra em um diário sua viagem através do Pacífico. Em uma parada para reparo do navio, ele se depara com o covarde açoitamento de um escravo.

“O selvagem supliciado levantou a cabeça até então caída, seu olho buscou o meu e dirigiu-me um olhar insólito e amistoso de entendimento mútuo... Perguntei qual era o crime de que o prisioneiro fora acusado. Henry enlaçou-me com o braço. ‘Venha, Adam, um homem prudente não se interpõe entre a fera e a presa.’”

Adam começa a questionar os valores da sociedade de então, ao mesmo tempo em que é acometido por uma moléstia que o enfraquece paulatinamente. Graças à ajuda de um médico que o acompanha na viagem, consegue manter-se vivo e escrevendo, mesmo diante de dúvidas que o afligem.

“Há tantas verdades quanto há homens. De vez em quando chego a vislumbrar uma Verdade mais verdadeira, escondida por trás de simulacros imperfeitos de si própria, mas, à medida que me aproximo, ela se move, mergulhando mais fundo no pântano agreste da cizânia.”

Cartas de Zedelghem

Momento romântico do livro. Em 1931, Robert Frobisher, um jovem músico bon vivant, procura um mecenas que o sustente. Deserdado pela família acaba por encontrar sua chance na residência de um famoso músico doente que o toma como copista.

“À sombra de uma fileira de pereiras – outrora um pomar? – deitei-me e entreguei-me ao ócio, uma arte que aperfeiçoei durante minha longa convalescença. Um ocioso e um vagabundo são duas coisas tão diferentes quanto um gourmant e um glutão.”

Sua estadia é relatada em cartas ao seu amante Sixmith de forma pormenorizada. O mundo está às voltas com o fantasma de uma nova Grande Guerra Mundial.

“As guerras nunca terminam por completo. O que é que desencadeia uma? A vontade de poder, espinha dorsal da natureza humana. A ameaça de violência, o medo da violência e a violência em si são os instrumentos dessa vontade terrível. A vontade de poder se manifesta na cama, na cozinha, nas fábricas, nos sindicatos e nas fronteiras entre países... as nações são entidades cujas leis são escritas pela violência...”

Mesclam-se a paixão pela música e os apetites da carne. O talentoso Frobisher se envolve emocional e sexualmente com esposa e filha do velho músico, a partir daí se dá sua derrocada. Sem dinheiro, rouba livros supostamente raros para vendê-los. Entre estes encontra o “Diário de Adam Ewing”, que passa a relatar ao amante, achando estranha a conduta do médico que cuida de Adam.

Meias-vidas – O primeiro romance policial da série Luisa Rey

A aventura entra em cena. Em 1975, a jornalista Luisa Rey se vê lançada no olho do furacão e tem a vida em risco quando, por meio de um relatório entregue pelo físico “Rufus Sixmith” (o amante e leitor das cartas de Frobisher), descobre uma grande conspiração em torno da criação de um reator nuclear. Realidade ou ficção?

“Eu disse ao grande homem: a chave da ficção de terror é uma divisão, uma separação; desde que o Bates Motel esteja isolado do nosso mundo, a gente tem vontade de olhar lá dentro, como quem olha pra dentro de uma jaula de escorpiões. Mas se um filme mostra que o mundo é um Bates Motel, bom, aí... estamos em Buchloe, é distopia, depressão...”

Seguindo o legado de seu famoso pai, também jornalista, Luisa Rey parte em busca da verdade e é perseguida por um assassino que quer calá-la.

“Não há droga, não há experiência religiosa que mexa com a pessoa como o ato de transformar um ser humano num defunto. Agora, para isso tem que ter cérebro. Sem disciplina e perícia, você acaba na cadeira elétrica.”

Luisa lê as cartas que Frobisher enviou a Sixmith para tentar compreender melhor o físico. Sua perigosa aventura é registrada em um romance policial.

O pavoroso calvário de Timothy Cavendish

O tema agora é a velhice, o abandono e a fugacidade do tempo. Timothy Cavendish, um editor fracassado, por um golpe do destino, acaba tendo a venda de um livro que editou impulsionada por um fatídico acontecimento – o autor, inconformado com a resenha sobre seu livro, arremessa o crítico do alto de um prédio. Com o autor preso o lucro do livro acaba ficando todo com Cavendish. Ameaçado pela família do autor-assassino ele decide fugir, levando consigo um romance com as aventuras da jornalista “Luisa Rey”.

