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21.2.20

[Bookserie] Engenharia Reversa: Parte LI - O Alvorecer


Engenharia Reversa

Parte LI - O Alvorecer

Víridia golpeia o abdome cromado. A lâmina vibrante queima o metal e dilacera camadas de circuitos integrados, que brotam para o chão como vísceras. Surpreendida, a general Soraya retrocede, flexionando as pernas dianteiras e focando seus olhos cibernéticos na lâmina intrépida.

- Que maldita arma é essa?

- É a que vai mandá-la para o inferno!

Víridia avança, desferindo golpes certeiros contra as o imenso corpo aracnídeo de Soraya, que quase perde o equilíbrio, mas consegue se manter de pé usando as pernas traseiras.

Ao redor das duas, a população enfurecida ataca o exército brasiliano. Disparos de lasers verdes e granadas sônicas cortam os céus. Acuados, os robôs se reagrupam, aguardando por uma ordem que demora a chegar.

"General, não esperávamos por essa resistência. O que faremos? ".

Em milésimos de segundos, ainda se esquivando dos golpes desferidos por Víridia, Soraya processa a situação e logo calcula as alternativas, escolhendo a com maiores chances de sucesso:

"Teremos que achar outro jeito de operar as minas. O Marechal vai entender. Força letal autorizada. Eliminem todos que não se renderem".

A general esquiva-se do último ataque e, aproveitando-se que a inimiga está recuperando as forças, energiza seus vários olhos, que emitem uma forte luz amarelada, então ela dispara um raio de energia concentrada, que atinge o corpo de Víridia fazendo-o brilhar incandescente por alguns segundos. A espadachim tomba com a armadura rachando e soltando fumaça, sua espada á lançada para longe

Por um breve momento, o povo ainda acredita que pode vencer, mas quando as forças robóticas iniciam o contra-ataque, a esperança é esmagada por uma tempestade de explosões. Os invasores cercam os civis, de modo que a única rota de fuga é correr para o centro da cidade. Alguns poucos ainda disparam contra o inimigo, mas são rapidamente abatidos por robôs caçadores. Após alguns instantes, quando toda a resistência está em caos, a infantaria brasiliana abre fogo disparando milhares de micro-mísseis. Os pequenos projéteis cortam o ar em velocidade supersônica e atingem seus alvos com precisão, é impossível fugir.

Aterrorizada, a população tenta chegar aos prédios mais próximos, contudo, a artilharia brasiliana certifica-se de que não restarão abrigos, e lança uma chuva de morteiros sobre a cidade. Centenas de torres de vidro verde são destruídas.

Em meio as explosões e desabamentos, Víridia recupera os sentidos. Ela se apoia nos cotovelos, sente os ossos latejarem, cospe sangue no interior do capacete. Sua armadura está destruída, seu corpo repleto de fraturas. Ela tira o elmo e olha ao redor: cadáveres por todos os lados, escombros em chamas, hordas robóticas caçando os sobreviventes. Desesperada, ela procura em vão pela espada. Subitamente o chão treme, e uma sombra aterradora a envolve; Víridia levanta o rosto, cruzando olhares com a imensa aranha robótica:

- Patético. Vocês ainda poderiam sobreviver, mas escolheram virar alvos para o meu exército.

A conselheira arfa, cerra os punhos e luta conta a dor.

- Prefiro morrer lutando por Delta do que passar o resto da vida como escrava.

- Uma decisão idiota, mas tudo bem. Vou realizar seu desejo.

Soraya ergue um braço, e dele brota uma imensa lâmina cromada. Ele gira a lâmina e a aponta para Víridia, a poucos metros de sua cabeça. Sorrateiramente, um raio vermelho corta o ar e atinge em cheio o braço da general, fazendo a lâmina retrair. Desnorteada, ela se vira para o lado de onde veio o disparo. Ao longe, sobre um monte de escombros, Soraya vê um rapaz segurando um rifle de precisão.

Então sente algo sendo cravado em suas costas. Gira o corpo violentamente, sua visão fica embaçada por alguns segundos, seus sistemas entram em alerta. Outro golpe, dessa vez cortando-lhe uma perna. Ao localizar a origem do novo ataque, a aranha estanca.

- Você!

Amanda salta para longe, ativa sua arma de raios e dispara incessante. Por sua vez, Soraya usa os braços como um escudo, conseguindo proteger a cabeça.

- Davi, atire nas pernas, nas pernas!

O rapaz obedece, disparando certeiro. O tiro atravessa uma junta da aracnoide, fazendo-a desabar.

Amanda checa sua arma, constatando que está sem munição. Rapidamente, ela avalia a situação, computando todas as variáveis, então, com o flexionar de todos os músculos, se lança em uma corrida desesperada na direção da inimiga. Amanda cerra os punhos, mirando no pescoço da general. Contudo, quando está a poucos metros de aplicar o golpe fatal, ela estanca ao ver o abdome da aranha se abrir, e de dentro dele, surge um corpo cibernético de formas humanoides.

A nova representação da general é construída em aço vermelho, possui mais de dois metros de altura, e uma constituição feminina que esbanja agilidade. Em milésimos de segundos, ela se lança contra Amanda e a intercepta, agarrando-a pelo pescoço. Davi atira novamente, contudo, suas rajadas são detidas por um escudo de energia que se materializa em pleno ar, ao redor da general.

- Merda! - grita o jovem biohacker.

Com apenas um braço, Soraya ergue Amanda.

- Eu deveria ter te matado quando tive a chance, mas já que você sobreviveu, então vou me divertir bastante antes acabar com a sua raça.

- Ainda... ainda não acabou.

Soraya flexiona os dedos, comprimindo ainda mais o pescoço de Amanda.

- Para você e seus amigos, acabou sim. Só me resta decidir como vou matá-los.

Ao longe, Davi observa a agonia de Amanda, e dispara novamente, várias vezes, mas o escudo de energia continua lá. Sorrateiramente, um grupo de robôs da infantaria aproxima-se.

Amanda sente a queda de oxigênio. Suas artérias e interfaces digitais estão perdendo integridade. Com dificuldade, ela move a cabeça, olhando para Davi. Tenta lutar, chutando em vão o novo corpo da general.

- Resistir é inútil. E como pode ver, seu amigo está perdido. Mas ainda podemos brincar.

Com sua mão livre, Soraya agarra o ombro esquerdo da prisioneira, então, com um único movimento, arranca-lhe o braço e o atira longe.

Amanda sente uma dor descomunal, mas se mantém firme, encarando fixamente sua algoz como se pudesse matá-la com os olhos.

- Veja só, você ainda tem sangue aí dentro? Está tentando dar uma de durona, não é? Mas vamos ver como você vai reagir quando meus homens estriparem seu amiguinho...

Abruptamente, a general estanca. Ela solta o pescoço de Amanda, deixando cair de joelhos.

"O quê? O que é isso?! Não! Não é possível!"

Mensagens de erro surgem em todo o campo de visão. Soraya constata, estarrecida, que não tem mais o controle sobre seus sistemas cibernéticos. Desesperada, ela acessa o log, e descobre que um arquivo de atualização foi baixado a uma hora atrás. Embora ele tenha sido autenticado pela Matriz Quântica, o arquivo contém um backdoor, que permitiu a entrada de um vírus hostil em seu sistema.

Assustada, Soraya acessa o banco de dados central do exército, e descobre que todos os soldados receberam o mesmo arquivo. Ela tenta rodar um programa de segurança, mas rapidamente perde o acesso ao banco de dados. Então, uma voz familiar ecoa em seu cérbero positrônico:

"Olá!".

"Yagami! Como?! Não pode ser! Eu a vi explodir em Vila Dourada!".

"Correção: você viu meu corpo explodir. E falando nisso, devo dizer que gostei bastante dessa sua nova forma, bem mais estilosa que o outra."

"Bel, o que você quer? Eu posso servi-la! Posso levá-la até o capitão Daniel!".

"Eu tenho o controle da Matriz Quântica, e quem a controla, controla o Exército Brasiliano."

"Então o que pretende fazer?"

"Vou dar um fim no seu amado Marechal. Agora, adeus. O mundo será um lugar muito melhor sem você."

"Yagami, por favor, não... espere!"

Os prédios em chamas começam a desparecer do campo de visão da general. Um branco crescente surge em suas telas óticas. Em segundos, Soraya está completamente cega. A alma humana aprisionada na máquina estremece, preenchida por um pânico sem fim até perder completamente a consciência. Em instantes, não existe mais nada.

Amanda observa o robô vermelho completamente parado diante dela. Então escuta os passos apressados de Davi, correndo em sua direção.

- Eles simplesmente desistiram! Veja, por toda a cidade! - grita o biohacker.