“Um livro que publiquei uma vez, Recordações verdadeiras de um magistrado dos territórios setentrionais, afirma que as vítimas de tubarões experimentam uma visão anestésica de estar flutuando para longe dali, de todo perigo, nos mares azuis do Pacífico, no momento exato que estão sendo transformadas em carne moída naquele funil de dentes. Eu, Timothy Cavendish, era essa vítima, vendo Londres se afastar...”

Para sua fuga pede auxílio a seu irmão que através de um engodo o interna em um asilo. Lá ele sofrerá todo tipo de ofensa e vilania. Ninguém acredita em sua história e então, com a ajuda de outros companheiros, resolve escapar desta prisão.

Cavendish contará com a ferrenha rivalidade entre ingleses e escoceses (que degringolou do trono para o futebol) para que este empreendimento alucinado tenha resultado positivo. Por si só esta escapada já seria digna de um filme de aventura.

Uma rogativa de Sonmi~451

Aqui temos ficção científica de fazer inveja a Philip K.Dick. É o amadurecimento de uma personagem, o deslizar do véu que a fazia seguir as regras como um cordeiro a ser imolado. Em um futuro distante, Somni~451, líder de uma rebelião de seres clonados para servirem em redes de lanchonetes, é capturada e passa por um interrogatório. Ela ameaça o status quo porque passou a pensar por si e ter sentimentos.

Com o que você tem sonhado aqui na prisão?
Cidades desconhecidas; perseguições em terras preto e branco; minha futura execução no Farol... Tanto lá no Papa Song’s quanto aqui neste cubo, meus sonhos são o único fator imprevisível nos meus dias e noites zonados. Ninguém os distribui nem os censura. Os sonhos são os únicos pertences de verdade que tive na vida.”

Somni vai relatando toda a sua vida de clone a um oficial (Arquivista) que perplexamente não consegue acreditar em suas palavras, mas que com o tempo também começa a se questionar sobre o trabalho escravo. Somni encontra alegria e inspiração no filme sobre a “fuga de Timothy Cavendish”.

Este mundo do futuro dialoga perfeitamente com o do filme Blade Runner, em que replicantes se permitem “sentir” e se rebelam contra seus criadores. É uma passagem doce-amarga, pois nos fala de sentimentos próprios dos seres humanos, além de nos remeter ao totalitarismo, ao controle estatal e a líderes inescrupulosos.

O vau do Sloosha e o que deu adespois

Aqui adentramos em um universo filosófico. Não há um tempo definido, trata-se apenas de um futuro após “A Queda”, um provável cataclismo que dizimou a civilização como a conhecemos. A tecnologia agiu em benefício de alguns e em detrimento da humanidade. Fez-me lembrar da célebre frase do físico Albert Einstein: “Não sei com que armas a Terceira Guerra Mundial será lutada. Mas a Quarta Guerra Mundial será lutada com paus e pedras”.

Zachry faz parte de uma das tribos que guerreiam entre si em busca de poder. A humanidade volta a viver de forma primitiva, da caça e agricultura, e a transmissão do que aprendem é feita oralmente. É um povo carregado de misticismo e Zachry se defronta todo momento com sua consciência atormentada pelo demônio (Velho Georgie).

“Eu e o Velho Georgie, nós se cruzou tantas vez na vida que eu já nem alembro mais quantas, e adespois que eu morrer sei lá o que esse demonho dinhoso num vai tentar fazer com eu...”

Com a chegada de um grupo tecnologicamente mais avançado, representado pela presciente Meronym, Zachry teme pela vida de seus pares. Porém, após ter sua irmã salva por ela é obrigado a levá-la a um lugar onde ninguém conseguiu chegar e que todos acreditam ser amaldiçoado – uma estação de comunicação que servirá de ponte para que Meronym consiga achar mais colônias tecnologicamente avançadas. Ele tem fé que a deusa “Somni” guiará seus passos, enquanto o Velho Georgie o provoca para que ele a mate.

Como podem perceber Mitchell tem capacidade de conectar histórias díspares com maestria, formando um grande “todo” complexo e harmonioso. O enredo a partir daí começa a retornar ao seu início até a conclusão grandiosa de Adam, que quer mudar o mundo a partir de si mesmo, pois toda caminhada começa pelo primeiro passo e ele quer um futuro melhor para seu filho.

“Dar forma a um mundo que quero que seja a herança de Jackson, e não um que eu tema que ele venha a herdar – isso me parece uma vida que vale a pena viver...
Já posso ouvir a reação de meu sogro... ’Você será alvejado com cusparadas e tiros! Será linchado, pacificado com medalhas, ridicularizado pelos desbravadores das matas! Crucificado! Adam, sonhador ingênuo, quem resolve lutar contra a hidra de mil cabeças da natureza humana tem de pagar com muito sofrimento, e sua família há de pagar junto com ele! E será só no último estertor que você compreenderá que toda a sua vida não passou de uma gota d’água num oceano infinito!’ Porém o que é um oceano senão uma multidão de gotas d’água?”

Quero acreditar que o ser humano é cruel por necessidade e não por natureza, mas fica cada vez mais difícil. Estamos perdendo a batalha para cupidez e o desejo de dominar. Toda a paranoia em que vivemos pode ser resumida na busca do homem pelo poder, subjugando os mais fracos e humildes.

O que nos conforta é acreditar que teremos novas chances, novas vidas para que possamos evoluir, progredir. Isso está expresso no livro de forma brilhante, muitas personagens têm uma marca de nascença (um cometa) e parecem ser reencarnação de personagens de uma época anterior – uns evoluindo, outros não.

Fiquei encantado com a obra sim, mas as 5 estrelas foram pelo conjunto que neste caso incluem edição caprichada e tradução maravilhosa de Paulo Henriques Britto (o cara é insano). A linguagem foi alterada em cada narrativa para nos dar aquela sensação de progresso e declínio da fala, a beleza disso enche os olhos.

Vejam bem, o livro não nos traz conclusão alguma, porque a vida não nos dá ela de mão beijada, não há fórmula feita. Por outro lado, o enredo do livro nos conscientiza de nossa existência, de nossa importância nos acontecimentos futuros, o que poderemos desencadear na vida das próximas gerações.

“O sagrado é um ótimo esconderijo para o profano.”

Como a frase acima, o livro é repleto de verdades dolorosas. É um exercício metalinguístico cheio de conexões, sendo que a narrativa anterior funciona como sombra que perpassa a próxima. Preciso dizer mais alguma coisa? Imperdível é pouco, é livro obrigatório!


Rodolfo Luiz Euflauzino
Ciumento por natureza, descobri-me por amor aos livros, então os tenho em alta conta. Revelam aquilo que está soterrado em meu subconsciente e por isso o escorpiano em mim vive em constante penitência, sem jamais se dar por vencido. Culpa dos livros!
Cortesia do Grupo Companhia das Letras
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39 comentários em "Atlas de Nuvens [David Mitchell]"

  1. Nossa, quanta palavra difícil. rs
    Bom, me perdi um pouco na resenha, mas consegui entender do que se trata o livro.
    Parece ser ótimo, porém não me deixou "aquela" vontade de ler.

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    1. cara Gislaine, tentei fazer uma resenha mais enxuta, mas seria muito difícil pela própria amplitude do enredo que é enorme com inúmeras relações. pena não ter conseguido mexer contigo.

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  2. Oi Rodolfo! Geralmente eu gosto de livros concluídos, mas acho que pela proposta apresentada é melhor assim! E de fato a edição parece muito bonita!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. cara Mi, todo leitor acaba achando que o autor é um deus ex-machina que a tudo deve resolver e na verdade a história caminha sozinha e assim deve ser para que não se torne artificial. no caso deste livro o importante é a lição que ele quer nos passar e o faz de forma impecável. bjos