Em meio ao som crepitante do fogo consumindo os restos das estruturas, os poucos sobreviventes saem de seus esconderijos. Muitos correm para socorrer Víridia, enquanto outros vão até Amanda, que está amparada por Davi.

- O que aconteceu, mulher-máquina? - pergunta um soldado com o rosto calejado.

- Eu realmente não sei, acho que podemos dizer que foi... sorte?

- Os antigos deuses, será que eles existem?

Enquanto eles caminham em meio um mar de cadáveres, luzes se acendem nos olhos dos soldados robóticos, e repentinamente, todos eles são reativados, causando novo pânico nas pessoas. Mas dessa vez os invasores não atacam, se reagrupam e marcham para a Praça da Conquista, aos pés dos portões de Delta.

Os sobreviventes correm para fugir, porém os soldados cromados os ignoram. Eles adentram a praça e param ao redor do corpo aracnoide avariado; estancam novamente por alguns minutos. Desconfiadas, as pessoas começam a se aproximar, e muitos dizem que é o momento ideal para destruir de vez os invasores.

Então, repentinamente, todo o Exército Brasiliano começa a falar com uma única voz sincronizada:

- Povo de Delta, não temam. Eu sou Bel Yagami. Eu sou uma bio-computador e tive meu corpo físico destruído por esse mesmo exército que agora controlo. Peço desculpas por não ter sido rápida o suficiente para salvar sua cidade, mas lhes asseguro que, a partir de agora, toda essa força ficará aqui, sob o controle de vocês, para ajudá-los a construir um novo futuro. Um futuro onde não precisarão mais se esconder atrás de um escudo, um futuro de paz, prosperidade e tolerância. Eu lhes prometo que Delta florescerá, e junto com ela virá um novo alvorecer, mas não apenas para vocês; para todos aqueles que sofrem nesse maldito planeta.

O robô vermelho vira-se para os portões, e seguido por um pequeno grupo, avança em disparada para fora da cidade. Milhares de soldados do exército brasiliano aproximam-se dos feridos, retirando-os de baixo dos escombros e prestando os primeiros socorros. Unidades de saúde entram na cidade, e as grandes fábricas de unidades são convertidas em hospitais. Incrédula, a população não confia de imediato, porém, pouco a pouco muitos começam a ceder.

Davi ajuda Amanda a entrar em uma unidade de saúde. Ele está tenso, com uma expressão assustada no rosto.

- O que foi? Você deveria estar mais calmo, o pior já passou.

- Eu sei, mas...Não acredito que aquela era a Bel, não acredito que ela invadiu um exército inteiro! Isso é absurdo, não é do feitio dela. A executiva que eu conheci jamais faria algo assim.

Amanda esboça um sorriso.

- Pode apostar que era ela, certamente. E foi justamente por temer algo assim que a VNR tentou neutralizá-la. Talvez, Davi, sua antiga namorada tenha finalmente encontrado uma razão para viver. E eu acho isso ótimo.

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11 comentários em "[Bookserie] Engenharia Reversa: Parte LI - O Alvorecer"

  1. Será que era ela?
    #Ansiosa para descobrir

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  2. Mais um capítulo sensacional! 👏🏻👏🏻👏🏻
    A ação é bem empolgante.
    Aguardando o próximo capítulo.

    Abraços

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  3. Confesso que agora estou com um certo receio em estar tão otimista em relação aos próximos acontecimentos!

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  4. Olá! Que bom que esse mês tivemos dois capítulos, a história está cada vez mais intensa e cheia de ação, e agora temos uma bela reviravolta hein.

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  5. Olá!
    Fiquei bem surpresa em ver dois capítulos seguidos em um mês. Já estou bem ansiosa para o próximo.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  6. Adoro ler esses capítulos, fico sempre na espera deles. Que reviravolta, já estou ansiosa para ler o próximo capitulo!!

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  7. Oi, André!!
    Mas um capitulo maravilhoso dessa história incrível!! E que bom que teve dois capítulos esse mês de fevereiro.
    Bjs

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  8. Olá, André
    Os capítulos esse mês vieram em dose dupla, adorei!
    Muitas emoções, espero que Soraya nunca mais apareça. Que ninguém recupere ela.
    Beijos

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  9. Dois capitulos esse mes? Me senti muito mimada com essa surpresa. Esperando por mais cenas de ação

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  10. Oi, André
    É claro que esse capítulo me deixou ansiosa.
    E foi bem de tirar o fôlego!
    Gostei muito da criação do capítulo, com emoções.
    bjs
    elvisgatao.blogspot.com.br

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