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  3. Oi Rodolfo, é um livro grande e que pelo deu pra entender inicialmente tem uma leitura um pouco lenta, que a meu ver pode se estender pra quem não tá acostumado com a escrita do autor (eu kkk), mas interessante e achei bem legal as conexões que vão se formando entre as histórias, onde um simples "fugir levando um livro" remete o leitor para a história anterior. A capa tá mesmo linda e fico feliz que a editora tenha entregado uma boa edição. Tua resenha tá muito boa e bem embasada ;)

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    1. cara Lili, o livro pode afugentar num primeiro momento, mas ganha ritmo acelerado a partir da segunda parte, portanto leia e não se deixa levar pela primeira impressão, você terá surpresas. a edição está mesmo um luxo. obrigado pelas palavras carinhosas ;)

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  4. Bem interessante, ainda não conhecia :D

    submersa-em-palavras.blogspot.com.br

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    1. cara Monyque, corra pra lê-lo então, é uma leitura fascinante ;)

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  5. E ai Rodolfo! Tudo bem?

    Confesso que o que este livro tem de interessante, a capa tem de bonita, mas eu não o leria, talvez em um dia que eu sentisse muita vontade. Infelizmente com títulos que não são do meu gosto eu faço dessa forma! rsrsr


    Grande abraço,
    www.cafeidilico.com

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    1. caro Victor, gosto não se discute, rs. é uma pena que vc não sinta vontade de ler este livro, espero que qualquer dia desses a vontade apareça.

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  6. O título é realmente um charme,ok,sua resenha me vendeu o livro, quero ler,isso pq na sinopse citar a linha do Umberto Eco e Haruki Murakami já é um grande ponto positivo pra mim, mas foram suas palavras que atiçaram minha curiosidade, adoro quando as narrativas no final se entrelaãm.
    Meu, que impacto esse quote:
    “O sagrado é um ótimo esconderijo para o profano.”

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    1. cara Helen, que delícia ler seu comentário querida. e lembrando que por aqui a religião virou política e vive se imiscuindo em campos que não tratam mais de fé mas de poder, este livro também nos abre os olhos. bjos

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  7. Oi Rodolfo.
    Apesar do livros ter me deixado com um pouco receiosa, curtir bastante a premissa do livro, achei a ideia do livro ser separado em seis partes interessante, principalmente dessa ordem cronológica, enfim gostei.
    Bjs.

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    1. cara Marlene, é um livro cheio de possibilidades, seis livros dentro de um, todos interligados. leia também, vc irá gostar. bjos

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  8. Após ler sua resenha não tem como não ficar curiosa para ler este livro, parece ser uma leitura ótima, achei curioso o livro não trazer uma conclusão, e se é uma leitura obrigatória, não tem como não querer ler, adicionei este livro em minha lista de leituras.

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    1. cara Marlene, obrigado pelas palavras. a leitura é apetitosa sim e também desafiadora, são muitas referências filosóficas, assim como em Matrix, são várias as camadas para se chegar a uma camada mais profunda. o importante é que pode ser lido como uma boa aventura da alma. quando digo que não há conclusão, digo de maneira mais objetiva, como se não houvesse um final, mas há inúmeros aprendizados, pode ler sem medo. bjos

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  9. Rodolfo! Que livro, quantas possibilidades, quanta criatividade! Fiquei pensando aqui se o autor teria a intenção de contar essas histórias em separado, mas depois teria resolvido conectá-las, já que todas envolvem questões filosóficas, incômodos pessoais, desafios íntimos... Realmente não esperava. Achava a capa linda, mas o título me parecia algo mais jovenzinho, então nunca parei para ler a sinopse e as resenhas. Vejo que é uma leitura árdua, precisa ter atenção aos detalhes, esperteza para sacar o que liga as tramas (digo o que as entrelinhas revelam), precisa ter tempo e disposição, além de ter a mente aberta para pular de um estilo a outro, um tema ao próximo, e se deixar conduzir por um autor talentoso e um tradutor super bem escolhido. Adorei várias coisas que vc citou, as possibilidades de aprendizado (e naquela linha que ambos navegamos, do eterno retorno no caminho da evolução), gostei especialmente da mudança pontual da linguagem de acordo com a época. Posso dizer que não sei se leria, porque teria que enfrentar temas que não me animam tanto em um calhamaço, mas algumas partes certamente são o que eu adoro ler.
    Que bom ler todo o cuidado que vc teve em tentar trazer esse conteúdo gigante para uma forma compreensível, convidativa e muito, muito divertida. Bj

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    1. A propósito, o que vem a ser o título? :-)

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    2. querida Manuh, taí uma pergunta que continuo me fazendo: o que vem a ser "atlas de nuvens"? tenho inúmeras teorias inventadas, coisas bem poéticas, tais como: um universo que não podemos abarcar por nos ser invisível a olho nu, ou fronteiras sempre em movimento, assim como nossa alma em constante aprendizado, mutação. mas não cheguei a um lugar confortável com estas explanações pessoais. dentro da narrativa o doce personagem Robert Frobisher escreve uma sinfonia "sexteto atlas de nuvens". obra escrita para 6 instrumentos sobrepostos, assim como a narrativa do livro. legal isso né?
      há tanto a ser desnudado após a leitura que mergulhei em filosofia pra tentar entender. há uma passagem em que o demônio (velho georgie) diz que "os fracos são carne para os fortes comerem". fiquei com isso na cabeça, queria saber de onde veio isso, se há algum filósofo por trás, este pessimismo me lembrava Schopenhauer e até Nietzche, mas não cheguei à fonte.
      há todo um simbolismo que não consegui alcançar, isso aconteceu comigo em Matrix também, aliás fui correndo assistir ao filme "a viagem", que é como ficou conhecido por aqui a adaptação de "atlas de nuvens" e em minha opinião quem não leu o livro boiou no filme, porque é muito complexo.
      enfim é um livro pra quem curte questões metafísicas, como nós. acho que você gostaria deste livro, quem sabe um dia você também não o lê? bjos

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  10. Eita Rodolfo!
    Adoro suas resenhas detalhadas e carregadas da emoção sentida ao fazer a leitura.
    Além do livro nos tirar da zona de conforto, gostei muito por ter física quântica e sincronicidade, duas coisas que gosto de estudar.
    Sem contar que me parece que o autor foi bem feliz em ir passando de era e atualizando a modernidade, trazendo uma escrita curiosa e muito culta, quero ler com toda certeza.
    Desejo uma semana de muita luz e paz!
    “Para cultivar a sabedoria, é preciso força interior. Sem crescimento interno, é difícil conquistar a autoconfiança e a coragem necessárias. Sem elas, nossa vida se complica. O impossível torna-se possível com a força de vontade.” (Dalai Lama)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE AGOSTO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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    1. cara Rudyiiinha, há quem diga que sou prolixo demais, no fundo sou sim. mas é que este livro merecia algo mais detalhado senão seria difícil, como foi, destrinchar o enredo. este livro é a sua cara, trata de nossas muitas vidas, é um livro arrebatador. bjos

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  11. Não conhecia o livro,mas parece ser uma leitura bastante interessante e bem longa também.
    Uma premissa bem diferente do que estou acostumada a ler, mas acho que vale a tentativa e ainda achei bem legal fato de não trazer uma conclusão.

    Beiijinhos

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    1. cara Nicole, vale bastante a pena sim, nem que seja pra nos tirar da zona de conforto. a conclusão é nossa, nós fazemos nosso destino, sendo que ele está atrelado ao destino dos demais. é um livro ótimo de ser lido, vá por mim. bjos

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  12. Parece ser um livro muito bom e diferente, aborda muitos assuntos, essa parte lenta deve ser para melhor entendimento, pois parece que tem que ser lido com atenção. Deve deixar o leitor refletindo sobre vários assuntos, fiquei pensando no ser humano cruel por natureza e infelizmente acho que é sim e também na busca pelo poder que parece enraizado no ser humano.

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    1. cara Maria, sua suposição está mais que acertada, tanto quanto ao ritmo do livro, quanto aos vícios do ser humano. por isso este livro é tão gostoso de se ler, ele reflete um futuro que pode ser alterado. cabe-nos iniciar esta mudança. bjos.

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  13. Olá! Uau, parece ser um livro muito interessante, e também muito complexo, é tipo compre um e leve seis, fiquei bem curiosa para conferir esses enredos, que embora tenham histórias distintas, devem estar interligadas, o filme prefiro assistir após concluir a leitura do livro, para não perder nada da história.

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    1. cara Elizete, este livro é tudo de bom, inclusive na complexidade. e é bem isso mesmo... leve 6 pague 1, rsrsrs. você também é do meu time, leio primeiro, assisto ao filme depois pra ficar comparando e quase sempre reclamando do porquê de cada mudança ou supressão de personagem, rs. querida, leia também, você irá gostar.

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  14. Oi, tudo bom?
    O livro parece bem interessante, mas assumo que não fiquei empolgada para ler rsrsrs, como você gostei muito do titulo, e pelo visto é algo bem real né, por se tratar de nossos vícios e problemas, por conter verdades dolorosas como você mesmo disse, quem sabe futuramente eu venha a me interessar em ler o livro, e ver o filme né, que eu não sabia da sua existência.
    Beijos *-*

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    1. olá Camila, tudo sim.
      o livro é interessante demais, partindo do título, tudo é bem pensado, bem estruturado. o enredo é complexo, mas o prazer da leitura supera isso. bjos.

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  15. Olá!
    Nossa, que resenha viu.. muitas palavras que fiquei sem entender, mas o livro tem uma historia maravilhosa, realmente me encantou. O livro tem uma essência incrivé, gostei bastante e com certeza ira para minha lista de leitura.

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    1. cara Lily, ficarei imensamente feliz se puder esclarecer algum ponto duvidoso (desde que não lhe tire o prazer da leitura). a trama é muito bem construída, adorei. espero que leia também! bjos.

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  16. Oi Rodolfo,
    Conseguir entrelaçar histórias e fazer com que elas tenham um sentido não é fácil, isso exige maior dedicação do autor e, consequentemente, do leitor. Houve um capricho e cuidado do David Mitchel na narrativa e em como ele iria contar esta história. O livro é, sem dúvidas uma grande obra, digna de recomendação para quem quer se aventurar em tramas mais complexas. Pessoalmente achei tudo muito confuso, então acredito que a compreensão real da história virá com a leitura, algo que ainda não tenho certeza se farei.

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    1. cara Gislaine, gosto quando o autor não mastiga a história sabe, não nos trata como crianças de 4 anos de idade. quando a leitura requer um pouco mais de discernimento ela sobe um pouco o sarrafo, ela nos alça junto. realmente, tentei me aventurar a resenhar este livro que não é coisa fácil, então não se deixe levar por ela, leia também e depois me diga o que achou.

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  17. Oi, Rodolfo!
    O livro parece ser bem interessante, primeiro por ser dividi em seis partes bem diferentes em si, mas que acabam se entrelaçando!! Se fiquei interessada na estória?!! Sem dúvida!!
    Beijoss

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    1. cara Marta, o livro é sensacional, um pouco lento no início e sem dúvida complexo, mas prazeroso ao extremo. se ficou interessada então já já estará lendo também. me conta o que achou. bjos

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  18. Confesso que achei até a resenha complexa, posso até me ver começando a ler, mas provavelmente abandonaria. Admiro quem consegue ir até o fim, porque eu acho é bem confuso em alguns momentos.

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    1. cara Maria Luiza, é um risco calculado, sou ansioso e vivo em busca de emoções diferentes, por isso sempre recorro a autores novos e leituras um pouco mais complexas, pra sair da zona de conforto mesmo. com o tempo a gente percebe que muitos autores (geralmente com carreiras consolidadas) preferem se repetir em fórmulas que são boas para o mercado, que se tornarão best-sellers. já não me importo tanto com isso, claro que tenho meus autores preferidos, mas sigo em busca de algo novo, algo que faça o coração palpitar. bjos

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  19. Oi Rodolfo, eu acho suas resenhas tão completas <3 Eu não conhecia o livro, mas verdades dolorosas são necessárias às vezes e acho realmente que o ser humano não presta, cada vez menos sem esperança, confesso.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Mi, queridaaaa! este livro demonstra sim o muito do pouco que pensamos sobre o ser humano. sabemos que estamos aqui de passagem e cada erro requer aprendizado até que um dia possamos não errar mais, aí é que está a riqueza da vida. bjosssssssssss

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